Os buracos negros são possivelmente os elementos mais obscuros do
universo. Graças à enorme gravidade da curvatura espacial, tudo o que
vai para dentro deles é imediatamente partido e perdido. Os cientistas
nunca viram um buraco negro porque nada, nem mesmo a luz, pode escapar
dele.
Bem, na verdade, quase nada pode escapar…
Os estudantes que estão começando mecânica quântica aprendem que, no
mundo subatômico, nenhuma barreira é intransponível. Partículas
elementares – como fótons e elétrons – não são como bolas saltitantes
que, quando jogadas em uma parede, ricocheteiam. Elas são mais parecidas
com fantasmas.
Barreiras incentivam essas partículas fantasmagóricas a ficar dentro
de uma determinada área, mas ocasionalmente as partículas passam através
delas. Esse estranho comportamento é chamado de “efeito túnel”, e nem
mesmo os assustadores buracos negros são imunes a esse fenômeno.
De acordo com Andew Hamilton, astrofísico da Universidade do
Colorado, o horizonte de um buraco negro é de fato uma barreira
intransponível para os seres humanos ou qualquer outra coisa maior do
que um átomo. Mas, de vez em quando, uma partícula subatômica consegue
passar por ele.
Acredita-se que todos os buracos negros emitam um lampejo
incrivelmente fraco de material, chamado de “radiação Hawking”, efeito
descoberto pelo físico inglês Stephen Hawking, em 1970. A teoria diz que
a radiação faz com que os buracos negros percam massa.
Classicamente, se acredita que não há nenhuma maneira pela qual a
radiação escape de um buraco negro. Dentro do horizonte, o espaço está
caindo mais rápido do que a luz, por isso nada pode sair dele sem viajar
mais rápido do que a luz do outro lado. Mas, de acordo com a mecânica
quântica, existe alguma possibilidade de que algo possa sair do
tunelamento quântico.
Para que isso aconteça, devem existir condições muito especiais.
Assim como a mecânica quântica permite o tunelamento quântico, ela
também permite que as partículas aleatoriamente rebentem à existência.
Na realidade, as “flutuações quânticas” acontecem o tempo todo: pares de
partículas e antipartículas surgem espontaneamente do vácuo no espaço
(e geralmente aniquilam umas as outras imediatamente).
Para que uma partícula possa escapar de um buraco negro, uma
flutuação quântica deve ocorrer perto da borda do buraco negro. Quando
isso acontece, às vezes uma partícula será colocada para fora antes que o
aniquilamento aconteça. Seu parceiro imediatamente fica “espaguetizado”
pelo buraco negro – alongado, assim que ele mergulha para o centro.
Para que esta separação dramática ocorra, as partículas produzidas na
flutuação quântica devem ter comprimentos de onda muito longos. Por
mais estranho que possa parecer, a mecânica quântica diz que todas as
partículas também são ondas, e assim elas têm comprimentos de onda que
descrevem a distância entre seus picos sucessivos. Quanto mais
lentamente uma onda ou partícula se movimenta, maior seu comprimento de
onda.
Partículas que são produzidas por flutuações quânticas e que têm
comprimentos de onda que são comparáveis ao tamanho do buraco negro são
capazes de sair dele. Usando a analogia anterior, podemos dizer que
essas partículas são especialmente fantasmagóricas. Seus enormes
comprimentos de onda as tornam livres para vaguear pelos domínios que
ultrapassam o limite do buraco negro.
A radiação Hawking tem um comprimento de onda característico, que é
comparável ao tamanho do horizonte do buraco negro. No caso do buraco
negro que está no centro da nossa galáxia, a Via Láctea, as partículas
que saem dele têm comprimentos de onda com cerca de 14 vezes o raio do
nosso sol. Nos buracos negros supermassivos as partículas devem ter
comprimentos de onda longos como o tamanho de bilhões de sóis para
saírem dele.
Como você deve ter imaginado, não há muitas partículas que se
encaixam nos critérios necessários para escapar dos buracos negros.
Mesmo os buracos mais brilhantes (que são os menores, porque têm
menos gravidade e, portanto, permitem que mais partículas escapem) são
muito escuros. A radiação Hawking de um “pequeno” buraco negro do
tamanho de 30 sóis é apenas um bilhão de trilhão de trilionésimo tão
brilhante quanto uma lâmpada de 100 watts.
Esta radiação é completamente inundada pela luz de outros objetos
brilhantes no espaço, e por isso os cientistas ainda não conseguiram
detectar a radiação Hawking. No entanto, eles afirmam ter certeza de que
ela existe.
Fonte: http://hypescience.com/
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