Uma equipe internacional de cientistas desenvolveu uma ferramenta que
permite identificar a origem geográfica de uma pessoa usando linhagens
de até 1.000 anos atrás.
Conhecido como Estrutura Geográfica da População (GPS, na sigla em inglês), o método é
capaz de localizar a exata aldeia de um país onde os ancestrais de uma
pessoa viveram, e pode ter implicações significativas para o tratamento
médico personalizado.
Criada pelo Dr. Eran Elhaik, da Universidade
de Sheffield (Inglaterra), e pela Dra. Tatiana Tararinova, da
Universidade do Sul da Califórnia (EUA), a melhor ferramenta para
localizar DNA até agora pode rastrear populações com uma taxa de sucesso
de 98%. Mas como?
Como funciona
O GPS centra-se na
mistura genética, uma ocorrência comum em que, historicamente,
populações anteriormente separadas começaram a se cruzar, criando novos
conjuntos de genes no processo.
A equipe usou mais de 100.000
assinaturas de DNA para modelar a ferramenta, conhecidas como marcadores
de ancestralidade (AIMS, na sigla em inglês), típicas de regiões
geográficas específicas.
Cromossomos autossômicos são utilizados
na análise, em vez de DNA cromossômico mitocondrial ou Y, uma vez que
proporcionam uma imagem mais equilibrada da composição genética de um
indivíduo.
Em
resumo, as 100.000 assinaturas de DNA que são típicas de regiões
geográficas específicas são comparadas com os cromossomos autossômicos
da pessoa que está sendo testada.
“Ficamos surpresos com a
simplicidade e a precisão do método. Pessoas em uma determinada área
geográfica são mais propensas a ter genética semelhante. Quando também
têm traços genéticos normalmente encontrados em outras regiões
distantes, a origem geográfica desses traços é geralmente o local mais
próximo onde essas características podem ser encontradas”, explica
Elhaik.
Os resultados da ferramenta são impressionantes. Em um dos
testes, a equipe pode colocar 25% dos moradores da Sardenha em suas
respectivas aldeias (10, ao todo) e os outros 75% dentro de 50 km do
local correto. Em 20 ilhas da Oceania, os cientistas puderam rastrear
90% da população à sua ilha exata.
Aplicações
A descoberta
tem implicações significativas em vários campos. Ser capaz de
determinar com mais precisão a ascendência de um paciente pode ajudar os
médicos a determinar a sua susceptibilidade a certas doenças genéticas,
adaptando seu tratamento e diagnóstico.
Além disso, há evidências que sugerem que diferentes genótipos podem responder de forma diferente a alguns tratamentos médicos.
Por
fim, a ferramenta também tem implicações no que se refere ao estudo da
origem geográfica de determinadas populações, como os ciganos ou os
judeus europeus. O Dr. Elhaik acredita que o GPS pode alterar
significativamente a nossa percepção de etnia. “É impossível para
qualquer um de nós assinalar uma opção em um formulário que contém
apenas ‘caucasiano’ ou ‘afrodescendente’, já que somos muito mais
complexos, com nossas próprias identidades únicas”, disse. “A noção de
raça não é plausível”.
Gostou
da ferramenta e gostaria de experimentá-la? A boa notícia é que você
pode, a má é que você precisa ter seu DNA autossômico genotipado por uma
empresa primeiro. No Brasil, poucas companhias fazem sequenciamento de
DNA, e a técnica não é a das mais baratas. Por exemplo, a Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas) afirma que o exame para detectar
doenças genéticas (sequenciamento do exoma) custa cerca de R$ 1.800, sem
incluir mão-de-obra, água, luz e outros custos inclusos nos hospitais e
centros de diagnóstico, enquanto um sequenciamento completo do genoma
sairia cerca de R$ 30 mil.
Se você tiver seu DNA autossômico sequenciado, pode fazer upload de seus dados no site da ferramenta, e usar o GPS para localizar a sua origem ancestral, por um custo que varia de US$ 29,99 a US$ 119,99.
Fonte: https://hypescience.com/
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