quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ouro é visto no espaço após colisão de estrelas de nêutrons

Imagens capturadas pelo Telescópio Espacial Hubble sugerem que ouro pode ter sido gerado por uma violenta colisão de estrelas de nêutrons, que também produziu chumbo, platina, urânio e outros elementos pesados.

Estrelas de nêutrons são mais densas que o núcleo de um átomo e possuem poucas dezenas de quilômetros de diâmetro. Essas estrelas são o resultado de uma supernova – estrela 10 ou mais vezes maior que o sol que entrou em colapso e explodiu. Qualquer átomo que se aproxime delas é imediatamente despedaçado e suas partículas são reorganizadas sob a forma de nêutrons, processo que libera uma quantidade considerável de energia.

O fenômeno estelar foi detectado em 3 de junho, quando o satélite Swift da NASA observou uma explosão de raios gama a 3,9 bilhões de anos-luz de distância. Os astrofísicos acreditam que uma colisão entre duas estrelas de nêutrons foi a responsável por lançar o flash de energia de 0,2 segundo.

Imagens do próprio Telescópio Espacial Hubble, registradas nove dias depois, apresentaram evidências de elementos pesados correspondentes a 1% da massa do sol e incluindo quantidades significativas de ouro, conta Edo Berger, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica em Cambridge, Massachusetts, EUA. Segundo ele, dada a quantidade de ouro e o fato de que essas colisões provavelmente acontecem uma vez a cada 10 mil ou 100 mil anos em qualquer galáxia, tais fenômenos poderiam ser responsáveis por todo o ouro do universo.

A ideia de que colisões envolvendo estrelas de nêutrons criam elementos pesados foi sugerida em 1970 por James Lattimer, agora na Universidade de Stony Brook, em Nova York, EUA, e seus colegas. Naquela época, havia poucas observações de estrelas de nêutrons e os computadores eram lentos. Por consequência, os cálculos eram bastante brutos. “E eu não tenho certeza se as pessoas acreditavam muito no nosso modelo”, diz Lattimer.

Entretanto, a maioria dos astrofísicos ponderava que os elementos mais pesados que o ferro – aqueles que não se formam via fusão dentro de uma estrela – resultavam de estrelas massivas em colapso com supernovas. Simulações de computador, porém, ainda não conseguiram provar que isso é possível. Embora Lattimer considere “reconfortante” que as descobertas se encaixem com a teoria da estrela de nêutrons, ele observa que os resultados “ainda são ainda bastante especulativos”.

As imagens do Hubble mostram um brilho de luz infravermelha que a equipe de Berger alega ser característica da radiação emitida pelo decaimento radioativo de elementos pesados. No entanto, de acordo com Lattimer, a equipe não pode descartar a hipótese de que a luz tenha sido produzida pela própria explosão de raios gama.

De acordo com o astrofísico Neil Gehrels, do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA, em Greenbelt, Maryland, EUA, as próximas missões tentarão tornar mais fácil a tarefa de encontrar rajadas de raios gama e poderão confirmar se elas são mesmo provocadas por estrelas de nêutrons.

Novos telescópios que monitoram espaços maiores do céu darão mais informações para que os cientistas consigam distinguir entre o brilho de uma explosão de raios gama e o clarão proveniente de elementos pesados. Encontrar sinais de elementos pesados, que requerem uma grande quantidade de nêutrons, em associação com rajadas curtas de raios gama, é a melhor evidência de que a colisão de estrelas de nêutrons produz de fato esses elementos.

Fonte: http://www.sciencenews.org/

9 comportamentos humanos explicados pela ciência

Mesmo pessoas que se dizem extremamente “autênticas” não escapam de certas “amarras biológicas” em relação a seus comportamentos. A verdade é algumas coisas dependem menos de nós mesmos e mais de fatores que não podemos controlar (ainda), como genética. Confira:

9. Preferir loiras

Embora diversos fatores (especialmente culturais) possam fazer com que um homem se sinta mais atraído por ruivas ou morenas, por exemplo, existe uma certa preferência herdada dos nossos ancestrais: mulheres loiras geralmente têm a pele clara, o que “esconde” defeitos físicos com menos eficiência. Na busca por parceiras, ainda na época em que vivíamos em cavernas, era mais fácil avaliar previamente a saúde física de mulheres de pele clara.

8. Trair

Esse hábito que deveria ser menos comum tem, possivelmente, uma certa base genética: o RS3 334 (que ficou conhecido como “gene do divórcio”) prejudica a liberação do hormônio vasopressina, ligado à monogamia e à formação de vínculos. Pessoas em que esse gene têm uma expressão mais forte são mais propensas a ficar insatisfeitas em relacionamentos e a buscar relações fora dele.

7. Abraçar

Tirando a explicação social por trás dessa demonstração de afeto, podemos citar o lado biológico: o contato físico positivo provoca a liberação do hormônio ocitocina, ligado (entre outras coisas) à confiança e à formação de vínculos.

6. Não gostar de estranhos

Mais uma possível herança ancestral, do tempo em que manter amigos e conhecidos por perto e desconhecidos a uma distância segura era uma questão de sobrevivência.

5. Coçar

Nós nos coçamos, naturalmente, para aliviar a coceira, que por sua vez é um sinal de alerta da presença de substâncias potencialmente perigosas para o nosso corpo. Uma sensibilidade aparentemente exagerada, embora incomode, pode ser mais útil do que uma falta de sensibilidade na pele (afinal, é melhor lidar com alarmes falsos do que correr o risco de se machucar por causa de uma falta de alerta).

4. Discutir com você mesmo

Você provavelmente já fez acordos consigo mesmo, prometendo que trabalharia no dia seguinte para compensar um momento de preguiça ou que iria na academia para queimar as calorias do almoço de domingo. Curiosamente, em muitos casos a área do seu cérebro que é ativada quando você pensa em outra pessoa é a mesma ativada quando você pensa no seu “futuro eu”.

