segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Galáxias se alimentam secretamente de gases

Se as galáxias estivessem limitadas à quantidade de gás que formam, tudo seria queimado rapidamente com a “produção” de estrelas. Os astrônomos já suspeitavam que as galáxias puxavam recursos do universo ao seu redor para se sustentar, mas encontrar evidência desse consumo é um grande desafio.

Agora, um novo método está permitindo que pesquisadores tenham uma luz sobre como as galáxias se mantêm funcionando. Usando a iluminação do centro brilhante de outra galáxia de fundo, os cientistas revelaram as melhores observações até o momento de uma galáxia se reabastecendo.

A equipe de astrônomos utilizou o Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul no Chile para estudar os dois objetos, localizado na constelação Tucana, ao sul.

Conhecido como um quasar, a fonte extremamente luminosa faz parte de um centro galáctico alimentado por um buraco negro supermassivo. Brilhando através da galáxia em primeiro plano, a luz do quasar revela não apenas o fluxo de materiais dentro da galáxia, mas também seu movimento e composição.

“O gás frio – principalmente os átomos de hidrogênio – é muito tênue, difícil de detectar”, conta o principal autor da pesquisa, Nicolas Bouché, do Instituto de Pesquisa em Astrofísica e Planetologia em Toulouse, na França.

Os pesquisadores estão usando um quasar brilhante – o HE 2243-60 – para estudar o gás ao redor de qualquer galáxia. Tal emparelhamento revela a localização do gás, o que Bouché chama de “uma peça crítica de informação”. Usar um quasar também possibilita que eles estudem galáxias mais distantes. A galáxia mais jovem fica a cerca de 11 bilhões de anos-luz da Via Láctea, 80% além do universo visível.

“Esta é uma galáxia muito jovem, vista apenas 2 bilhões de anos após o Big Bang, ainda em seus estágios iniciais de formação”, disse Bouché.

A equipe de Bouché foi capaz de demonstrar que o gás em torno das galáxias estava sendo atraído por elas. Movendo-se para dentro, o gás gradualmente aumenta a velocidade até que corresponda à velocidade de rotação da galáxia. Em vez de correr imediatamente para o centro, o gás se reúne no halo galáctico, levando 400 milhões de anos para chegar ao centro da galáxia. Uma vez lá, ele se torna a matéria-prima para novas estrelas.

O gás que entra revelou uma pequena surpresa para os astrônomos: continha elementos mais complexos do que a maioria dos modelos previa. Estes elementos formam no coração das estrelas, e estão espalhados em suas mortes explosivas, às vezes saindo de suas galáxias mães.

“Isso indicaria que alguma mistura ocorreu anteriormente – talvez a um bilhão de anos ou mais antes – entre o gás intergaláctico intocado e as saídas enriquecidas”, disse Bouché.

O novo método de observação oferece oportunidades para estudos mais detalhados, mas vem com algumas limitações. Bouché e sua equipe planejam continuar os estudos de galáxias com a utilização de uma variedade de telescópios e instrumentos. Com um novo equipamento, será possível mapear os gases intergalácticos.

 
Fonte: http://www.livescience.com/

Lago isolado há 15 milhões de anos está cheio de vida

Temperaturas extremamente baixas, escuridão absoluta e escassez de nutrientes fazem do Lago Vostok, na Antártica, um lugar pouco acolhedor. Ainda assim, pesquisadores da Universidade Estadual de Bowling Green (EUA) encontraram evidências de que, nessas condições extremas, há vida por lá.

Liderada pelo biólogo Scott Rogers, a equipe analisou amostras de gelo coletadas do lago – tomando um cuidado especial para que não fossem contaminadas – e encontrou 3.507 diferentes amostras de DNA de diversos organismos, das quais 1.623 já foram associadas a organismos conhecidos.

Boa parte das amostras identificadas (94%) pertence a bactérias, algumas das quais são normalmente encontradas no sistema digestivo de peixes e crustáceos, uma possível evidência (embora não conclusiva) de que podemos encontrar esses animais no lago.

