O universo nasceu há cerca de 13,7 bilhões de anos. Cerca de 400 mil
anos depois da explosão, as condições do cosmo permitiram que houvesse
luz no espaço pela primeira vez. Logo após esse ponto, no entanto, os
astrônomos não têm evidências do que aconteceu até o momento em que as
galáxias realmente começaram a se formar. É a chamada “Idade das Trevas”
do universo.
Em busca de respostas mais claras sobre esse período obscuro,
cientistas da Universidade Harvard (Cambridge, Massachussets, EUA)
dedicaram um estudo sobre o tema. O que mais causa dúvidas nos
cientistas está relacionado ao tempo de cada processo universal, e quais
os mecanismos físicos envolvidos.
Estimativas consolidadas até hoje afirmam que a luz demorou muito
tempo para poder brilhar no espaço. Logo após o Big Bang, a temperatura
dos compostos era alta a ponto de formar íons de carga negativa, que
bloqueavam a passagem da luz. Apenas quando o universo esfriou o
suficiente para que os íons livres se combinassem em átomos houve luz.
Mas a existência de raios luminosos não formava um universo complexo
como o atual, com incontáveis galáxias. Se o Big Bang aconteceu há 13,7
bilhões de anos, e a luz demorou apenas 400 mil para surgir, porque as
primeiras galáxias (conforme estimativas) só se formariam 100 milhões de
anos depois? O que aconteceu nesse período que foi batizado de “Idade
das Trevas”?
O segredo para descobrir mais, segundo os astrônomos de Harvard, é
inverter o “caminho” das descobertas. A Idade das Trevas está entre a
fase “iluminada” após o Big Bang e o surgimento das primeiras galáxias, e
a maioria dos estudos concentra os esforços em saber o que aconteceu
logo após o “antes” da Idade das Trevas. Os pesquisadores americanos
preferiram investigar as origens do “depois”, ou seja, a gênese das
primeiras galáxias.
Haverá, até 2020, um aparelho exclusivamente dedicado a essa tarefa. É
o telescópio espacial James Webb, que vem sendo planejado desde 1996. A
função desse telescópio será rastrear luz (ou os rastros da ausência
dela) das estrelas mais antigas do universo, que foram extintas na
primeira fase pós Idade das Trevas.
Segundo os cientistas, esse rastreamento de luz é a chave para
entender a pré-história de nossas galáxias. Os buracos negros mais
antigos, além da presença da misteriosa matéria escura (composta de
partículas sem carga que não interagem com a luz, mas atuam de maneira
gravitacional), que compõe 85% da massa do universo, podem dar pistas
indiretas sobre a formação das primeiras galáxias.
O mapeamento desses primórdios de luz servirá para combinar os
conhecimentos já existentes sobre buraco negro e matéria escura. Com
essa medida, os astrônomos pretendem traçar uma linha cronológica da
Idade das Trevas, construída no caminho inverso: dos tempos mais
recentes para os mais antigos.
Fonte: http://hypescience.com/
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