3. Rir

Como as regiões cerebrais responsáveis pelo riso também regulam a respiração e a fala, rir é uma função, de certa forma, primária. Acredita-se que o riso, desde tempos antigos, é entendido como uma demonstração de intenções amigáveis e uma forma de criar vínculos com outras pessoas.

2. Sentir cansaço à noite


A rotina que a maioria das pessoas segue, de levantar pela manhã e dormir à noite, tem relação com hormônios: a luz do sol desencadeia a liberação de hormônios que nos ajudam a ficar em estado de alerta; já a ausência de luz aumenta os níveis de hormônios (como a melatonina) que nos levam a buscar repouso.

1. Agredir

Pessoas com temperamento “explosivo” podem ter parte dele explicada por problemas na amígdala cerebelosa, uma estrutura responsável por impulsos agressivos. Normalmente, esses impulsos são controlados pelo córtex pré-frontal, que interpreta outras informações antes de tomar uma atitude. Se o impulso for muito forte, porém, a agressividade fala muito mais alto que a razão.

Bônus: Buscar material de pedofilia

Em 2002, foi relatado o caso de um homem casado, de 40 anos, que começou a sentir dores de cabeça excruciantes e forte desejo por pornografia, em especial por infantil. Ao examinar o homem, médicos descobriram que ele tinha um tumor no cérebro que pressionava seu córtex pré-frontal. Casos como esse mostram que, certas vezes, comportamentos doentios como a pedofilia podem ser, em parte, atribuídos a alterações em determinadas regiões cerebrais.

Fonte: http://listverse.com/

Pesquisadores conseguem “desligar” cromossomo extra responsável pela síndrome de Down

Pesquisadores descobriram uma maneira de silenciar um cromossomo extra conhecido por causar trissomia 21, ou síndrome de Down.

Cientistas da Universidade de Massachusetts (EUA) usaram um gene RNA para silenciar o cromossomo responsável pela condição, o que poderia abrir novas possibilidades para o estudo da doença.

Pessoas com síndrome de Down têm três cópias do cromossomo 21, em vez de duas. Isto leva a deficiência cognitiva e doença de Alzheimer de início precoce. Também pode causar outras complicações, tais como deficiências cardíacas.

A equipe usou um gene chamado XIST, que tipicamente silencia ou desliga um dos cromossomos X encontrados no sexo feminino, como inspiração para o estudo. O XIST é criado durante o desenvolvimento precoce de um dos dois cromossomos X na mulher, e tem a capacidade de impedir que o DNA do cromossomo X seja expresso para produzir proteínas. Isto torna os genes no cromossomo silenciosos.

Usando essa ideia, a equipe coletou células-tronco pluripotentes induzidas a partir de células de fibroblastos doadas por um paciente com síndrome de Down. Os investigadores usaram tecnologia da nuclease dedos de zinco para inserir o XIST no cromossomo 21 extra.

Os resultados mostraram que ele conseguiu silenciar os genes do cromossomo extra com sucesso. Os níveis de expressão do gene retornaram a um estado mais normal. Também mostraram que XIST é capaz de reverter os problemas com proliferação celular e diferenciação de células neurais encontrados em células de pessoas com síndrome de Down.

Depois de inserir o XIST no cromossomo extra, as culturas de células individuais tratadas com a técnica revelaram um crescimento mais forte, mais rápido. A equipe espera que esta descoberta um dia ajude a cortar o aparecimento de demência precoce em cerca de 60% dos pacientes com a síndrome.

A curto prazo, a correção de células com síndrome de Down acelera o estudo da patologia celular. A longo prazo, os pesquisadores visam o desenvolvimento potencial de terapias de cromossomos que utilizem estratégias epigenéticas para regulá-los.

A técnica já se mostrou promissora com outras doenças semelhantes, como síndrome de Edwards e síndrome de Patau. Não é, no entanto, uma cura milagrosa. “A longo alcance, sua possibilidade é incerta”, explica a principal autora do estudo, Jeanne B. Lawrence.

Antes de a comunidade médica começar a mexer com o código genético das pessoas, muito mais pesquisa tem que ser feita. O próximo passo são estudos com ratos, nos quais cientistas devem injetar o XIST em camundongos embrionários em estágio inicial.

Fontes:  http://www.dailytech.com
             http://gizmodo.com/

Americano acorda sem memória e falando sueco

Michael Boatwright, encontrado inconsciente num quarto de hotel em Palm Springs, no estado da Califórnia (EUA), acordou num hospital dessa mesma cidade falando apenas sueco. Notícias sobre o estranho caso de perda de memória de Michael tem tido grande repercussão nos Estados Unidos, Reino Unido e Suécia nos últimos dias. O veterano da Marinha de 61 anos não se reconhece em fotos e identificações, e não tem memória de quem foi um dia.

Ele foi diagnosticado como um caso de Amnésia Global Transitória, uma incapacidade de fazer novas memórias – espécie de apagão que pode levar as pessoas a vaguear longe de casa e criar novas identidades.

Embora detalhes sobre o caso específico de Boatwright ainda sejam bastante obscuros, confira um resumo do que se sabe sobre essa condição.

O que realmente é Amnésia?

Existem duas categorias principais de amnésias: aquelas causadas por trauma físico no cérebro, e as causadas por uma questão psicológica.

Amnésticos reais raramente esquecem os seus próprios nomes. A amnésia orgânica é causada por danos no cérebro, como convulsões, inflamação cerebral ou doenças como Alzheimer. Muito do que sabemos sobre a condição vem de um paciente famoso conhecido pelas iniciais HM, um dos objetos de pesquisa mais importantes nas ciências do cérebro. Ele foi submetido a uma cirurgia para tratamento de convulsões epilépticas graves na década de 1950, e devido à remoção de parte do lobo temporal medial do cérebro, exibiu profunda amnésia para o resto de sua vida. Ele não podia formar novas memórias, embora pudesse se lembrar de detalhes dos 27 anos de sua vida antes da cirurgia. Os casos de amnésia orgânica não costumam fazer as pessoas esquecem quem são, mas as deixam com dificuldade em armazenar memórias recentes. 

