sábado, 3 de dezembro de 2011

Cura para a insônia? Cientistas descobrem enzima que suprime o sono

Pesquisadores americanos descobriram o gatilho químico que suprime o sono e acorda as pessoas, que também pode ser bloqueado para produzir um sono melhor.

“O sono é regulado por um delicado equilíbrio entre os processos biológicos, o meio ambiente e o comportamento, mas os mecanismos envolvidos nesse regulamento não são bem compreendidos”, disse o autor do esutdo, Dr. Subimal Dutta. “O objetivo final da minha pesquisa é aprofundar a compreensão de como o sono é regulado a nível celular, o que ajudaria a encontrar as causas e curas para uma variedade de distúrbios do sono”.

O cientista disse que o bloqueio de uma certa enzima causou tanto o estágio REM (movimento rápido dos olhos) e não REM do sono, ambos necessários para se manter saudável.

“Os tratamentos atuais para distúrbios do sono não alcançam o resultado ideal de comportamento, e são geralmente acompanhados de muitos efeitos colaterais indesejáveis”, acrescentou o Dr. Dutta. “Uma abordagem mais específica para tratar estes distúrbios, promovendo o tratamento da insônia, seria de grande benefício para a saúde pública”.

Fonte: http://hypescience.com/

Cientistas tentam explicar explosão estelar misteriosa no Natal de 2010

Encontro de cometa com estrela ou supernova são as hipóteses.
Astrônomos europeus apresentaram as duas explicações na revista 'Nature'.

Ilustração mostra como seria o encontro do cometa com uma estrela de nêutrons. (Crédito: A. Simonnet / NASA / E/PO / Universidade Estadual Sonoma)

Cientistas europeus ofereceram duas explicações diferentes para uma explosão estelar que foi detectada na Terra no Natal de 2010. Ambas as sugestões foram apresentadas na edição desta semana da revista científica "Nature".

O evento foi uma emissão de raios gama intensa, que ficou conhecida pelos astrônomos como GRB 101225A. Ela foi descoberta pelo satélite Swift, da agência espacial norte-americana (Nasa).

Segundo Sergio Campana, do Observatório Astronômico de Brera, na Itália, uma das hipóteses é o encontro de um cometa com uma estrela de nêutrons, que poderia ter causado uma grande explosão.

Já a segunda explicação é mais convencional: a emissão de raios gama pode estar ligada a uma supernova - uma explosão que marca o fim de estrelas com muita massa. Esta versão foi apresentada por Christina Thöne, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia, na Espanha.

O grupo de Thöne tentou estimar a distância da suposta supernova, mas não conseguiram identificar uma galáxia possível a qual ela pudesse pertencer.

Imagem mostra como seria uma supernova, uma fonte poderosa de emissão de raios gama. (Foto: A. Simonnet / NASA / E/PO / Universidade Estadual Sonoma)

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude

Cientistas britânicos identificam dois novos sintomas de derrame

Projeto de universidade de Leicester aponta fraqueza nas pernas e perda de visão como dois novos sinais.

Pesquisadores britânicos afirmam que descobriram outros dois sintomas que podem indicar que uma pessoa está sofrendo um derrame.

Um projeto desenvolvido pela University Hospitals of Leicester NHS Trust (parte do serviço público de saúde britânico) descobriu que fraqueza nas pernas e perda de visão também são sintomas do derrame.
 
Segundo a entidade assistencial britânica voltada para o tratamento do derrame, a Stroke Association, informa em sua página na internet que existem três sintomas que precisam ser observados.

O primeiro é fraqueza facial, notar se a pessoa consegue sorrir ou se um canto da boca ou um dos olhos está com aparência caída.

Outro sintoma é a fraqueza nos braços, observar se a pessoa consegue erguer os dois braços. E o terceiro sintoma são os problemas de fala, tentar detectar se a pessoa consegue falar claramente ou entender o que outra pessoa fala.

Uma campanha recente do NHS, o serviço público de saúde britânico, destacou estes três sintomas de derrame.

Mas, para Ross Naylor, professor na University Hospitals of Leicester, as pessoas precisam começar a procurar pelos cinco sintomas.

"A campanha do NHS foi bem-sucedida, mas é importante que as pessoas saibam que fraqueza nas pernas e perda de visão também são sintomas que precisam ser observados", disse.

