Equações matemáticas não são apenas úteis – também podem ter uma
beleza própria. Muitos cientistas admitem ter preferência por uma ou
outra fórmula não só por causa da função, mas pela sua forma, e as
verdades simples e poéticas que contém.
Algumas equações, como E=mc² de Einstein, roubam as luzes dos
holofotes, mas existem equações menos famosas que têm mais apelo entre
cientistas. O LiveScience perguntou a físicos, astrônomos e matemáticos
quais suas equações favoritas, e o resultado pode ser conferido a
seguir:
11. Equação da Relatividade
A equação acima foi formulada por Albert Einstein como parte da
revolucionária Teoria Geral da Relatividade, em 1915. A teoria mudou a
forma como os cientistas entendem a gravidade, ao descrever a força como
sendo uma deformação no tecido do espaço-tempo.
O astrofísico Mario Livio, do Space Telescope Science Institute, que
escolheu esta equação como sua favorita, aponta que toda a genialidade
de Einstein está nela.
“O lado direito da equação descreve o conteúdo de energia do nosso
universo, incluindo a energia escura que descreve a aceleração cósmica, e
o lado esquerdo descreve a geometria do espaço-tempo. A igualdade
reflete o fato que na relatividade geral de Einstein, a massa e energia
determinam a geometria, e concomitantemente a curvatura, que é uma
manifestação do que chamamos gravidade”, diz Livio.
Kyle Cranmer, físico da Universidade Nova Iorque (EUA), acrescenta
que a equação revela a relação entre espaço-tempo, matéria e energia.
“Esta equação diz como tudo está relacionado – como a presença do sol
deforma o espaço-tempo de forma que a Terra se mova em torno do mesmo em
uma órbita, etc. Também diz como o universo evoluiu desde o Big Bang e
prediz que devem haver buracos negros nele”.
10. O modelo padrão
Uma das teorias dominantes da física, o modelo padrão descreve a
coleção de partículas fundamentais que se acredita fazerem nosso
universo.
A teoria pode ser resumida em uma equação chamado modelo padrão
lagrangiano (em homenagem a Joseph Louis Lagrange, um matemático e
astrônomo francês do século 18), que foi escolhida pelo físico teórico
Lance Dixon no Laboratório Acelerador Nacional SLAC na Califórnia (EUA)
como sua equação favorita.
“Ela tem descrito com sucesso todas as partículas elementares e
forças que temos observados no laboratório até hoje – exceto a
gravidade, e isto inclui, é claro, o bóson de Higgs recentemente
descoberto, que é o phi na fórmula. Ela é consistente com a mecânica
quântica e a relatividade especial”, disse Dixon.
A teoria do modelo padrão ainda não foi unificada com a relatividade geral, e esta é a razão dela não descrever a gravidade.
9. O Cálculo
As equações anteriores descrevem aspectos particulares do universo,
mas esta pode ser aplicada a todas as situações. Trata-se do teorema
fundamental do cálculo, é o fundamento do método matemático conhecido
como cálculo, e une duas ideias: o conceito de integral e o conceito de
derivada.
“Em termos simples, ela diz que a mudança geral de uma quantidade
contínua, como a distância percorrida, sobre um determinado intervalo, é
igual à integral da taxa de mudança daquela quantidade, ou seja, a
integral da velocidade”, aponta Melkana Brakalova-Trevithick, chefe do
departamento de matemática da Universidade Fordham (EUA), que escolheu
esta equação como sua favorita. “O teorema fundamental do cálculo
permite que a gente determine a alteração geral sobre um intervalo
baseado na taxa de mudança sobre o intervalo inteiro”, diz.
As sementes do cálculo vêm de tempos antigos, mas a maior parte dele
foi apresentado no século 17 por Isaac Newton e Gottfried Wilhelm
Leibniz (independentemente). Newton usou o cálculo para descrever o
movimento dos planetas em torno do sol e Leibniz criou o cálculo para
descobrir a área de gráficos de funções (por exemplo, calcular a área
delimitada pela linha representada pela função seno e o eixo das
abscissas, ou “x”).
