Há quase 100 anos, o manuscrito de Voynich intriga linguistas,
criptógrafos e entusiastas de teorias conspiratórias: os textos
supostamente escondem uma mensagem secreta, e são acompanhados por
ilustrações detalhadas de plantas desconhecidas e outros objetos
misteriosos.
Para jogar uma luz sobre o problema, os pesquisadores Marcelo
Montemurro (da Universidade de Manchester, Reino Unido) e Damián Zanette
(do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina)
analisaram o material do ponto de vista estatístico.
Resultado: o manuscrito segue a Lei de Zipf, segundo a qual a palavra
mais comum em uma linguagem natural é duas vezes mais usada que a
segunda e três vezes mais do que a terceira, e assim por diante – e,
dessa forma, teria uma linguagem estruturada.
De acordo com os autores, essa semelhança com linguagens naturais
sugere que o texto não é uma farsa: “Enquanto o mistério da origem e do
significado do texto ainda precisa ser resolvido, a evidência acumulada a
respeito da organização em diferentes níveis limita severamente o
escopo da hipótese de farsa, e sugere a presença de uma estrutura
linguística legítima”.
O manuscrito, embora só tenha ganhado destaque em 1912 (quando foi
comprado pelo vendedor de livros antigos Wilfrid Voynich), data do
começo do século 14. Tem 240 páginas, algo que deveria facilitar o
trabalho de decifrá-lo, já que haveria bastante material disponível para
os criptógrafos analisarem.
Até o momento, no entanto, foram feitas pelo menos 25 pesquisas sobre
o manuscrito, e o fato de nenhuma delas ter decifrado o material
reforçava a hipótese de que ele é uma farsa.
O pesquisador Gordon Rugg, da Universidade de Keele (Inglaterra), por
exemplo, não está tão otimista quanto Montemurro e Zanette. “Não creio
que haja muitas chances de que o manuscrito de Voynich seja simplesmente
uma linguagem não identificada, porque há muitas características em seu
texto que são diferentes de tudo o que é encontrado em uma linguagem
real”, aponta. Rugg até mesmo produziu um texto sem sentido seguindo uma
estrutura similar à do manuscrito, para mostrar que tudo pode não
passar de uma fraude.
Sem desanimar, porém, Montemurro defende a autenticidade do material.
“Depois desse estudo, qualquer novo suporte à hipótese da farsa deve
fazer referência explícita a essa sofisticada estrutura. Até agora, isso
não foi feito”.
Fontes: http://www.bbc.co.uk/news/science-environment
http://www.livescience.com/
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