"Temo que muitas pessoas não saibam que qualquer um que esteja com um ou ambos destes sinais adicionais, sozinhos ou com um dos outros três sintomas, pode significar um indicador de que a pessoa, ou um ente querido, está tendo um derrame e também precisa procurar ajuda médica com urgência", acrescentou.

Simon Cook, chefe de operações da Stroke Association para a região de East Midlands, afirmou que a campanha do NHS é útil pois os três sintomas são fáceis de reconhecer pela maioria do público.
"Certamente existem outros sintomas, como visão desfocada e fraqueza nas pernas. Mas, acreditamos que o mais importante é que as pessoas se lembrem de agir rapidamente quando observarem os sinais de um derrame e liguem para os serviços de emergência", afirmou.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude

Nos limites do Sistema Solar, sonda detecta raios inéditos na Via Láctea

Emissões Lyman-alfa já tinham sido percebidas, mas não em nossa galáxia. Lançada pela Nasa em 1977, Voyager ainda funciona.

Pela primeira vez, cientistas conseguiram detectar emissões Lyman-alfa da Via Láctea. Essa radiação ultravioleta é uma luz brilhante, gerada pela interação entre átomos de hidrogênio, o elemento mais abundante do Universo.

Fora da nossa galáxia, essa de radiação já tinha sido detectada. Em locais distantes, é considerada um indicador de estrelas em formação.

Na nossa própria galáxia, porém, nunca tínhamos conseguido perceber essas emissões, justamente porque elas não podem ser captadas na Terra. Nossa “proximidade” do Sol (pouco menos de 150 milhões de quilômetros) faz com que a luz emitida por ele impeça a chegada dos raios Lyman-alfa.

A descoberta foi feita com dados obtidos pelas sondas Voyager, lançadas em 1977, que já atingiram os limites do Sistema Solar. Com eles, uma equipe de cientistas liderada pela francesa Rosine Lallement, da Universidade de Paris, escreveu um estudo publicado na edição desta quinta-feira (1º) da revista “Science”.

No artigo, os cientistas sustentam que a emissão tem origem em regiões de formação de estrelas, e acreditam que a detecção desses raios na nossa própria galáxia vai fornecer dados mais precisos para estudos futuros.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude

Astrônomos descobrem 18 novos planetas fora do Sistema Solar

Astros descobertos por equipe californiana têm massa similar a de Júpiter. Cientistas mediram alterações no brilho de 300 estrelas durante o estudo.

Exoplaneta GJ 1214b, um dos astros descobertos por pesquisas recentes. (Foto: L. Calçada / ESO)

Uma equipe de astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, anunciou a descoberta 18 novos planetas fora do Sistema Solar. Segundo os pesquisadores, este é o maior número de exoplanetas encontrados de uma só vez percorrendo a órbita de estrelas com massas maiores que o Sol.

Apenas a sonda Kepler, lançada em 2009 pela Nasa somente com o objetivo de detectar exoplanetas que possam reunir condições para abrigar a vida, conseguiu encontrar um número superior: até agora foram mais de 1,2 mil possíveis novos planetas, que ainda precisam ser confirmados por novos estudos.

Já os cientistas californianos usaram telescópios do Observatório Keck, localizado no Havaí, e confirmaram os dados coletados com a ajuda dos observatórios McDonald, no Texas, e Fairborn, no Arizona.

Para encontrar novos planetas, os astrônomos buscam por estrelas com pertubações no brilho, que podem ser traços de astros que orbitem ao seu redor. No caso da pesquisa agora divulgada em uma publicação especial da revista "The Astrophysical Journal", todos os exoplanetas possuem uma massa parecida com a de Júpiter e orbitam a distâncias parecidas com a Terra em relação ao Sol. Ao todo, foram pesquisadas 300 estrelas.

Os autores do estudo acreditam que os novos planetas reforçam a ideia de que planetas podem ser gerados a partir de discos de poeira e gás ao redor das estrelas em formação. Eles ainda argumentam ser possível que o tamanho da estrela determine planetas maiores ou menores.

Outra interpretação seria o acúmulo de gás e poeira em grandes "bolas" que eventualmente se transformariam em planetas, tese que não condiz com as observações feitas pelo time californiano.

Atualmente, o número de exoplanetas conhecidos e confirmados já ultrapassou 600.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude

Como retardar a perda de memória com a idade

Muita gente encara a senilidade e a perda gradual de memória como processos irreversíveis e naturais do ser humano. Mas você pode tomar algumas medidas, desde jovem, para evitar que a velhice traga esses problemas com tanta intensidade. O cérebro pode envelhecer mais lentamente se você souber o que fazer.