Uma Amnésia Psicogênica, por outro lado, ocorre sem dano estrutural para o cérebro. Ela pode ser causada por estresse mental ou emocional. Um estado de fuga indica ser uma forma de amnésia psicogênica.

Uma fuga do quê?

Um estado de fuga, por vezes referido como uma fuga dissociativa ou fuga psicogênica, é um transtorno dissociativo, ou seja, que provoca uma ruptura no funcionamento normal da memória, identidade, percepção, etc. É um ataque de amnésia temporária, geralmente com duração de alguns dias ou talvez semanas, que muitas vezes induz alguém a largar tudo o que está fazendo, se afastando de casa ou do trabalho. 

A pessoa, então, acorda em um lugar diferente, sem saber de quem é ou como chegou lá, como aconteceu com Boatwright. O aparecimento de um estado de fuga tem sido associado com formas intensas de estresse. Um exemplo é o caso de um estudante de medicina de 28 anos de idade, na Nigéria, que, confrontado com a extrema pressão econômica e acadêmica, desmaiou enquanto estudava sozinho em seu quarto numa noite e voltou a si na casa de seu irmão, a quase 400 quilômetros de distância.

Um estudo de 1999 em relatórios psicológicos descreveu o estado de fuga como “um dos menos comum e, certamente, o menos estudado transtorno dissociativo”. É uma doença bastante rara, afetando cerca de 0,2% da população, de acordo com a ISSTD (Sociedade Internacional para Estudo de Trauma e Dissociação). Por causa de sua relação com o estresse, os casos tendem a aumentar durante desastres naturais ou guerras.

Então, o que é amnésia global transitória?

Amnésia global transitória (TGA na sigla em inglês) – da qual Boatwright também foi diagnosticado com – é caracterizada por uma incapacidade temporária de fazer novas memórias sem qualquer outra disfunção neurológica nublando a consciência, percepção ou identidade. Os pacientes permanecem alertas, fazendo um monte de perguntas repetitivas sobre a sua situação como “O que estou fazendo aqui?”, logo em seguida esquecendo as respostas. Cerca de 5 em cada 100 mil pessoas são afetadas por TGA.

Depois de uma média de quatro a seis horas, a capacidade para recordar informações novas geralmente volta. Isso pode acontecer apenas uma vez na vida de uma pessoa, embora em casos raros, pode se repetir.

A causa precisa ainda é contestada, mas pode ser desencadeada por estresse e pressões físicas ou psicológicas, e geralmente afeta pessoas com mais de 60 anos, de acordo com um estudo de 2012 na revista The Lancet. “Um grande número de ataques de TGA seguem uma série de potenciais fatores precipitantes e atividades, tais como o exercícios físicos extenuantes, relações sexuais, banhos ou chuveiros com extremos de temperatura, estresse emocional, ou dirigindo um veículo, procedimentos médicos, etc”. Então, existem muitas causas potenciais.

OK, mas como é que explicam o sueco?

Boatwright mudou para a Suécia em 1980 e aprendeu a falar sueco, de acordo com o Aftonbladet, um jornal sueco que pegou a história.

“Amnésia não costuma causar uma perda da linguagem”, diz Gordon, embora os danos cerebrais possam levar a dificuldades de linguagem. Da mesma forma, um estudo de 2012 conduzido pelo “Journal of the American Medical Association Neurology” em três pacientes com amnésia global transitória descobriu que não poderia haver potencialmente uma relação entre a TGA recorrente e a afasia progressiva primária, uma degeneração da linguagem e capacidade de fala. Os pacientes estudados precisaram se esforçar para encontrar as palavras certas e nomear objetos corretamente. No entanto, alguns relatórios descrevem pacientes que, como Boatwright, ainda podiam falar bem, só não sua língua nativa.

Notoriamente, há o caso de Anna O., uma jovem austríaca cujo tratamento levou ao surgimento da “terapia da conversa” no século 19. Após a morte de seu pai, ela sofreu uma série de problemas psiquiátricos que a levaram, entre outras coisas, a uma incapacidade de falar sua língua nativa. Ela falava inglês e ainda pode ler em francês e italiano, mas perdeu o comando sobre sua primeira língua, o alemão.

Mais recentemente, um estudo de 2004 em neuropsicologia detalhou o caso de um homem alemão de 33 anos que foi internado em um hospital psiquiátrico alegando nenhuma memória de sua identidade ou localização. FF, pseudônimo, falava inglês com sotaque e dizia não ter capacidade de entender ou sequer falar sua língua nativa. Ele havia desaparecido de sua casa na Alemanha, quatro meses antes.

Menos de uma semana depois que ele recebeu alta do hospital, voltou para a Alemanha, e seu pai informou que ele podia se comunicar em alemão, embora fosse “um pouco não fluente”. O estudo observou que, mesmo alegando nenhum conhecimento de alemão, o paciente teve habilidade para reter o conhecimento implícito de fatos autobiográficos e da estrutura associativa ou semântica da língua alemã.

Os autores observaram dificuldade em avaliar o quanto do idioma ele realmente perdeu.

É muitas vezes difícil distinguir entre uma amnésia que poderia ser “real” de uma fingida, assim como muitas vezes é impossível ter certeza se uma amnésia é orgânica ou psicogênica. Pode até ser o caso de uma amnésia dissociativa aparente ter aspectos reais e inventados. Ter certeza absoluta de qualquer diagnóstico de amnésia dissociativa ou estado de fuga é, na maioria dos casos, extremamente problemático.