Por causa de uma série de fenômenos que começou há 60 milhões de anos, o Lago Vostok está sob uma camada de 3,7 km de gelo. Se alguma espécie foi capaz de se sobreviver a essas condições, procurar por formas de vida em regiões inóspitas pode ser mais promissor do que se imaginava.

Fontes: http://io9.com/
            http://www.plosone.org/

Cientistas detectam misteriosas e enormes explosões espaciais

Poderia ser apenas mais uma expedição de rotina em busca de estrelas de nêutrons para uma equipe de astrônomos da Austrália, porém algo inesperado foi detectado pelo radiotelescópio Parkes no estado australiano de New South Wales.

A explosão poderosa, que durou apenas milésimos de segundo, poderia ter sido apenas um golpe de sorte, mas, em seguida, a equipe identificou mais três flashes igualmente enérgicos – todos distantes do plano galáctico e provenientes de diferentes pontos do céu.

Uma análise posterior indicou que, ao contrário da maioria das ondas cósmicas, que se originam na Via Láctea ou em uma galáxia vizinha próxima, estes quatro sinais não tiveram uma origem identificada. Em outras palavras, eles parecem ter vindo do além. Loucura, né?

O que quer que tenha dado início a essas explosões veio e se foi. Os sinais, detectados entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012, foram eventos tão isolados que pouco trabalho posterior pode ser feito.

O que se sabe é que, em poucos milissegundos, cada um dos sinais liberou uma quantidade tão absurda de energia que o nosso astro-rei, o sol, demoraria 300 mil anos para emitir tanta energia.

“Eles vieram de tão longe que, a partir do momento em que esses sinais chegaram à Terra, o telescópio Parkes teria que operar durante 1 milhão de anos para coletar a energia equivalente à de um mosquito voando”, compara o astrônomo Dan Thornton, da Universidade de Manchester, no Reino Unido.

Os cientistas possuem todos os tipos de teorias sobre que fenômeno exótico pode ter desencadeado as explosões. Dentre as opções, estão a colisão de estrelas de nêutrons com campos magnéticos superfortes, a evaporação de buracos negros e explosões de raios gama que envolvem uma estrela supernova.

Ou, como aponta o astrônomo James Cordes, da Universidade de Cornell, Nova Iorque (EUA), as rajadas podem ser simplesmente de um tipo inteiramente novo de eventos astrofísicos de alta energia.

“Ainda é cedo demais para identificar as origens de tais eventos astrofísicos até certo ponto comuns, mas tão raramente detectados”, escreveu Cordes em um artigo publicado na revista Science.

O que está acontecendo é provavelmente um fenômeno relativamente comum, embora difícil de detectar, dizem os cientistas. A partir de pesquisas, os astrônomos estimam que existam cerca de 10 mil explosões semelhates – de alta energia e que duram milissegundos – acontecendo no céu todos os dias.

“Os fenômenos podem até parecer comuns, e são, mas é necessário um grande telescópio para detectá-los”, explica Thornton.

Sinais cósmicos semelhantes já haviam sido encontrados antes, mas os astrônomos nunca tinham conseguido ter certeza se eles haviam se originado dentro ou fora da galáxia.

Thornton e sua equipe chegaram à conclusão de que as explosões tiveram origem fora da galáxia ao caracterizar o plasma pelo qual as ondas viajaram antes de chegar ao telescópio. A forma da onda é influenciada pela quantidade de plasma ao longo do percurso do sinal.

Os astrônomos descobriram que esses quatro sinais percorreram mais plasma do que o que poderia ser explicado pelo gás interestelar na Via Láctea.

Eles suspeitam que o gás extra encontra-se entre as galáxias – uma descoberta que abre espaço para uma nova técnica em potencial para investigar o conteúdo de galáxias distantes e o que há entre elas. A pesquisa aparece na revista “Science” da primeira semana de julho.