Muitas pessoas que atingem a casa dos 60 anos passam a temer o mal de Alzheimer. Sendo uma doença de raízes genéticas, não pode ser evitada dependendo do seu DNA. Mas a maior parte dos casos de demência que atingem a terceira idade tem muito pouco ou nada a ver com genética: são consequências diretas de certos hábitos de vida.

O senso comum criou a ideia, nas últimas décadas, de que a receita para manter seu cérebro “jovem” é fazer atividades mentais como sudoku e palavras cruzadas. É um engano. O próprio coordenador do Instituto de Saúde Mental dos EUA, Majid Fotuhi, se encarrega de desmentir isso.

O neurologista americano garante que a melhor maneira de manter a mente saudável é fazer o mesmo com o corpo. Manter-se em forma é o primeiro passo para garantir a longevidade cerebral. Ao lado disso, como explica o médico, é importante manter-se socialmente ativo, interagindo com outros grupos de pessoas. O Dr. Fotuhi pratica dança de salão desde a juventude, e recomenda esta atividade como uma das melhores para o objetivo.

Uma recente descoberta, feita com o que há de melhor no campo da ressonância magnética, revelou que o exercício constante pode literalmente fazer o cérebro crescer. O hipocampo cerebral geralmente começa a perder entre 1% e 2% de seu volume por ano a partir dos 50 anos. Mas a atividade física regular reduz sensivelmente esse encolhimento.

Uma pesquisa da Universidade de Illinois (EUA) comprovou isso, em um estudo com 120 adultos. Depois de um ano se exercitando sob supervisão dos cientistas, os participante tiveram em média aumento de 2% do volume do hipocampo. 

Os cientistas enfatizam, no entanto, que não é recomendável só começar a se preocupar com isso quando você atingir a idade onde o ser humano está sujeito à demência. Quanto mais jovem você começar a trabalhar para evitar esse problema no futuro, melhores serão os resultados.

Fonte:  http://hypescience.com/

Neutrinos parecem de fato ser mais rápidos do que a luz

Há cerca de dois meses, o mundo da física sofreu um abalo. Cientistas italianos anunciaram que uma partícula subatômica, o neutrino, pode se locomover velocidade superior à da luz. O experimento que chegou a essa conclusão foi contestado por algumas equipes de pesquisadores. Mas novos testes parecem confirmar a tese.

Na realidade, a Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em inglês) fez um estudo justamente voltado para confirmar ou refutar a novidade. E o resultado não foi alterado: após os experimentos, eles concluíram que os neutrinos realmente foram deslocados de um laboratório na Suíça para outro na Itália 60 bilionésimos de segundo mais rápido do que a luz.

O número de experimentos requeridos para chegar a essa afirmação não foi nada desprezível: ao longo de três anos, mais de quinze mil testes, medidas, estimativas e aferições foram realizadas. 

Alguns possíveis erros foram levantados em pesquisas anteriores. Quesitos como o posicionamento do satélite que emitiu os sinais, ou o medidor de nanossegundos colocado no aparelho, foram corrigidos e verificados. Os cientistas já sabem: se houver erro, não está nesses indicadores, e no momento não há nenhuma prova negando que os neutrinos tenham conseguido essa “façanha”. 

Embora ainda não haja uma prova definitiva, os cientistas estão de fato inclinados a acreditar que os neutrinos percorreram 725 quilômetros em velocidade que contesta uma lei física até então inabalável. Exatamente por isso, mais testes estão programados para o futuro, em busca de uma evidência clara da validade ou não da teoria.

Fonte: http://hypescience.com/

Muita vitamina D pode fazer mal ao coração

Cientistas sabem a algum tempo que níveis baixos do nutriente podem fazer mal ao coração. Mas uma nova pesquisa revela que níveis além do normal o fazem bater rápido e fora de ritmo, uma condição chamada de fibrilação atrial.

O estudo, da Associação Americana do Coração, seguiu 132 mil pacientes em um centro médico de Utah, e descobriu que o risco de uma primeira fibrilação atrial quase triplicou quando os níveis de vitamina D estavam altos.

A maioria das pessoas consegue pelo menos um pouco das necessidades diárias de vitamina D com a luz solar. Mas nos países frios do norte, onde todos se “escondem” para o inverno, as pessoas geralmente são encorajadas a tomar suplementos e aumentar os níveis do nutriente, para proteger os ossos e o coração. 