Fonte: http://www.popsci.com/science/

Vírus recém-descobertos podem redefinir a vida como a conhecemos

Cientistas descobriram dois vírus que desafiam a classificação da vida. Maior e geneticamente mais complexos do que qualquer gênero viral conhecido pela ciência, os chamados “pandoravírus” podem reacender um debate de longa data sobre a classificação do que é considerado vida. Esse nome foi dado devido às surpresas que os seres podem ter reservado aos biólogos, em referência à figura mítica grega que abriu uma caixa e liberou o mal no mundo.

Houve um tempo em que os cientistas consideravam os vírus seres muito pequenos e simples. Até que sugiu o “mimivírus”, descoberto em 1992. À época, se tratava, de longe, do maior e mais complexo vírus já encontrado pelos cientistas. 

Com 600 nanômetros de diâmetro (dimensão comparável em tamanho a algumas bactérias) e com um genoma de cerca de mil genes, o mimivírus em muitos aspectos possuía maior semelhança com uma bactéria parasita do que com um vírus. Em comparação, o HIV mede apenas 120 nanômetros de diâmetro e contém um total de apenas nove genes. O nome “mimivírus” vem da abreviatura em inglês de “vírus imitando (mimicking) micróbio”.

Uma vasta lista de outros vírus de grande porte têm sido descobertos desde então – o mamavírus, por exemplo, e o apropriadamente chamado megavírus. Nesta quinta-feira (18), no entanto, pesquisadores da Universidade de Aix-Marselha, liderados pelos biólogos Jean-Michel Claverie e Chantal Abergel (que ajudou a revelar o mimivírus) anunciaram uma descoberta ainda mais surpreendente. 

Trata-se do pandoravírus, recolhido na lama de águas costeiras de Melbourne, na Austrália, e da região central do Chile, que é duas vezes maior do que qualquer outro vírus conhecido pela ciência. Cada um deles possui cerca de 2.500 genes, 2.300 dos quais inteiramente novos para a biologia. Pandoravírus, em outras palavras, não são apenas enormes, também são inconfundivelmente diferentes de qualquer vírus conhecido na terra – incluindo outros vírus gigantes.

O fato de esses pandoravírus serem tão geneticamente únicos (sem contar que eles foram coletados em continentes completamente diferentes) sugere que os gêneros virais gigantes podem ser mais comuns do que se acreditava anteriormente. Além disso, os vírus recém-descobertos ainda levantam questões interessantes sobre as fronteiras entre as células vivas e os vírus inanimados.

A equipe também realizou vários experimentos para confirmar se os pandoravírus eram realmente vírus. Usando microscópios de luz e eletrônicos, os cientistas acompanharam um ciclo de replicação completa dos seres recém-descobertos. Eles identificaram, com isso, os três critérios fundamentais para classificá-los como vírus.

Eis uma brincadeira divertida para se jogar na próxima vez que você encontrar seus primos biólogos. Primeiro, aguarde uma pausa na conversa. Em seguida, mexa-se despretensiosamente em sua cadeira e casualmente pergunte se os vírus são seres vivos. Muito bem! Você acaba de alimentar as chamas do debate que os profissionais da área têm travado por cerca de um século. Sente-se e desfrute. De preferência, com um pouco de pipoca. 

O recém-descoberto pandoravírus pode aumentar esse debate. “Primeiro vistos como veneno, depois como formas de vida e então como produtos químicos biológicos, os vírus hoje estão em uma área cinzenta entre os seres vivos e não vivos”, escreve o biólogo molecular Luis Villarreal em artigo para a revista Scientific American. “Eles não podem se reproduzir por conta própria, mas podem fazê-lo em células verdadeiramente vivas e também podem afetar o comportamento de seus hospedeiros profundamente”.

A ambiguidade decorre, em grande parte, de natureza paradoxal do vírus. Por um lado, eles possuem muitas características que nós associamos com a vida, como a presença de DNA e RNA e a capacidade de evoluir. Eles também são capazes de tomarem para si a estrutura celular de seus hospedeiros, que eles exploram para se reproduzir, se espalhar e infectar, às vezes, com eficiência letal. 

É uma façanha impressionante e assustadora, especialmente para algo que não tem a capacidade de produzir suas próprias proteínas. Além disso, eles são seres bastante pequenos, fisicamente, pensavam os cientistas, e seus genomas são minúsculos. Eles não têm parede celular e nem sequer passam por processos metabólicos.

São razões como essas que fizeram a participação dos vírus ser negada na grande árvore da vida. Dez anos atrás, no entanto, a descoberta acidental do mimivírus forçou muitos cientistas a reconsiderar a qualificação do que é vida. Os pandoravírus, com seu tamanho desmedido e composição genômica sem precedentes, dão ainda mais razões para que os cientistas repensem essa classificação.

“Uma vez que mais de 93% dos genes dos pandoravírus não remetem a nenhum ser conhecido”, escrevem os pesquisadores na última edição da revista Science, “a sua origem não pode ser rastreada a qualquer linhagem celular conhecida”. No entanto, eles ponderam, o seu DNA polimerase se assemelha ao de outros vírus gigantes, sugerindo a existência de um controverso quarto domínio da vida”. 

Ou seja, eles podem “inaugurar” um ramo até então desconhecido da vida, que é diferente dos aceitos três domínios: Eubacteria (que compreende as bactérias), Archaea (que inclui os procariontes que não se encaixam na classificação anterior), e Eukaria (que inclui todos os eucariontes, os seres vivos com um núcleo celular organizado como nós, os animais e as plantas).

Fonte: http://io9.com/

6 mudanças do mais novo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

A mais nova publicação das diretrizes diagnósticas para a psiquiatria, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, na sigla em inglês), foi divulgada em maio.

O manual, que é concebido e publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, enumera os critérios para o diagnóstico de várias doenças psiquiátricas. Recomendações de tratamento, bem como pagamentos por prestadores de saúde, podem ser baseados no DSM.