Fonte: http://news.discovery.com/space/astronomy/

Vídeo: Como seria orbitar um buraco negro

Muita gente imagina que um buraco negro pareceria simplesmente um círculo vazio no meio do espaço. Contudo, como mostra o vídeo acima, gerado em computador a partir de cálculos precisos, a visão seria mais impressionante.

Em primeiro lugar, um observador poderia enxergar até mesmo as estrelas que estivessem por trás do buraco negro, pois a luz que emana delas seria distorcida pela tremenda força gravitacional do objeto, chegando aos olhos da pessoa. Quanto mais próximo da “borda” do buraco negro, maior seria a distorção – esse fenômeno é conhecido como “anel de Einstein” e foi previsto pelo célebre físico.

Como você pode observar no vídeo, orbitar ao redor de um buraco negro também criaria a ilusão de que as estrelas atrás dele estão se movendo em alta velocidade – mais uma consequência de força gravitacional.

Para assistir o vídeo, só clicar aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Jb_RrZhNf2Q 
 
Fonte: http://apod.nasa.gov/

Existem 60 bilhões de planetas habitáveis na Via Láctea

Acha mesmo que estamos sozinhos no universo? Um recém-concluído estudo, publicado na revista científica “Astrophysical Journal Letters”, aponta que talvez existam nada mais nada menos do que 60 bilhões de planetas habitáveis orbitando estrelas anãs vermelhas em toda a Via Láctea.

Anteriormente, acreditava-se que da chamada zona habitável dessas estrelas possuía metade de planetas em condições de abrigar vida. Para efeitos de comparação, é como se, para cada ser humano que habita nossa Terra, houvesse 8,5 planetas potencialmente habitáveis soltos por aí.

O motivo para essa atualização do cálculo foi a reavaliação feita pela equipe de cientistas dos limites das zonas habitáveis ​em torno das anãs vermelhas. Esses estrelas são menores e mais fracas do que o sol e possuem temperaturas relativamente baixas na sua superfície.

Com base em simulações do comportamento das nuvens sobre os planetas extrassolares, anteriormente ignoradas nos cálculos, a equipe de astrofísicos descobriu novos parâmetros para a definição dos limites de uma zona habitável em torno das já mencionadas estrelas anãs vermelhas.

A equação para o cálculo da zona habitável de planetas alienígenas mantém-se a mesma há décadas. No entanto, essa fórmula não levava em consideração as nuvens, que exercem uma grande influência climática.

O pesquisador Dorian Abbot, da Universidade de Chicago (EUA), explica como o comportamento das nuvens acaba expandindo consideravelmente o tamanho dessas zonas. “As nuvens causam tanto aquecimento quanto resfriamento na Terra. Elas refletem a luz solar para esfriar o ambiente e absorvem a radiação infravermelha da superfície para esquentá-lo por meio do efeito estufa”. Abbot conclui: “Esse esquema é parte do que mantém o planeta quente o suficiente para abrigar vida”.

Trocando em miúdos, em vez de haver, em média, um planeta do tamanho da Terra na zona habitável de cada estrela anã vermelha, na realidade existem aproximadamente dois. Fazendo as contas, isso significa que existem cerca de 60 bilhões de planetas habitáveis ​​que orbitam anãs vermelhas na Via Láctea.

Você pode estar se perguntando: “Como podem essas estrelas anãs vermelhas, relativamente pequenas e fracas, serem orbitadas por dois planetas habitáveis, sendo que o sol, maior e mais forte do que elas, só é orbitado pela Terra?”. A diferença é que o nosso planeta demora um ano inteiro para dar a volta no sol, como vocês bem lembram das aulas de Geografia. No caso desses planetas, o tempo é bem mais curto.

“Um planeta que orbita em torno de uma estrela anã deve completar a volta uma vez por mês ou uma vez a cada dois meses, aproximadamente, para receber a mesma quantidade de luz solar que nós recebemos do sol”, esclarece um dos autores do estudo, Nicolas Cowan, do Centro Interdisciplinar de Exploração e Pesquisa em Astrofísica da Universidade do Noroeste dos Estados Unidos.