“Entretanto, como cada um absorve os suplementos de maneira diferente, os níveis sanguíneos precisam ser testados para garantir uma faixa de segurança”, explica o líder do estudo, Jared Bunch.

Ele comenta que níveis altos de vitamina D só ocorrem quando as pessoas tomam suplementos. 

“As pessoas estão procurando por terapias consideradas naturais para tratar uma grande variedade de doenças, e isso significa prevenção”, afirma Bunch. “Nós vemos pacientes que tomam uma quantidade tremenda de suplementos de vitaminas”.

Ele afirma que a faixa normal da vitamina D no estudo era de 41 a 80 nanogramas por decilitro. Pacientes considerados excessivos tiveram registros acima de 100 ng/dl.

Há poucas fontes naturais de comida com vitamina D, mais peixes oleosos como atum ou salmão estão entre os melhores. Pequenas quantidades também estão nos queijos e gemas de ovos. 

Bunch aconselha pessoas diagnosticadas com fibrilação atrial e que tomam suplementos de vitamina D chequem sempre com médicos os níveis sanguíneos do nutriente.

Ele suspeita que os efeitos no batimento cardíaco, decorrentes da alta concentração da vitamina, sejam reversíveis.

Fonte: http://hypescience.com/

Lua de Júpiter tem lagos rasos

Cientistas encontraram a melhor evidência até agora para a presença de água embaixo da superfície da gelada lua de Júpiter, a Europa. Análises da superfície lunar sugerem finas camadas de água morna por baixo do gelo.

O estudo prevê que lagos pequenos existem a apenas três quilômetros da superfície. Qualquer água líquida pode significar um habitat potencial para vida.

De análises anteriores, cientistas já suspeitavam que um oceano gigante, de 160 quilômetros de profundidade, estava entre 10 e 30 quilômetros para dentro da crosta de gelo.

Muitos biólogos espaciais sonharam em seguir os passos do personagem ficcional David Bowman, do livro Odisseia Dois de Athur C. Clarke, que descobre formas de vida aquáticas no oceano da lua Europa.

Mas cavar buracos no gelo espesso sempre pareceu insustentável. Agora, a descoberta de água líquida torna uma missão espacial para coleta muito mais plausível. 

A presença de lagos rasos também significa que há mistura entre as porções superiores e as inferiores. O gelo moído poderia transferir nutrientes para as partes mais profundas do oceano.

“Isso pode tornar Europa e seu oceano mais habitáveis”, afirma a líder do estudo, da Universidade do Texas, Britney Schmidt. Ela analisou as imagens coletadas pela nave Galileo, lançada em 1989.

Especialistas em gelo têm estudado a superfície da lua por muitos anos tentando entender o que causou sua superfície completamente quebrada e arranhada.

“Se comparada com a Antártica, onde vemos características similares, podemos determinar algo sobre o processo que acontece na Europa”, afirma o especialista da Universidade de Edimburgo, Martin Siegert.

Ele explica que o novo estudo aponta como a água morna que sobe causa o derretimento do gelo superficial, formando rachaduras.

“Quando essa água entra nas ranhuras, ela congela, formando novo gelo. A parte inferior então congela novamente, causando o soerguimento da superfície”, afirma.

Os Estados Unidos e a Europa estão trabalhando em missões para essa e outras luas de Júpiter. Eles esperam lançá-las no fim dessa década ou no começo da próxima.

Fonte: http://hypescience.com/

Como músicos conseguem tocar mesmo com amnésia?

Cientistas estão tentando entender como amnésicos podem perder toda a memória da vida passada, mas ainda assim lembrar-se de música. A resposta talvez seja que as memórias musicais ficam guardadas em uma parte especial do cérebro. 

Quando o maestro e músico inglês Clive Wearing contraiu uma infecção cerebral em 1985, ele ficou com apenas 10 segundos de memória.

A infecção – um herpes encefálico – o deixou incapaz de reconhecer pessoas ou lembrar-se de frases ditas poucos momentos antes.

Mesmo com médicos dizendo que ele teve um dos casos mais severos de amnésia já vistos, sua habilidade e muito de sua memória musical continuaram intactas.

Agora, com 73 anos, ele ainda consegue ler música, tocar piano, e até conduzir seu antigo coro.

Os pesquisadores acreditam estar perto de entender como a memória musical é preservada em algumas pessoas – mesmo quando elas não se lembram de quase nada do passado.