As definições precisas sobre distúrbios de saúde mental são alvo de grande debate. A inclusão ou remoção de transtornos no manual podem afetar muitas pessoas.

Sendo assim, várias das modificações da nova edição são controversas. Saiba quais são as principais mudanças:

6. Autismo

Existe agora apenas um diagnóstico, chamado de transtornos do espectro do autismo, que engloba o que antes eram consideradas quatro doenças diferentes: autismo, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância (ou síndrome de Heller) e transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.

De acordo com alguns especialistas, as alterações na definição de autismo resultarão em taxas menores de diagnóstico da doença. O grupo que atualizou o DSM-5 estima que a redução será de cerca de 10%, mas outros grupos de pesquisa acham que esse número pode ser maior.

Os defensores das mudanças dizem que os novos critérios são mais precisos, e diminuem o número de crianças falsamente diagnosticadas. Já os críticos expressam preocupações de que algumas crianças podem não receber serviços especiais que precisam nas escolas. Outra palavra de cautela vem de pesquisadores que dizem que pode ser prematuro combinar Asperger e autismo em um só grupo, porque ainda não está claro se as duas doenças resultam dos mesmos fatores biológicos.

As pessoas que já foram diagnosticadas com uma das quatro doenças não estão em perigo de perder o seu diagnóstico; no entanto, elas vão agora ser consideradas como tendo um transtorno do espectro do autismo.

5. Vício em jogos de azar

Uma condição de saúde recém-adicionada à categoria de abuso de substâncias e transtornos de dependência é o “distúrbio do vício de jogo”. De acordo com a Associação, esta mudança “reflete a crescente e consistente evidência de que alguns comportamentos, tais como jogos de azar, ativam o sistema de recompensa do cérebro com efeitos semelhantes aos do abuso de drogas e sintomas que se assemelham a transtornos de uso de substância, em certa medida”.

Dois outros transtornos de uso de substâncias novos no DSM-5 é “abstinência de cannabis” e “abstinência de cafeína”. Este último já tinha sido incluído na edição anterior do DSM, mas em uma seção designada para condições que estão apenas sendo consideradas para diagnóstico oficial, porque os investigadores acreditam que precisam ser melhor estudadas.

4. Luto

Na edição anterior do DSM, se uma pessoa apresentasse uma série de sintomas de depressão, mas tivesse sofrido a perda de um ente querido nos últimos dois meses, ela não seria diagnosticada com depressão.

De acordo com o novo diagnóstico para o transtorno de depressão maior, tristeza e luto não são critérios de exclusão, o que significa que uma pessoa que preenche os critérios para transtorno de depressão pode ser diagnosticada com a doença, mesmo que esteja sofrendo pela morte de alguém.

Os críticos dizem que isso significa que uma pessoa em luto pode ser erroneamente diagnosticada com depressão. Mas os defensores dizem que estudos têm demonstrado que essa dor pode desencadear transtorno de depressão em indivíduos vulneráveis, e provavelmente não é diferente de outros fatores de estresse que podem iniciar a doença.

Uma nota detalhada está incluída no manual para ajudar os médicos a fazer “a distinção fundamental entre os sintomas característicos de luto e os de um episódio depressivo maior”.

3. Déficit de atenção com hiperatividade

A definição de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH, na sigla em inglês) foi modificada para enfatizar que esse transtorno pode continuar na vida adulta.

As mudanças tornam mais fácil para os adultos serem diagnosticados com TDAH, agora que a sua idade não é mais barreira. Especialistas contra a medida temem que muitos adultos passem a ser medicados para a condição.

No entanto, outros critérios para o diagnóstico se tornaram mais rigorosos. Agora, vários sintomas precisam ocorrem em mais de um contexto, por exemplo, no trabalho e em casa, para que um diagnóstico de TDAH seja feito.

2. Distúrbio da desregulação perturbadora do humor

Distúrbio da desregulação perturbadora do humor é agora uma nova doença com diagnóstico no DSM-5. Pode aplicar-se a crianças entre 6 e 18 anos de idade que apresentam irritabilidade persistente e episódios frequentes de explosões comportamentais extremas, três ou mais vezes por semana, durante pelo menos um ano.

Os críticos dizem que “birra” é um comportamento normal na infância, e o novo diagnóstico transforma isso em um transtorno mental – o que poderia levar crianças a tomar medicamentos que não vão ajudá-las.

Os especialistas a favor do diagnóstico, no entanto, dizem que a condição recém-definida ajudará com o problema do excesso de diagnóstico de transtorno bipolar em crianças. O número de crianças diagnosticadas com transtorno bipolar tem aumentado significativamente nos últimos anos, e elas são muitas vezes tratadas com medicamentos que podem ter efeitos nocivos.

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, há uma grande diferença entre crianças temperamentais e aquelas com deficiências graves que exigem atenção clínica. As explosões de temperamento tem que ser grosseiramente fora de proporção em relação à situação e tem que ocorrer em mais do que apenas um contexto, por exemplo, tanto em casa como na escola, para que uma criança seja diagnosticada com o transtorno de humor.

1. Transtorno de compulsão alimentar

Transtorno de compulsão alimentar, listado no DSM anterior na seção de condições propostas para futuros estudos, tornou-se uma condição oficial no novo manual.

Ela é definida como episódios em que as pessoas comem incontrolavelmente grandes quantidades de alimento num curto período de tempo, e é associada com desconforto e sintomas que ocorrem uma vez por semana durante três meses, no mínimo. Tais critérios diferenciam o transtorno de compulsão alimentar do simples “comer demais” que pode acontecer ocasionalmente.

Transtorno disfórico pré-menstrual e transtorno da acumulação compulsiva são duas outras doenças que estavam na seção para estudos futuros, mas que eram diagnosticadas em pacientes de qualquer maneira. Agora, os dois transtornos têm rótulos oficiais.