Planetas de órbitas tão curtas acabariam por se tornar presos ao seu sol devido à gravidade. Outro detalhe é que esses planetas manteriam sempre o mesmo lado voltado para o sol, como a lua faz em direção à Terra. Nesse locais, o sol ficaria sempre a pino, como se fosse eternamente meio-dia.

Fontes: http://gizmodo.com/
               http://www.sci-news.com/astronomy/

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Estrela zumbi é descoberta com a ajuda do telescópio Hubble

Localizada a 110 milhões de anos-luz da Terra, a estrela anã branca parece ter sobrevivido à explosão que deu origem à supernova SN 2012Z na galáxia NGC 1309

A partir de imagens do espaço captadas pelo telescópio Hubble, cientistas descobriram o que está sendo chamado de uma estrela zumbi.

Localizada a 110 milhões de anos-luz da Terra, a estrela anã branca parece ter sobrevivido à explosão que deu origem à supernova SN 2012Z na galáxia NGC 1309. 

Presente numa foto tirada pelo Hubble entre 2005 e 2006, a estrela também aparece em outra foto tirada em 2013, que já revela a existência da supernova.

"Cientistas acreditam que essa supernova pode ter deixado para trás uma porção sobrevivente da estrela anã - uma espécie de estrela zumbi", afirma texto sobre o assunto publicado no site da NASA.

No ano que vem, novas fotos serão tiradas pelo Hubble para confirmar se a estrela sobreviveu de fato à supernova ou não.

Como se sabe, as supernovas são corpos celestes brilhantes geralmente originados a partir da explosão de uma estrela.

Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

ITER, o experimento científico mais caro da história

Diante de uma possível crise energética que aguarda a humanidade no século atual, cientistas, militares, políticos e investidores do mundo todo apostam suas fichas em uma fonte de energia aparentemente promissora: fusão nuclear.

Nos últimos 60 anos, muitas máquinas foram construídas em uma tentativa de dominar a fusão e, embora nenhum dos experimentos tenha resultado no domínio definitivo da tecnologia, cada tentativa pavimentou o caminho para a iniciativa mais ousada até agora, o ITER (sigla em inglês para “Reator Internacional Experimental Termonuclear”), que será construído em Cadarache (França).

Com 73 metros de altura (sendo 13 abaixo da superfície) e 23 mil toneladas de peso previstos, o ITER é maior que o Arco do Triunfo e três vezes mais pesado que a Torre Eiffel. Suas peças serão fabricadas em diversos países, e algumas devem pesar cerca de 360 toneladas cada. No total, o projeto deverá custar entre 13 bilhões e 16 bilhões de euros (aproximadamente R$ 37,6 bi – RS 46,2 bi), cerca de duas vezes mais caro que o LHC (o Grande Colisor de Hádrons, que ajudou cientistas a encontrar o bóson de Higgs).

Existe uma boa variedade de fontes de energia, mas cada uma tem, naturalmente, complicações: o petróleo eventualmente vai acabar; o carvão, embora exista em abundância, pode provocar uma catástrofe ambiental, dependendo da escala em que for usado; a energia nuclear convencional traz um considerável risco de segurança, e é difícil de descartar seus resíduos; fontes naturais, como vento e energia solar, são inconstantes demais para suprir uma grande demanda energética, embora seu aproveitamento seja cada vez maior, conforme as tecnologias evoluem.

A fusão nuclear, como as outras, não é uma alternativa perfeita, principalmente por causa de incertezas científicas a seu respeito. Contudo, é uma aposta difícil de evitar.

A fusão controlada de átomos (diferente da fissão nuclear, processo que ocorre em uma bomba nuclear) sempre foi considerada uma possível fonte de energia, pois criaria condições como as do sol. A fusão nuclear requer muita energia para acontecer, e geralmente liberta muito mais energia que consome – a tecnologia poderia significar energia abundante e barata, e é mais ecológica que as demais alternativas.

