Viajar no tempo sempre foi um exercício de imaginação, ao qual a
humanidade tem se dedicado bastante, principalmente a partir do século
19, com autores de ficção científica como H. G. Wells e os criadores da
trilogia “De Volta Para o Futuro”.
Mas a ideia de viajar para o passado começou a tomar uma forma mais
séria com o desenvolvimento da Teoria da Relatividade e as geometrias
usadas para descrever o espaço-tempo. As equações que permitem deduzir a
curvatura de um dado universo a partir de sua forma e outras
propriedades permitem uma miríade de universos hipotéticos, com as mais
diversas propriedades, inclusive universos em que a viagem no tempo
seria possível.
Em 1949, Kurt Gödel fez a primeira abordagem conhecida, e a mais
simples, de um universo em que existe um caminho fechado no espaço que
faz um caminho fechado no tempo também, chamado de Curva Tipo Tempo
Fechada (CTC, “closed time-like curve”).
As CTCs não são máquinas do tempo que podem te levar a uma data
qualquer no passado. Entretanto, se você for seguindo uma destas curvas,
você vai viajar para o futuro e então retornar ao ponto inicial, tanto
no tempo quanto no espaço, onde a CTC começou. É quase como virar à
esquerda e encontrar você mesmo na última semana.
E como os universos de Gödel se relacionam com o nosso? Se a gente
imagina o espaço-tempo do nosso universo como um enorme lençol elástico
que se curva em torno de objetos massivos, o universo de Gödel consiste
em um cilindro feito de poeira homogênea, e de largura infinita,
girante. E, enquanto o nosso universo está em expansão, o de Gödel é
estático.
Uma equipe liderada pelo físico Wolfgang Schieich, na Universidade de
Ulm, Alemanha, construiu um modelo usando computação gráfica para
visualizar como seria um destes estranhos universos de Gödel.
O modelo usado foi o traçado de raios: uma linha liga cada ponto de
uma câmera virtual aos objetos 3D no espaço, e assim são desenhados os
objetos.
Só que, em um universo de Gödel, a linha, que representa os raios de
luz, forma espirais, tornando possível ver, por exemplo, os dois lados
de um planeta – o lado que está de frente para o observador, e o outro
lado. Também dá para ver o planeta em todos os momentos de sua órbita,
ao mesmo tempo.
Em outro teste, uma coluna com bolas é movida no universo de Gödel, e
o que o observador vê é uma série de círculos concêntricos, vendo todas
as bolas e toda a superfície delas ao mesmo tempo. Observar o planeta
em órbita é ver muitas imagens do mesmo planeta, chegando em diferentes
momentos.
Não é exatamente como a série “De Volta para o Futuro”, mas apresenta
uma visão única das teorias de Einstein – uma que as equações não
conseguem fornecer. Além disso, pode ser uma ferramenta para entender o
que acontece no nosso universo, e o que vemos nos telescópios.
Além disso, o universo de Gödel deve ser uma ferramenta para obter alguns insights sobre a causalidade, já que no universo de Gödel, ela falha.
Veja no vídeo(http://bcove.me/j3qy8kll) a simulação do bizarro universo de Gödel, onde andar
para a frente é caminhar no tempo também, e quando você olha, você vê
presente, passado e futuro, o tempo todo.
Fonte: http://www.newscientist.com/
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