Fonte: http://www.livescience.com/

O mistério do aspirador de pó gigante no fim do universo conhecido

Não importa o quão longe você vá no universo, você deve se sentir em casa, porque ele é praticamente o mesmo em todos os locais possíveis. Devido a isso, os cientistas acreditam que as leis da física não mudam e que o que encontramos em nossa vizinhança galáctica também podemos encontrar bilhões de anos-luz de distância. Esta teoria homogênea é chamada de princípio de Copérnico, e é um axioma sobre o qual grande parte do nosso conhecimento científico sobre o universo é construído. 

Só que essa teoria pode estar errada.

Nos últimos anos, ao analisar a luz de galáxias distantes, pesquisadores foram capazes de dizer a velocidade relativa e a direção em que esses objetos se moviam. O estranho é que, ao invés de seguir seu caminho como a maioria das coisas no universo, alguns desses aglomerados galácticos distantes pareciam estar presos em uma espécie de corrente, acelerando a velocidades inimagináveis (cerca de 3,22 milhões de quilômetros por hora) ao longo de um trecho específico. 

Cientistas chamaram esse fenômeno de “fluxo escuro”, porque não sabiam o que o estava causando.

Fluxo escuro (“dark flow”, no original em inglês) é um termo que descreve um possível componente astrofísico não aleatório de uma velocidade peculiar de aglomerados de galáxias. A medida da velocidade é a soma da velocidade prevista pela lei de Hubble com uma possível e inexplicável velocidade “escura” que flui numa direção comum. Os dados mais recentes do satélite Planck não mostram nenhuma evidência de “fluxo escuro”.
 
Para a gravidade estar agindo sobre esses grupos da maneira que parece estar, teria que ter algo maciço no final do caminho. Por maciço, queremos dizer algo potencialmente muito maior do que qualquer coisa que já observada no universo conhecido, algo grande o suficiente para “sugar” aglomerados galácticos como poeira sugada por um aspirador de pó.

Mas se há algo lá fora tão grande assim, por que não podemos observá-lo? A resposta é que tal estrutura se encontra fora dos limites do universo observável, que tem um raio de cerca de 45,7 bilhões de anos-luz. 

Isso significa que, dos quase 14 bilhões de anos que o universo existe, a luz do outro lado do universo conhecido não teve tempo suficiente de alcançar nossos telescópios.

Então, o que poderia ser? Existem diversas hipóteses. Uma atribui o fenômeno a algum tipo de matéria exótica ainda não conceituada que afeta a física de formas estranhas. Alguns até sugeriram que um universo vizinho poderia estar causando o “puxão” que suga os aglomerados.

No entanto, o que quer que seja, não se encaixa com a ideia de uniformidade universal. Se existem estruturas supermassivas desconhecidas em outras partes do universo, porque não há nenhuma perto de nós? 

De qualquer maneira, devemos ser gratos de que não há, porque com uma atração tão forte como a que foi detectada, nossa vizinhança galáctica provavelmente se tornaria espaguete celeste e seria sugada para o esquecimento.

Fonte: http://www.environmentalgraffiti.com/space/

O misterioso povo Pirarrã e o idioma mais estranho do mundo

Eles não sabem contar, não diferenciam cores, não conhecem arte ou mitos, não entendem ficção, não acreditam em nenhum deus. Vivem no agora, sem futuro, sem passado. Esses são os pirarrãs: 150 a 350 índios que vivem na selva amazônica e desafiam nosso entendimento da linguística moderna.

Os pirarrãs ou piraãs, também chamados de pirahãs ou mura-pirahãs, são um povo indígena brasileiro de caçadores-coletores, monolíngues e semi-nômades, que se destacam de outras tribos pela diferença cultural e linguística.

Eles habitam as margens do rio Maici, afluente do rio Marmelos ou Maici, que por sua vez é um afluente do rio Madeira, um afluente do rio Amazonas. Se autodenominam hiaitsiihi, categoria de seres humanos ou corpos que se diferenciam dos brancos e dos outros índios. 

Antes mesmo de nascer, ainda no ventre materno, os pirarrãs recebem um primeiro nome, que eles acreditam ser responsável pela criação de seus corpos. Durante a vida, recebem nomes de seres que habitam camadas superiores e inferiores do cosmos, responsáveis pela criação de suas almas e destinos, e também de inimigos de guerra.

Linguagem

A língua pirarrã é um língua da família linguística mura. É a única língua do grupo mura ainda não extinta, sendo que todas as demais desapareceram nos últimos séculos. Essa língua não tem nenhuma relação com qualquer outra língua existente. Havia cerca de trezentos e cinquenta falantes em 2004, distribuídos em oito aldeias ao longo do rio Maici.

Apresenta características peculiares, não encontradas em outras formas de expressão oral. Foi identificada e teve sua gramática elaborada em 1986 pelo linguista estadunidense Daniel Everett em cerca de doze artigos. Everett viveu entre os Pirarrã por sete anos, dos anos 1970 aos 1980.

Entre suas peculiaridades, destacam-se:
  • Uma das menores quantidades de fonemas entre os idiomas existentes. Identificam-se os sons de apenas três vogais (A, I e O) e seis consoantes: G, H, S, T, P e B;
  • A pronúncia de muitos fonemas depende do sexo de quem fala;
  • Apresenta dois ou três tons, quantidade discutida entre estudiosos;
  • O falar pirarrã pode ser expresso por música, assobios ou zumbidos (como “M” com lábios fechados);
  • Apenas alguns dos homens, nunca mulheres, conseguem se expressar em nheengatu ou em português;
  • Sentenças muito limitadas, sendo o único idioma sem orações subordinadas;
  • Não tem numerais, apenas a noção do unitário (significando também “pequeno”) e de muito. Sua cultura e seu modo de vida, como caçadores e coletores, não exige conhecimento de numerais (um trabalho recente de Everett indica que a língua não trata nem mesmo de “um” e “dois”; não usam números, mas quantidades relativas);
  • Não há palavras para definir cores, exceto “claro” e “escuro”, embora isso seja discutido entre diversos autores;
  • Tudo é falado no presente, não há o tempo futuro, nem o passado. Trata-se de um povo, portanto, sem mitos da criação;
  • Não tem termos que identifiquem parentesco, descendência. A palavra para Pai e Mãe é uma única;
  • Os pronomes pessoais parecem ter-se originado na língua nheengatu, uma língua franca de origem tupi.