Fonte: http://www.popsci.com/science/

A polêmica do misterioso e indecifrável manuscrito de Voynich

Há quase 100 anos, o manuscrito de Voynich intriga linguistas, criptógrafos e entusiastas de teorias conspiratórias: os textos supostamente escondem uma mensagem secreta, e são acompanhados por ilustrações detalhadas de plantas desconhecidas e outros objetos misteriosos.

Para jogar uma luz sobre o problema, os pesquisadores Marcelo Montemurro (da Universidade de Manchester, Reino Unido) e Damián Zanette (do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina) analisaram o material do ponto de vista estatístico.

Resultado: o manuscrito segue a Lei de Zipf, segundo a qual a palavra mais comum em uma linguagem natural é duas vezes mais usada que a segunda e três vezes mais do que a terceira, e assim por diante – e, dessa forma, teria uma linguagem estruturada.

De acordo com os autores, essa semelhança com linguagens naturais sugere que o texto não é uma farsa: “Enquanto o mistério da origem e do significado do texto ainda precisa ser resolvido, a evidência acumulada a respeito da organização em diferentes níveis limita severamente o escopo da hipótese de farsa, e sugere a presença de uma estrutura linguística legítima”.

O manuscrito, embora só tenha ganhado destaque em 1912 (quando foi comprado pelo vendedor de livros antigos Wilfrid Voynich), data do começo do século 14. Tem 240 páginas, algo que deveria facilitar o trabalho de decifrá-lo, já que haveria bastante material disponível para os criptógrafos analisarem. 

Até o momento, no entanto, foram feitas pelo menos 25 pesquisas sobre o manuscrito, e o fato de nenhuma delas ter decifrado o material reforçava a hipótese de que ele é uma farsa.

O pesquisador Gordon Rugg, da Universidade de Keele (Inglaterra), por exemplo, não está tão otimista quanto Montemurro e Zanette. “Não creio que haja muitas chances de que o manuscrito de Voynich seja simplesmente uma linguagem não identificada, porque há muitas características em seu texto que são diferentes de tudo o que é encontrado em uma linguagem real”, aponta. Rugg até mesmo produziu um texto sem sentido seguindo uma estrutura similar à do manuscrito, para mostrar que tudo pode não passar de uma fraude.

Sem desanimar, porém, Montemurro defende a autenticidade do material. “Depois desse estudo, qualquer novo suporte à hipótese da farsa deve fazer referência explícita a essa sofisticada estrutura. Até agora, isso não foi feito”.

Fontes: http://www.bbc.co.uk/news/science-environment
            http://www.livescience.com/

Bateria elétrica de 2000 anos?

Mustafá Ali Kanso

Como prometido em nosso artigo “Calendário Olímpico em um computador de 2000 anos”  retornamos ao tema “OOPART” (Out of Place Artifact), um dos temas recorrentes na literatura fantástica, como o abordado em alguns de meus contos, tais como os premiados “Propriedade Intelectual” e “Singulares Verita” entre outros (A Cor da Tempestade, Multifoco – 2011).

Como vimos, a expressão “OOPART” (Out of Place Artifact) foi cunhada pelo biólogo Ivan Sanderson Terence para designar objetos relevantes para a história, arqueologia e paleontologia e que foram descobertos fora de contexto ou em sítios incomuns, incluindo também artefatos aparentemente “impossíveis” de serem encontrados naquele local, por serem anacrônicos ou por possuírem uma tecnologia contrastante com os demais artefatos encontrados.

Um dos mais célebres OOPART é a bateria de Bagdá, denominação corrente para um conjunto de artefatos mesopotâmios, cuja criação é atribuída aos Sassânidas no século I ou II de nossa era.

Tais artefatos foram descobertos em 1936 na aldeia de Khuyut Rabbou’a, nas proximidades de Bagdá, no Iraque (daí sua denominação corrente), depois de catalogados como objetos de uso culinário, ou mesmo potes para armazenagem de pergaminhos, passaram a fazer parte do acervo do Museu Nacional do Iraque.

