Avanços tecnológicos nem sempre são construídos de algo já existente,
ou melhorados – muitas vezes eles são apenas esquecidos, destruídos ou
perdidos. O mesmo acontece com a tecnologia militar. Algumas armas
antigas estavam literalmente séculos à frente de seu tempo e acabaram no
lixo quando a sociedade decidiu que elas eram demais para sua época.
Confira:
1 – Mísseis chineses do século 14
Os chineses têm um talento especial para inventar coisas incríveis,
como o “corvo chinês voador com mágica de fogo”. Essa arma do século 14
inspirou-se em outra arma, os “pássaros de fogo”, que eram pássaros
reais equipados com pequenas bolsas de brasas ardentes em torno de seus
pescoços e liberados para cidades inimigas.
As brasas incandescentes caíam e pousavam em telhados, começando
incêndios maciços em construções. O problema com isso era que as aves
estavam vivas e voavam não só para as cidades inimigas, mas também para
as tendas e construções dos atacantes.
Os chineses tentaram contornar esse problema com dispositivos
chamados “corvos voadores”, que eram pássaros construídos com estrutura
de bambu e papel, contendo uma ogiva explosiva. Eles eram lançados
através de um foguete com alcance de mais de 300 metros. Quando algo se
chocava contra seu alvo, fosse um navio ou prédio, a ogiva detonava.
Embora esta seja uma “ótima” idéia, por que o disfarce de pássaro era
necessário?
Enfim, a explosão resultante poderia aparentemente ser vista a
quilômetros de distância. Uma versão menor, chamada de “bomba voo livre
como um trovão pra acabar com o inimigo” (impressionante) tinha
temporizadores internos, e quando lançada explodia a uma altura
pré-determinada, fazendo chover algo chamado de “veneno de tigre” (meu
Deus!).
Este tipo de bomba lançada não se tornou popular no mundo ocidental até o início dos anos 1900 – quase 600 anos depois.
2 – Fu Go: bombas de balão japonesas
Na Segunda Guerra Mundial, os japoneses queriam atacar o continente
americano, mas nenhum avião desse período podia voar através do Pacífico
inteiro, e o poder naval americano impedia qualquer porta-avião japonês
de chegar perto o suficiente.
Em resposta a este desafio, os japoneses desenvolveram o Fu Go, ou
“bombas de balão”, que eram basicamente balões não tripulados que
poderiam navegar pelo Pacífico inteiro antes de deixar cair suas cargas
através de um sistema incrivelmente simples de pesos e altímetros.
Os japoneses sabiam que apenas alguns dos balões chegariam a América,
mas se tivessem sorte, o balão derrubaria sua carga em uma cidade bem
povoada. Caso contrário, atingiria uma área rural e iniciaria um
incêndio florestal em massa, que com certeza ainda poderia ser
considerado uma vitória.
No final do outono de 1944, os japoneses liberaram 9.000 balões, dos
quais cerca de 1.000 conseguiram chegar aos Estados Unidos, alguns até
Detroit. Um chegou a ameaçar o projeto nuclear norte-americano quando
pousou em uma linha de alta tensão levando energia para um reator
nuclear.
Os americanos estavam perplexos quanto à origem dos balões, mas uma
investigação dos restos revelaram caracteres japoneses. Não querendo que
os japoneses soubessem que os balões estavam dando certo, os EUA
embarcaram em uma das campanhas de censura mais fortes da guerra e
encobriram as provas dos danos que os balões tinham causado (o que será
que eles fizeram? atribuíram todas as explosões a monstros atômicos?).
Devido ao apagão da mídia, agentes japoneses de monitoramento
aparentemente pensaram que os balões não deram certo e suspenderam o
programa em 1945, quando, na realidade, os balões foram considerados uma
ameaça séria. Os americanos também estavam preocupados com relatos de
uma possível arma biológica japonesa que seria perfeitamente adequada
para uso como uma carga para as bombas de balão.
Por causa do apagão da mídia, as bombas de balão foram esquecidas até
o meio do próximo século, em especiais feitos pelo canal The History
Channel. Quanto à capacidade de lançar ataques não tripulados a um
oceano de distância, os norte-americanos e soviéticos passaram os
próximos 15 anos e gastaram muitos bilhões de dólares desenvolvendo o
míssil balístico intercontinental (ICBM), uma arma muito mais precisa e
mortal, que não é nada festiva como uma enorme nuvem de balões de fogo.
3 – Torpedos antigos
Na história de batalhas navais do passado, havia poucos meios de
afundar um navio inimigo. Você poderia tentar sacudi-lo, esmagá-lo com
algum tipo de artilharia, atirá-lo contra um seus próprios navios, etc.
Todos estes meios significava ficar perigosamente perto de seu alvo e, consequentemente, correr o risco de afundar também.
Mais de 700 anos atrás, os muçulmanos viram a loucura nisso e desenvolveram torpedeiros que eram capazes de afundar um navio a uma distância segura.
Em algum momento entre 1270 e 1280, Hasan al-Rammah escreveu o “Livro
de Navegação Militar e de Dispositivos Engenhosos de Guerra”, no qual
descreve um torpedo impulsionado por um foguete que podia ser lançado
contra navios inimigos.
Utilizar “navios torpedos” não tripulados tinha sido parte da
estratégia naval por séculos, mas eles eram difíceis de mirar e exigiam
um navio a ser sacrificado. O “al-Rammah”, como o torpedo foi nomeado,
era uma maneira mais barata e eficiente de alcançar o mesmo objetivo.