Daniel Everett: sete anos entre os Pirarrãs

Entre as coisas que separam os homens dos outros animais, estão as sutilezas da linguagem. Os animais até são capazes de transmitir mensagens simples – em geral relacionadas a comida, sexo ou disputa de território –, porém não conseguem encaixar uma mensagem dentro de outra. 

Por exemplo, um golfinho treinado pode transmitir a mensagem “A bola está na piscina” ou “Pegue a bola”, mas não é capaz de juntar as duas expressões dizendo “pegue a bola que está na piscina”. Esse é um atributo exclusivamente humano que os linguistas chamam de recursividade – que, salvo casos de deficiência mental, é considerado um denominador comum a todos os indivíduos da nossa espécie. 

O que aconteceria se um grupo humano não dominasse isso? Essas pessoas seriam menos humanas que outras?

O pesquisador americano Daniel Everett chegou à tribo na década de 1970 como um missionário cristão com a missão de converter os índios. Nunca conseguiu. Everett fazia parte de uma organização internacional que espalha a palavra de Deus por meio da tradução da Bíblia para línguas sem escrita. Mas foi a falta da tal recursividade que ele identificou nos indígenas que o pôs em conflito com seus colegas linguistas.

Ele diz que os índios não são recursivos pelo que chamou de “Princípio da Experiência Imediata”. O nome é mais complicado do que a coisa em si: os pirarrãs só vivem e falam do aqui-agora. Fazem apenas sentenças relacionadas ao momento em que estão falando, aos fatos vistos por eles. “As sentenças dos pirarrãs contêm somente situações vividas pelo falante ou testemunhadas por alguém vivo durante a vida do falante”, define Everett em um de seus artigos. Por isso eles têm problema com as abstrações e tudo o que resulta delas: cores, números, mitos, ficção e a bendita recursividade. Também é isso que faz com que os pirarrãs, ao contrário de todas as outras comunidades linguísticas já estudadas, não aprendam a contar em outro idioma. “Eles não querem saber de nada que esteja fora do seu mundo”, afirma Everett. 

Outros linguistas rebatem: “A contagem ‘1, 2, bastante’, por exemplo, é típica de vários outros indígenas”, afirma Maria Filomena Sândalo, linguista da UNICAMP (Campinas, Brasil) que fez sua dissertação de mestrado sobre a tribo. “Isso não quer dizer que eles não reconheçam quantidades. Eles simplesmente fazem recortes diferentes da realidade, como qualquer outra língua”. 

A professora argumenta que, enquanto esteve com os pirarrãs, encontrou uma linguagem tão complexa e recursiva como qualquer outra. Ela interessou-se pela questão pirarrã e, junto com dois outros pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e da Universidade Harvard (EUA), analisou os dados colhidos por Everett. Em 2007, o grupo publicou um artigo concluindo que a língua é normal. “Ela não é inexplicável ou especial. É tão interessante quanto uma língua de qualquer outro lugar do mundo. Não tem essa história de experiência imediata ou falta de recursividade”, diz a professora.

O linguista e filósofo estadunidense Avram Noam Chomsky, um dos maiores ícones dessa ciência, argumenta que os pirarrãs não são um “contra-exemplo” à gramática universal (termo usado no último século para a teoria do componente genético que habilita os humanos a se comunicar). Como os pirarrãs não são diferentes geneticamente do resto da humanidade, não há nada de extraordinário aí.

Cultura e crença

Os pirarrãs concebem o tempo como uma alternância entre duas estações bem marcadas, definidas pela quantidade de água que cada uma possui: piaiisi (época da seca) e piaisai (época da chuva). O modo de vida é simples, baseado em caça, coleta e pesca, sem traços de prática agrícola.

Outra questão curiosa dos Pirarrãs é a ausência de uma ideia criacionista, algo literalmente único entre povos de cultura primitiva. Eles não acreditam em nada que não possa ser provado, visto ou sentido. Logo, não possuem quaisquer deidades ou mitos de criação, e para eles o céu e a terra sempre existiram. No entanto, acreditam em espíritos menores na forma de coisas no ambiente, segundo experiência pessoal de alguns, e tem uma ideia de cosmologia baseada em camadas existenciais, sendo eles corpos em uma delas (hiaitsiihi).

Enquanto viveu entre eles, o missionário Daniel Everett tentou evangelizar a tribo. Segundo ele, os indígenas perderam o interesse em Jesus quando descobriram que Everett nunca o viu de fato. Seu constante contacto com este tipo de pensamento acabou o transformando. “Os pirarrãs me modificaram profundamente. Eu era um missionário que evangelizava e hoje sou ateu”, disse. 

Fonte: http://hypescience.com/

Remédio para emagrecer pode acabar com cirurgias de estômago

Cientistas estão desenvolvendo um remédio para emagrecer que possui o mesmo efeito da cirurgia de estômago para ajudar pacientes obesos a perder peso. Os pesquisadores criaram hormônios de efeito duradouro, que fazem com que os cérebros dos pacientes pensem que eles já comeram o suficiente. A abordagem imita o que acontece quando pacientes obesos mórbidos são submetidos a operações bariátricas para ajudá-los a se livrar da gordura extra.