Em um encontro de neurociência em Washington, um grupo de cientistas alemães descreveu o caso de um tocador de violoncelo profissional, chamado de PM, que contraiu herpes encefálico em 2005. 

Ele era incapaz de gravar uma simples informação, como a forma do seu apartamento.

Mas o Dr. Carsten Finke, de Berlim, afirma ter ficado abismado que sua memória musical estava praticamente intacta, e que ele ainda era capaz de tocar o instrumento.

O lobo temporal medial do cérebro, que é muito destruído nos casos graves de herpes encefálico, é muito importante para lembrar fatos – como, onde e por que. “Mas esse caso e o de Clive Wearing sugerem que a memória musical fica guardada independentemente do lobo temporal medial”, afirma Finke.

Ele também estudou o caso de um paciente canadense que perdeu toda a memória musical em 1990, após fazer uma cirurgia que afetou outra parte do cérebro conhecida como giro superior temporal.

Isso o levou a concluir que as estruturas do cérebro usadas para a memória musical “talvez sejam o giro superior temporal e os lobos frontais”. Mas Finke afirma que mais pesquisa é necessária para confirmar a hipótese. 

“Mas o que é mesmo novo nesse caso é que podemos mostrar que mesmo em situações severas de amnesia, ainda há uma ilha intacta de memória, a memória musical”, comenta.

Finke pensa que isso talvez seja útil para melhorar a reabilitação de PM e outros amnésicos. 

“É muito interessante saber que podemos usar isso como uma porta. Você pode pensar em talvez acoplar música especial para atividades, como tomar a medicação. Eles também podem fazer terapia musical, começar a tocar música novamente e ganhar alguma qualidade de vida com isso”, afirma.

Essas técnicas podem ser aplicadas a músicos e leigos, já que partilham os mesmo sistemas de memória. “Nós sabemos que músicos têm cérebros adaptados – algumas áreas são maiores do que as dos leigos, mas não é tanto para que desenvolvam um novo sistema”, comenta.

“A memória musical não é necessariamente igual aos outros tipos”, afirma o neuropsicólogo inglês, Clare Ramsden, que está estudando o caso dos três músicos, incluindo Wearing.

“Isso acontece porque potencialmente não é apenas conhecimento. É algo que você faz”, comenta Ramsden. Diferentes aspectos de tocar música envolvem diferentes partes do cérebro.

“A pesquisa que estamos fazendo está começando a mostrar que pessoas com danos principalmente nos lobos frontais têm sintomas diferentes de pessoas como Clive, com danos nos lobos temporais médio”.

“Clive ainda pode tocar e ler música, mas outros com danos no lobo frontal talvez tenham dificuldade em fazer o mesmo em peças que não conhecem, mas são melhores nas que já sabem”, afirma Ramsden.

O professor da Universidade de York, Alan Baddeley, que estudou o caso de Wearing, afirma que não está surpreso com as descobertas da equipe alemã. “O caso de PM é um ótimo exemplo de que a memória não é unitária, que há mais de um tipo”, comenta. “Amnesia não destrói hábitos, mas os que a tem perdem a habilidade de registrar informação sobre novos eventos”.

A mulher de Clive Wearing, Deborah, escreveu um livro, “Forever Today”, sobre como a vida do casal foi afetada após a amnésia. Ela afirma que todas suas habilidades musicais continuam intactas.

“Se você der a Clive uma nova peça de música, ele lê e toca no piano, mas você não pode dizer que ele aprendeu”, comenta. E adiciona: “Clive não tem conhecimento de alguma vez ter tocado piano ou de que ainda sabe”.

Ele tem vivido sob cuidados especiais desde 1992, sendo que nos primeiros sete anos de doença, esteve em uma unidade psiquiátrica segura.

“Mesmo tendo um piano em seu próprio quarto por 26 anos, ele não o percebe a não ser que seja apontado para ele”.

A mulher de Wearing afirma que a atuação do seu marido melhora quando ele toca uma música regularmente, mesmo que ele não tenha memória de tê-la tocado antes.

Entretanto, ela comenta que ele lembra coisas que soube a vida toda, ou que tocou constantemente. “Ele aprendeu o Messias de Handel quando criança e continua cantando isso”.

Ele também recorda o amor de ambos e que a música é um incrível passatempo para eles. “Música é um lugar onde nós podemos estar juntos normalmente, porque enquanto a música toca, ele é totalmente ele. Totalmente normal”.

Fonte: http://hypescience.com/