Um novo estudo da Universidade de Edimburgo (Escócia) concluiu que os
seres humanos de fato fizeram sexo com os Neandertais. O método
utilizado na pesquisa também poderia ajudar a compreender a evolução de
outros organismos.
Cerca de 400.000 anos atrás, os Neandertais se
separaram da linha de primata que deu origem aos humanos modernos. O
grupo, então, mudou-se para a Eurásia e desapareceu completamente do
mundo cerca de 30.000 anos atrás. Algumas teorias indicam que os
Neandertais podem ter vivido perto do Círculo Polar Ártico em torno de
31.000 a 34.000 anos atrás.
No passado, as semelhanças genéticas entre Neandertais e seres humanos foram associadas a dois cenários possíveis.
A
primeira hipótese diz que certas populações humanas – aquelas que se
tornaram os eurasiáticos modernos – evoluíram em locais isolados na
África, o que lhes permitiu ficar geneticamente semelhantes aos
Neandertais, mesmo depois de se separarem de seu ancestral comum
compartilhado.
Uma outra hipótese, no entanto, sugere um
cruzamento – ondas de reprodução entre humanos e Neandertais, que teriam
ocorrido após os seres humanos migrarem da África.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que os europeus e os asiáticos têm alguns genes Neandertais em seu genoma – na verdade, muitos cientistas acham que os europeus e asiáticos herdaram entre 1 e 4% de DNA Neandertal, o que é muita coisa.
Isso parece apoiar a teoria do cruzamento, mas, até agora, os cientistas não haviam conseguido demonstrar definitivamente
que essas semelhanças genéticas são o resultado de reprodução entre as
duas espécies, ao invés de apenas um ancestral comum no passado.
Então, para descobrir qual hipótese genética estava correta, os cientistas do novo estudo utilizaram uma abordagem estatística.
“Nós
fizemos muitas contas para calcular a probabilidade dos dois cenários
diferentes”, disse Laurent Frantz, coautor do estudo e biólogo
evolucionário da Universidade de Wageningen, na Holanda. “Nós fomos
capazes de fazer isso através da divisão do genoma em pequenos blocos de
comprimento igual, a partir dos quais nós inferimos genealogia”.
Os
pesquisadores disseram que o novo método permite-lhes dizer que os
seres humanos cruzaram com Neandertais com um alto grau de certeza.
Além
disso, a técnica desenvolvida também pode ser usada para estudar a
evolução de outros organismos com pouca amostra genética. A equipe havia
na verdade criado esse método para estudar as populações de insetos da
Europa e espécies raras de porcos no Sudeste Asiático.
Por fim,
Frantz pensa que estes resultados, juntamente com os de estudos
anteriores, devem servir para mudar teorias sobre a brutalidade da
evolução humana – no passado, havia mais de uma espécie de hominídeo. No
entanto, somos a única espécie humana que sobreviveu, e não se sabe ao certo como as demais se extinguiram.
“Houve uma série de argumentos sobre o que aconteceu com estas espécies”, diz o pesquisador. “Alguns pensam que elas foram mortas por nós, mas
agora podemos ver que não é tão simples assim”. Frantz explica que, com
toda a probabilidade, alguns Neandertais viveram em certas populações
humanas e compartilharam suas vidas diárias. Então, pensar que a
humanidade fez de tudo para destruir tudo o que era diferente da nossa
espécie está, pelo menos parcialmente, incorreto.
Fonte: https://hypescience.com/
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