8. Teorema de Pitágoras
O velho e conhecido teorema de Pitágoras, que todo estudante aprende,
aponta que, para qualquer triângulo retângulo, o quadrado do
comprimento da hipotenusa (o lado maior) é igual à soma dos quadrados do
comprimento dos outros dois lados.
“O primeiro fato matemático que me maravilhou foi o teorema de
Pitágoras”, disse a matemática Daina Taimina, da Universidade Cornell
(EUA). “Eu era uma criança e me parecia tão incrível que ele funcionava
na geometria e funcionava com números!”.
7. Equação de Euler
Esta equação simples captura um fato puro sobre a natureza das
esferas. “Ela diz que, se você cortar a superfície de uma esfera em
faces, arestas e vértices, e chamar de F o número de faces, E o número
de arestas, e V o número de vértices, você sempre vai ter V -E + F = 2″,
diz Colin Adams, um matemático no Williams College, em Massachusetts
(EUA).
“Por exemplo, pegue um tetraedro, consistindo de quatro triângulos,
seis arestas e quatro vértices”, explica Adams, “se você soprar com
força dentro de um tetraedro com faces flexíveis, você vai curvá-lo em
uma esfera, ou seja, de certa forma, uma esfera pode ser cortada em
quatro faces, seis arestas, e quatro vértices. E podemos ver que V – E +
F = 2. O mesmo vale para uma pirâmide com cinco faces, quatro
triangulares e uma quadrada – oito arestas e cinco vértices -, e muitas
outras combinações de faces, arestas e vértices”.
6. Relatividade Especial
Einstein de novo aparece na nossa lista, desta vez com a fórmula da
relatividade especial, que descreve como o tempo e o espaço não são
conceitos absolutos, mas relativos, dependendo da velocidade do
observador. A equação acima mostra como o tempo dilata, ou contrai,
conforme uma pessoa se move mais rápido em qualquer direção.
“O ponto é que ela é realmente muito simples”, diz Bill Murray, um
físico de partículas no laboratório CERN, em Genebra. “Não tem nada aí
que um estudante não consiga fazer, não tem derivadas complexas, nem
álgebra linear. Mas o que ela incorpora é uma forma totalmente nova de
ver o mundo, uma atitude em relação à realidade e nosso relacionamento
com ela. Subitamente, o cosmos rígido e imutável é varrido para longe e
substituído por um mundo pessoal, relacionado com o que você observa.
Você se move de uma posição de fora do universo, olhando para baixo,
para ser um dos componentes dentro dele. Mas os conceitos e a matemática
podem ser compreendidos por qualquer um que queira”, explica.
Murray disse que preferia as equações da relatividade especial às
equações mais complicadas da outra teoria de Einstein. “Eu nunca
consegui seguir a matemática da relatividade geral”, conta.
5. 1 = 0,9999999….
Esta equação simples, que declara que a quantidade 0,999, seguida por
uma sequência infinita de noves, é igual a um, é a equação favorita do
matemático Steven Strogatz, da Universidade Cornell.
“Eu adoro como ela é simples – todo mundo entende o que ela diz – e
como é provocativa”, diz Strogatz. “Muitas pessoas não acreditam que
isto possa ser verdadeiro. É também lindamente equilibrada. O lado
esquerdo representa o início da matemática, o lado direito representa os
mistérios do infinito”, comenta.
4. Equações Euler-Lagrange e teorema de Noether
Cranmer, da Universidade Nova Iorque, aponta que estas são equações
bastante abstratas, mas extremamente poderosas. “O legal é que esta
maneira de pensar sobre física tem sobrevivido a grandes revoluções da
área, como a mecânica quântica, a relatividade, etc”.
Nesta equação, o L vem de “lagrangiana”, que é uma medida de energia
em um sistema físico, como molas, alavancas ou partículas fundamentais.
