A mais nova publicação das diretrizes diagnósticas para a
psiquiatria, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5, na sigla em inglês), foi divulgada em maio.
O manual, que é concebido e publicado pela Associação Americana de
Psiquiatria, enumera os critérios para o diagnóstico de várias doenças
psiquiátricas. Recomendações de tratamento, bem como pagamentos por
prestadores de saúde, podem ser baseados no DSM.
As definições precisas sobre distúrbios de saúde mental são alvo de grande debate. A inclusão ou remoção de transtornos no manual podem afetar muitas pessoas.
Sendo assim, várias das modificações da nova edição são controversas. Saiba quais são as principais mudanças:
6. Autismo
Existe agora apenas um diagnóstico, chamado de transtornos do
espectro do autismo, que engloba o que antes eram consideradas quatro
doenças diferentes: autismo,
síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância (ou
síndrome de Heller) e transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra
especificação.
De acordo com alguns especialistas, as alterações na definição de
autismo resultarão em taxas menores de diagnóstico da doença. O grupo
que atualizou o DSM-5 estima que a redução será de cerca de 10%, mas
outros grupos de pesquisa acham que esse número pode ser maior.
Os defensores das mudanças dizem que os novos critérios são mais
precisos, e diminuem o número de crianças falsamente diagnosticadas. Já
os críticos expressam preocupações de que algumas crianças podem não
receber serviços especiais que precisam nas escolas. Outra palavra de
cautela vem de pesquisadores que dizem que pode ser prematuro combinar
Asperger e autismo em um só grupo, porque ainda não está claro se as
duas doenças resultam dos mesmos fatores biológicos.
As pessoas que já foram diagnosticadas com uma das quatro doenças não
estão em perigo de perder o seu diagnóstico; no entanto, elas vão agora
ser consideradas como tendo um transtorno do espectro do autismo.
5. Vício em jogos de azar
Uma condição de saúde recém-adicionada à categoria de abuso de
substâncias e transtornos de dependência é o “distúrbio do vício de
jogo”. De acordo com a Associação, esta mudança “reflete a crescente e
consistente evidência de que alguns comportamentos, tais como jogos de
azar, ativam o sistema de recompensa do cérebro com efeitos semelhantes
aos do abuso de drogas e sintomas que se assemelham a transtornos de uso
de substância, em certa medida”.
Dois outros transtornos de uso de substâncias novos no DSM-5 é “abstinência de cannabis” e “abstinência de cafeína”. Este último já
tinha sido incluído na edição anterior do DSM, mas em uma seção
designada para condições que estão apenas sendo consideradas para
diagnóstico oficial, porque os investigadores acreditam que precisam ser
melhor estudadas.
4. Luto
Na edição anterior do DSM, se uma pessoa apresentasse uma série de
sintomas de depressão, mas tivesse sofrido a perda de um ente querido
nos últimos dois meses, ela não seria diagnosticada com depressão.
De acordo com o novo diagnóstico para o transtorno de depressão
maior, tristeza e luto não são critérios de exclusão, o que significa
que uma pessoa que preenche os critérios para transtorno de depressão
pode ser diagnosticada com a doença, mesmo que esteja sofrendo pela
morte de alguém.
Os críticos dizem que isso significa que uma pessoa em luto pode ser
erroneamente diagnosticada com depressão. Mas os defensores dizem que
estudos têm demonstrado que essa dor pode desencadear transtorno de
depressão em indivíduos vulneráveis, e provavelmente não é diferente de
outros fatores de estresse que podem iniciar a doença.
Uma nota detalhada está incluída no manual para ajudar os médicos a
fazer “a distinção fundamental entre os sintomas característicos de luto
e os de um episódio depressivo maior”.
3. Déficit de atenção com hiperatividade
A definição de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH, na sigla em
inglês) foi modificada para enfatizar que esse transtorno pode continuar
na vida adulta.
As mudanças tornam mais fácil para os adultos serem diagnosticados
com TDAH, agora que a sua idade não é mais barreira. Especialistas
contra a medida temem que muitos adultos passem a ser medicados para a
condição.
No entanto, outros critérios para o diagnóstico se tornaram mais
rigorosos. Agora, vários sintomas precisam ocorrem em mais de um
contexto, por exemplo, no trabalho e em casa, para que um diagnóstico de
TDAH seja feito.
2. Distúrbio da desregulação perturbadora do humor
Distúrbio da desregulação perturbadora do humor é agora uma nova doença
com diagnóstico no DSM-5. Pode aplicar-se a crianças entre 6 e 18 anos
de idade que apresentam irritabilidade persistente e episódios
frequentes de explosões comportamentais extremas, três ou mais vezes por
semana, durante pelo menos um ano.
Os críticos dizem que “birra”
é um comportamento normal na infância, e o novo diagnóstico transforma
isso em um transtorno mental – o que poderia levar crianças a tomar
medicamentos que não vão ajudá-las.
Os especialistas a favor do diagnóstico, no entanto, dizem que a
condição recém-definida ajudará com o problema do excesso de diagnóstico
de transtorno bipolar em crianças. O número de crianças diagnosticadas
com transtorno bipolar
tem aumentado significativamente nos últimos anos, e elas são muitas
vezes tratadas com medicamentos que podem ter efeitos nocivos.
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, há uma grande diferença entre crianças temperamentais e aquelas com deficiências graves que
exigem atenção clínica. As explosões de temperamento tem que ser
grosseiramente fora de proporção em relação à situação e tem que ocorrer
em mais do que apenas um contexto, por exemplo, tanto em casa como na
escola, para que uma criança seja diagnosticada com o transtorno de
humor.
1. Transtorno de compulsão alimentar
Transtorno de compulsão alimentar, listado no DSM anterior na seção de
condições propostas para futuros estudos, tornou-se uma condição oficial
no novo manual.
Ela é definida como episódios em que as pessoas comem
incontrolavelmente grandes quantidades de alimento num curto período de
tempo, e é associada com desconforto e sintomas que ocorrem uma vez por
semana durante três meses, no mínimo. Tais critérios diferenciam o
transtorno de compulsão alimentar do simples “comer demais” que pode
acontecer ocasionalmente.
Transtorno disfórico pré-menstrual e transtorno da acumulação
compulsiva são duas outras doenças que estavam na seção para estudos
futuros, mas que eram diagnosticadas em pacientes de qualquer maneira.
Agora, os dois transtornos têm rótulos oficiais.
Fonte: http://www.livescience.com/
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