Os vírus são criaturas terríveis e incompetentes, mas temos que
admitir: eles são altamente inteligentes. Quando digo que são
incompetentes, é porque são incapazes de produzir proteínas por conta
própria. Por isso, invadem nosso organismo e “sequestram” as nossas,
usando-as como abrigo. Assim eles ficam protegidos e conseguem se
reproduzir, infestando nosso corpo os mais variados tipos de doenças.
E
são absolutamente inteligentes por um motivo muito simples: em alguns
casos, como o vírus da AIDS, a ciência e a medicina ainda não
encontraram maneiras de detê-los. Pelo menos por enquanto.
Uma
recente descoberta parece ter colocado a veracidade dessa afirmação em
contagem regressiva, e os cientistas podem ter encontrado um novo
caminho para o tratamento de doenças virais.
A descoberta de um novo tratamento para doenças virais
O caso de um casal de irmãos (um menino de 11 anos e uma menina de 6) foi relatado recentemente no New England Journal of Medicine
e pode representar um novo e brilhante momento para a medicina. Os dois
foram diagnosticados com uma doença genética extremamente rara que,
resumidamente, fornece proteínas quebradas aos vírus que invadem seus
organismos. Isso faz com que eles se tornem imunes a muitas classes de
vírus.
Esses irmãos são apenas o segundo e terceiro caso já
verificado com este raro distúrbio genético. A primeira foi constatada
em um bebê que morreu com 74 dias. O maior problema é que a imunidade
aos vírus, no entanto, tem um custo – tanto o menino quanto a menina têm
problemas de desenvolvimento, ossos frágeis e um sistema imunológico
drasticamente enfraquecido, o que torna ainda mais notável o fato de
eles não terem doenças como infecções de ouvido ou gripe.
Todos
esses efeitos colaterais acontecem porque essa mutação genética afeta
um processo biológico básico chamado glicosilação, que é quando uma
molécula de açúcar está ligada a uma proteína. Estas proteínas de açúcar
resultantes são usadas em todo o corpo, e também por vírus – que as
roubam para construir uma espécie de escudo protetor para seu material
genético. E quando essas proteínas de açúcar são perturbadas, a ação de
vírus como os da gripe, herpes, dengue, hepatite C e até HIV é
bloqueada, o que sugere novas possibilidades de tratamentos antivirais.
Possibilidades
Tratamentos
antivirais podem bloquear temporariamente a glicosilação para prevenir a
infecção viral sem os efeitos secundários devastadores de que falamos.
Inclusive, algumas estratégias já estão sendo testadas, como uma droga
que está atualmente sendo aplicada em pacientes com HIV. Segundo os
médicos, os efeitos parecem promissores. “O pior efeito colateral foi
flatulência”, disse o Dr. Sergio Rosenzweig.
Quanto a essas
crianças, o distúrbio genético que elas têm é tão rara que ainda não é
bem compreendida. No entanto, é uma nova perspectiva para a compreensão
de como o corpo humano e os vírus interagem, abrindo portas para novas
drogas que possam interferir em outras partes do processo de
glicosilação e tratar outras infecções virais. Temos um longo caminho
pela frente, mas estas duas crianças podem ser a chave para o segredo de
como combater diversos vírus.
Fonte: http://gizmodo.com/
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