Os cientistas da Faculdade Imperial de Londres, no Reino Unido, acabam de terminar os primeiros testes em pacientes com resultados positivos, e agora estão se preparando para iniciar experimentos maiores. Eles esperam que o uso da droga se torne uma alternativa mais segura para a cirurgia, que é cara e possui diversas restrições, só podendo ser realizada em uma pequena quantidade de pacientes.

Segundo o professor Steve Bloom, chefe da divisão de diabetes, endocrinologia e metabolismo da faculdade e pesquisador do estudo, a cirurgia de balão intragástrico (em que uma espécie de bexiga é colocada no estômago para “roubar” espaço da comida e fazer a pessoa perder a fome) funciona muito bem em pacientes. “Porém, há uma pandemia mundial de obesidade, que está levando as pessoas a morrer de doenças relacionadas. Nós não podemos realizar a cirurgia em metade da Europa, por exemplo”, diz.

Por isso, conta o professor, a equipe se perguntou se não haveria outra forma de utilizar o princípio da cirurgia, mas sem a necessidade da operação em si. “Se você tem um problema com intestino e não aguenta muita comida, o órgão envia sinais para o cérebro dizendo para que a pessoa não coma tanto. A cirurgia engana o estômago, que pensa haver um problema e envia essas mensagens de saciedade para o cérebro”, explica Bloom.

De acordo com dados de 2012, 48,5% da população brasileira está acima do peso e 15,8% dos brasileiros são obesos. Nos países desenvolvidos, esse percentual é ainda maior: nos Estados Unidos, por exemplo, a porcentagem de obesos já chega a alarmantes 35,8% da população, o que ocasiona diversos outros problemas de saúde, tais como doenças cardíacas, diabetes e aumento do risco de câncer.

No Brasil, o que assusta os especialistas é o grande crescimento do número de pessoas que recorrem à mesa de cirurgia para perder peso. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país é o segundo em número de cirurgias de redução de estômago no mundo todo, só perdendo para os EUA. São 72 mil cirurgias por ano, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o médico Almino Ramos. E esse número tem crescido 10% ao ano. De 2006 para cá, o crescimento foi de 275%.

Muitos pacientes que se submetem à operação sofrem complicações e precisam de uma nova cirurgia e também já houve um pequeno número de mortes registradas após essas intervenções.

Inicialmente, pensava-se que a cirurgia bariátrica funcionava ao reduzir a quantidade de alimento que pode ser digerida pelo estômago. No entanto, foi descoberto, em pacientes operados, níveis elevados de hormônios da saciedade, os sinais químicos liberados pelo organismo para controlar a digestão e a sensação de fome no cérebro.

Os pacientes que se submeteram a cirurgia também apresentam menos vontade de consumir alimentos gordurosos, por isso acredita-se que os hormônios mudam o desejo dos pacientes para comer.

O objetivo de Steve Bloom e sua equipe é descobrir quanto peso é possível ser perdido usando três desses hormônios. Em seus experimentos, pacientes obesos usarão uma bomba intravenosa, mantida em torno de sua cintura, para liberar doses pequenas e regulares dos hormônios GLP-1, OXM e PYY no organismo. Esses hormônios normalmente duram apenas alguns minutos no corpo humano, por isso é preciso que sejam liberados continuamente.

No entanto, o professor Bloom e seus colegas também desenvolveram versões desses hormônios que podem durar até uma semana. Isso significa que os pacientes poderiam controlar seu apetite com uma única injeção semanal. “O objetivo, a longo prazo, é desenvolver medicamentos de longa duração, de maneira que as pessoas possam tomar uma injeção uma vez por semana, sem a necessidade de operação”, conta.

“Cada paciente reage de uma maneira diferente após a cirurgia. Talvez um terço dos pacientes não perca peso o suficiente, talvez alguns percam demais e não se pode ajustar esse efeito. No caso de um medicamento, você pode alterar a dose muito facilmente e isso vai lhe dar muito mais controle sobre quanto peso cada pessoa perde”, completa.

Fonte: http://www.telegraph.co.uk/science/science-news/

Estranho distúrbio faz homem ouvir as pessoas falarem antes de ver seus lábios se moverem

Um homem de 67 anos de idade, conhecido apenas pelas iniciais PH, possui uma falha cerebral rara que faz com que ele ouça as pessoas falarem antes de ver seus lábios se movem. O resultado final é que todas as conversas do pobre PH se assemelham a um filme mal dublado, em que o som e as ações estão fora de sincronia.

O homem é o primeiro caso confirmado da doença, que faz com que o cérebro processe a visão mais lentamente do que o som. PH começou a sofrer os sintomas inusitados após passar por uma cirurgia. “Eu disse à minha filha: ‘Ei, você tem duas TVs que precisam de sincronização!'”, conta. No entanto, PH logo percebeu que ele estava ouvindo sua própria voz antes de sentir sua mandíbula se movimentar.


Médicos realizaram exames em seu cérebro, que mostraram duas lesões em áreas que potencialmente desempenham um importante papel na audição, no tempo e nos movimentos.

Luz e som viajam em velocidades diferentes, de modo que os estímulos visuais e auditivos chegam aos olhos e ouvidos em momentos distintos. O cérebro, por sua vez, é quem faz todo o trabalho de processar esses sinais em ritmos diferentes, para que pareçam como se estivessem acontecendo simultaneamente para nós.

Acredita-se que o cérebro de PH processe os sinais visuais muito mais lentamente do que o faz com o som – causando essa grande discrepância de tempo.

Elliot Freeman e seus colegas da Universidade da Cidade de Londres, na Inglaterra, realizaram vários testes de percepção temporal usando clipes de vídeo para confirmar a doença. Eles descobriram que eles tinham que reproduzir o som 0,2 segundos depois da imagem para PH ver a cena em sincronia.

Os pesquisadores procuram agora uma maneira de retardar a audição de PH para que o som coincida com o que ele está vendo.

Fonte: http://www.dailymail.co.uk/