“Resolver esta equação te diz como o sistema vai evoluir com o tempo”,
diz Cranmer.
Uma derivação da equação lagrangiana é chamada de teorema de Noether,
em homenagem à matemática alemã do século 20, Emmy Noether. Segundo
Cranmer, o teorema é fundamental para a física e mostra a importância da
simetria. “Informalmente, o teorema diz que se o seu sistema tem uma
simetria, então há uma lei de conservação correspondente. Por exemplo, a
ideia que as leis fundamentais da física são todas as mesmas hoje e
amanhã (simetria temporal) implica que a energia é conservada. A ideia
que as leis da física são as mesmas aqui e no espaço exterior implicam
que o momento é conservado. A simetria é talvez o conceito motriz da
física fundamental, principalmente devido à contribuição de Noether”,
conclui.
3. Equação Callan-Symanzik
“A equação de Callan-Symanzik é uma equação vital dos primeiros
princípios a partir de 1970, essencial para descrever como expectativas
ingênuas falham em um mundo quântico”, explica o físico teórico Matt
Strassler, da Universidade Rutgers (EUA).
É uma equação com numerosas aplicações, entre elas permitir aos
físicos estimar a massa e o tamanho do próton e do nêutron, que fazem
parte do núcleo dos átomos.
A físcia básica diz que a força gravitacional e a força elétrica
entre dois objetos é proporcional ao inverso do quadrado da distância
entre eles. Em um nível básico, o mesmo é verdadeiro para a força
nuclear forte, que mantém unidos prótons e nêutrons no núcleo atômico, e
mantém os quarks juntos para formar prótons e nêutrons. Entretanto,
minúsculas flutuações quânticas podem alterar a dependência que a força
tem da distância, o que tem consequências dramáticas com a força nuclear
forte.
“Ela impede que esta força diminua em grandes distâncias, e faz com
que ela prenda quarks e combine-os para formar prótons e nêutrons no
nosso mundo”, aponta Strassler. “O que a equação Callan-Symanzik faz é
relacionar este efeito dramático e difícil de calcular, importante
quando a distância é próxima do tamanho de um próton, para efeitos mais
sutis mas fáceis de calcular, que podem ser medidos quando a distância é
muito menor que um próton”.
2. Equação da superfície mínima
A equação da superfície mínima codifica as belas bolhas de sabão que
formam em estruturas de arame quando você as mergulha em água com sabão,
aponta o matemático Frank Morgan, do Williams College. “O fato que a
equação é ‘não linear’, envolvendo potências e produtos de derivadas, é a
dica codificada de forma matemática para o comportamento surpreendente
das películas de sabão. Contraste esta equação com equações diferenciais
parciais lineares mais familiares, como a equação do calor, a equação
da onda, e a equação de Shrödinger para a física quântica”.
1. A reta de Euler
Glen Whitney, fundador do Museu da Matemática em Nova Iorque,
escolheu outro teorema geométrico, um que tem a ver com a linha de
Euler, que recebeu este nome em homenagem ao matemático e físico suíço
do século 18, Leonhard Euler.
“Comece com qualquer triângulo, desenhe o menor círculo que contenha o
triângulo e encontre seu centro. Encontre o centro de massa do
triângulo – o ponto onde o triângulo, se fosse cortado em uma folha de
papel, se equilibraria sobre a ponta de um alfinete. Desenhe as três
alturas do triângulo (as linhas que partem de cada canto,
perpendiculares ao lado oposto), e encontre o ponto em que elas se
encontram. O teorema afirma que todos os três pontos que você encontrou
sempre estão sobre uma única linha reta, chamada de ‘reta de Euler‘ do triângulo”, explica Whitney.
Segundo Whitney, o teorema esconde a beleza e o poder da matemática,
que geralmente revela padrões surpreendentes em formas familiares e
simples.
Fonte: http://www.livescience.com/
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