Em 1938 o arqueólogo alemão Wilhelm König, então diretor do museu, fez alguns estudos sobre os artefatos, publicando em 1940 um artigo especulando que tais objetos poderiam ter sido células galvânicas (pilhas elétricas), possivelmente usadas para galvanoplastia do ouro em objetos de prata feitas a partir de soluções de cianeto áurico.

Os artefatos consistem em potes de terracota com cerca de 130 mm de altura e 70 mm de diâmetro contendo um tubo de cobre (feito de uma fina lâmina que foi simplesmente enrolada) que abriga uma haste de ferro . No topo, a haste de ferro é isolada do cilindro de cobre por tampões de betume, e ambos se projetam para fora do vaso. O cilindro de cobre não é estanque à água, por isso, se o vaso for preenchido com algum líquido, tanto a haste de ferro quando o cilindro de cobre serão igualmente embebidos por ele.

A forte corrosão da haste e do cilindro em todos os objetos forneceu forte argumento de que teriam sido usados como eletrodos em um tipo rudimentar de bateria que se utilizaria de algum ácido orgânico, como o ácido acético do vinagre, ou o ácido cítrico de frutos como a uva, e atualmente se especula até a utilização de ácido sulfúrico oriundo de águas vulcânicas.

Do ponto de vista químico, a ideia defendida por König é plausível.

O cobre e o ferro formam, de fato, um par eletroquímico, e na presença de qualquer eletrólito, como uma solução ácida, por exemplo, pode fornecer um potencial elétrico mensurável, algo em torno de 0,5 V em condições padrão de laboratório. (Teoricamente forneceriam cerca de 0,8 V).

Embora não seja uma bateria muito eficiente, tal montagem não faria feio numa feira de ciências, principalmente se fossem ligadas em série e em paralelo para que assim aumentassem respectivamente sua voltagem e sua corrente elétrica.

Além disso, König tinha observado uma série de objetos de prata do antigo Iraque que foram folheadas com camadas muito finas de ouro, e especulou que talvez tenham sido galvanizados com tais baterias elétricas.

Será?

A discussão persiste por mais de 60 anos.

Vários pesquisadores têm apresentados argumentos tanto a favor quanto contra a interpretação de König e a atenção da mídia tem sido despertada para esse caso cada vez que se fala em “OOPART”.

Até os Caçadores de Mitos (MythBusters) construíram réplicas desse artefatos para ver se era realmente possível utilizá-los para galvanoplastia, repetindo o realizado no programa de Artur C. Clark em 1980 (Arthur C. Clarke’s Mysterious World – pela BBC) onde o egitologista Arne Eggebrecht criou um célula galvânica usando suco de uva e com a qual realizou uma eletrodeposição de ouro sobre prata. 

Embora longe de ser completamente resolvida, a polêmica exalta o imaginário popular. 

Mesmo para os mais céticos, essa interpretação continua a ser considerada, no mínimo, uma possibilidade curiosa.

Se estiver correta, os artefatos antecederiam em pelo menos 1800 anos a invenção da célula eletroquímica de Alessandro Volta que deu origem ao que conhecemos atualmente como pilha elétrica.

Fonte: http://hypescience.com/

O universo é infinito: mito ou realidade?

Durante o ano de 1917, Albert Einstein estava às voltas com o problema da inércia (formulada há 400 anos): porque os corpos oferecem resistência à mudança de seu estado atual, um corpo tende a permanecer em repouso ou movimento retilíneo uniforme a menos que alguma força seja aplicada a ele. Mas faltava explicar por que isto acontecia.

Segundo a ideia de outros físicos, a inércia é o resultado da interação com o campo gravitacional de outras estrelas. Mas quantas estrelas? Einstein tinha alguns problemas com a ideia de um universo infinito, com infinitas estrelas: a massa seria infinita, e a inércia também seria infinita – os corpos não se moveriam.