Quando ativado, o torpedo era impulsionado através da água, e os
estabilizadores da cauda o direcionavam para o alvo. Uma lança na frente
empalava-o no casco de um navio inimigo, e então o torpedo explodia.
O torpedo, mesmo em uma forma primitiva, não seria inventado por mais
500 anos. Se você pensar bem, é meio surpreendente que a tecnologia
naval continuou a avançar aos trancos e barrancos ao longo dos séculos,
mas a tecnologia de uma “bomba amarrada em um pedaço de metal” demorou
tanto para decolar.
4 – Minas navais
Em torno dos séculos 14 e 15, os chineses já haviam dominado as minas
terrestres, mas estavam ficando cada vez mais irritados com navios
inimigos flutuando com segurança para cima e para baixo nos seus rios.
Assim, eles acrescentaram “minas navais” para seus arsenais.
Chamado “submarino dragão rei”, as minas navais eram submersas
envolvidas em um casco de ferro cheio de explosivos fechado com bexigas
de boi. Os explosivos ficavam secos, mas sem oxigênio, eles não podiam
explodir.
Para resolver este problema, os antigos chineses desenvolveram um
fusível estendido, que seria executado a partir da carga da mina,
através de um snorkel feito de intestino de cabra até uma boia na
superfície, disfarçada com penas de pato (você entendeu alguma coisa?
Isso prova que, acima de tudo, os antigos chineses queriam que suas
armas fossem absolutamente hilariantes).
Um manual de guerra chinês descreve um modelo no qual o fusível
cronometrado foi substituído por um dispositivo de ignição remoto.
Usando um cabo puxado a partir da costa, a mina era ativada por um
mecanismo de disparo que criava uma faísca na carga submersa e destruía
qualquer alvo próximo.
De alguma forma, a tecnologia foi esquecida pelo Ocidente, e não
houve outro uso registrado de minas marítimas até a Batalha de Barris em
1778, durante a Guerra Revolucionária, mais de 300 anos depois.
5 – Roupas que combatem fogo
Em torno dos séculos 12 e 13, as batalhas no Oriente Médio muitas
vezes envolviam o uso de explosivos químicos e líquidos inflamáveis.
Guerreiros primitivos eram especialmente vulneráveis a essas armas de
fogo, já que seres humanos não são tão eficazes em combater quando estão
em chamas.
Para mudar isso, muçulmanos desenvolveram roupas retardadoras de fogo
para a batalha. Os trajes à prova de fogo consistiam em uma túnica de
seda, um manto de algodão e uma camada superior de túnica que protegia
contra incêndios e explosões químicas.
Quão eficaz era essa proteção? Soldados muçulmanos colocavam pequenas
cargas de pólvora em suas roupas e as ateavam em fogo enquanto
combatiam os inimigos. Conforme as chamas queimavam a pólvora, as cargas
explodiam, efetivamente tornando os soldados em feras com jatos de fogo
enquanto eles ainda estavam protegidos por sua armadura à prova de
fogo.
Demorou mais de 600 anos, no século 19, para os bombeiros modernos redescobrirem a ideia de roupas retardadoras de fogo.
6 – Facas obsidianas
Por milhares de anos, os povos nativos da América do Norte e do Sul
usaram pedra para todas as suas necessidades de corte. Isto envolveu
fabricar facas de obsidiana, que estão entre as lâminas mais afiadas
conhecidas.
Os astecas usavam estas lâminas super-afiadas nas pontas de suas
espadas maquahuitl, que eram essencialmente grandes “pás” de madeira com
lâminas de obsidiana presas nas pontas. Supostamente, estas espadas
podiam cortar a cabeça de um cavalo com um só golpe.
Quando os comerciantes europeus começaram a fazer contato com os
nativos, as facas de obsidiana caíram em desuso, assim como o
conhecimento de como fazê-las.
Não foi até 500 anos depois, no meio do século 20, que um antropólogo
chamado Don Crabtree redescobriu a tecnologia de fazer a faca que
estava quase perdida no tempo.
7 – Fogo grego
No ano 678, os árabes tinham o porto da cidade de Constantinopla
sitiado pelo quinto ano consecutivo. Para combater esta ameaça anual, a
marinha bizantina introduziu lança-chamas gigantes hoje conhecidas como
“fogo grego”, e incineraram a frota árabe que se preparava para atacar a
cidade. Os árabes não tentaram a façanha novamente até 717, quando
receberam o mesmo tratamento.
A arma secreta bizantina era tão secreta que eles
compartimentalizaram cada parte do sistema de armas do fogo grego, e
apenas a família real e os descendentes da pessoa que inventou a arma
sabiam como tudo funcionava. Durante 500 anos, o segredo foi guardado
com segurança na capital e passado de geração em geração.
Até hoje, ainda não sabemos como essa arma funcionava. Infelizmente, o
Império Bizantino era propenso a golpes – 29 dos 88 imperadores foram
assassinados em levantes violentos. Em algum ponto durante uma dessas
revoltas, o segredo do fogo grego foi perdido, porque os novos
imperadores tinham a tendência de matar toda a família real e as
famílias de qualquer assessores mais próximos. A última utilização
registrada do fogo grego foi na batalha naval contra os pisanos, em
1099.
Fonte: http://hypescience.com/
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