Mas a ideia de um universo limitado flutuando no meio do vazio também tinha seus problemas. Um deles era uma explicação para o motivo das estrelas não escaparem para fora deste universo, esvaziando-o.

A solução pareceu maluca até mesmo para Einstein: o universo poderia ser finito, mas sem bordas, sem limites. O campo gravitacional curvaria tanto o universo que ele fecharia sobre si mesmo. Um universo assim não teria limites, mas seria finito.

Einstein apresentou sua ideia em um trabalho chamado “Considerações Cosmológicas na Teoria Geral da Relatividade”, o mesmo trabalho em que apresentou a sua constante cosmológica, mais tarde chamada por ele de seu “maior erro”, que recentemente acabou sendo ressuscitada pelos físicos, para representar a energia escura.

Para ajudar as pessoas a entender sua ideia, Einstein criou uma metáfora que foi usada até por Carl Sagan para explicar a quarta dimensão. Essa metáfora pede para o leitor imaginar dois exploradores bidimensionais em um universo bidimensional. Estes “habitantes do plano” poderiam andar em qualquer direção na superfície achatada que seria o seu universo, mas os conceitos de “para cima” ou “para baixo” não teriam significado para eles.

Einstein propôs uma pequena mudança neste universo bidimensional, sugerindo um plano ligeiramente curvo. E se o universo destes exploradores fosse ainda bidimensional, mas não fosse plano, e sim, curvo como a superfície de um globo? Uma seta que estes exploradores disparassem viajaria em linha reta, mas eventualmente faria a curva em todo o globo, voltando ao ponto de início.

Desta forma, o tamanho total do universo destes exploradores bidimensionais seria finito, mas eles poderiam viajar em qualquer direção, e nunca encontrariam uma borda. E se viajassem em linha reta acabariam retornando ao ponto de início, sem precisar fazer curva alguma. E se este globo estivesse em expansão, este universo bidimensional também estaria em expansão, mas sem ter bordas.

Einstein então sugere que nosso universo 3D também seria curvo, ou seja, fechado sobre si mesmo, como aquela superfície plana sobre um globo. É complicado de imaginar um universo assim, mas por incrível que pareça, ele pode ser facilmente descrito usando a geometria não Euclidiana que foi criada por Gauss e Riemann. E isto continua valendo para um universo com quatro dimensões, o espaço-tempo.

Em um universo curvado, um raio de luz que viaja em uma direção percorreria o que a nós se pareceria com uma linha reta, e ainda assim faria uma curva e retornaria para o ponto de início. O físico Max Born afirmou que “a sugestão de um espaço finito, mas ilimitado é uma das maiores ideias sobre a natureza do mundo que já foi concebida”.

Mas o que haveria fora deste universo curvado? O que tem no outro lado da curvatura? Estas perguntas não têm resposta. Mais que isto, elas não têm sentido, da mesma forma que não faria sentido perguntar a um daqueles habitantes do mundo bidimensional o que há fora do mundo deles.

Em resumo, Einstein propôs que o universo poderia ser finito, curvado sobre si mesmo. O que determinaria esta curvatura seria a quantidade de massa-energia nele. As medições feitas mais recentemente com a sonda WMAP (“Wilkinson Microwave Anisotropy Probe” ou “Sonda de Anisotropia de Microondas Wilkinson”, que mediu a densidade da radiação cósmica de fundo) apontam para um universo visível plano, com uma margem de erro de 0,4%.

O problema é a expressão “universo visível”. O universo visível é apenas o que pode ser captado com nossos telescópios, e corresponde a uma esfera de alguns bilhões de anos-luz de raio em torno da Terra. Mas isto pode corresponder apenas a um pedaço pequeno do universo total, e este universo total poderia ser tão grande que a medição da curvatura local seria equivalente a zero. 

Enfim, quando a noção de um universo infinito surgiu, não tínhamos ideia de que ele estava na verdade se expandindo, e que essa expansão era acelerada.

Fonte: http://hypescience.com/