Sabemos que existe uma temperatura mínima que um corpo pode atingir, o
chamado zero absoluto (-273,15°C), em que suas partículas param de se
movimentar e de emitir energia. Contudo, fica uma dúvida: será que
existe uma temperatura máxima possível? Uma espécie de “calor absoluto”,
tão quente que não teria como esquentar mais?
Para começo de conversa, a ideia de que uma temperatura é “alta” é
relativa. No corpo humano, cuja temperatura média é de 37°C, uma febre
de 42°C pode ser fatal. No Vale da Morte, deserto localizado no leste da
Califórnia (EUA), foi registrada a temperatura atmosférica mais alta já
atingida na Terra: 54°C.
Acha “quente”? Para se preparar uma xícara de café, recomenda-se usar
água a 82°C, temperatura abaixo da ideal para se assar um bolo (100°C),
por exemplo.
Fugindo do dia-a-dia, podemos encontrar temperaturas mais
intimidadoras: lava que acabou de sair de um vulcão pode atingir cerca
de 1090°C, o que não é nada perto do calor da superfície do sol (5,5 mil
°C). Em comparação com seu núcleo, porém, a superfície do sol chega a
ser “fria”: ele atinge 15 milhões °C.
Quando um objeto alcança temperaturas absurdas como a do centro do
sol, libera uma imensa quantidade de energia. Se aquecêssemos a cabeça
de um alfinete a essa temperatura, a energia emitida mataria qualquer um
em um raio de 160 mil km. A temperaturas como essa, a matéria atinge
seu quarto estado físico: o plasma, em que os elétrons começam a
circular dispersos de seus núcleos.
O sol não está nem perto de ser o objeto mais quente do universo: o
núcleo de uma estrela oito vezes maior que ele alcançaria a temperatura
de 3 bilhões °C no momento de seu colapso.
Há uma estrela, chamada WR104, cuja massa é 25 vezes maior que a do
sol. Quando ela “morrer”, irá emitir uma energia maior do que a que o
sol será capaz de gerar durante toda a sua existência. Felizmente, a
WR104 está bem longe, a cerca de 8 mil anos-luz da Terra.
Mesmo na Terra, aliás, já foram geradas temperaturas mais altas que a
do sol: na Suécia, cientistas geraram temperaturas de 1 x 10¹⁸ °C
usando colisores de partículas. As experiências foram seguras, contudo,
porque envolviam poucas partículas e a temperatura permanecia tão alta
apenas por uma fração de segundo.
Qualquer objeto cuja temperatura esteja acima do zero absoluto emite
algum tipo de radiação eletromagnética – para que a radiação emitida se
torne visível ao olho humano, é preciso que a temperatura esteja acima
do Ponto de Draper (525°C).
Há uma relação entre a temperatura de um corpo e o comprimento de
onda da radiação emitida: quanto mais quente o objeto, menor o
comprimento de onda (ou, se preferir, maior sua frequência).
Se um corpo atingisse a temperatura de 141 x 10³⁰ °C (a chamada
Temperatura de Planck), a radiação emitida teria o menor comprimento de
onda possível (161 x 10⁻²⁶ nanômetros), a Distância de Planck. De acordo
com a física quântica, essa é a menor distância possível em nosso
universo. Se aumentássemos a temperatura (e, com isso, diminuíssemos o
comprimento de onda), não se sabe o que aconteceria.
Teoricamente, não há limite para a quantidade de energia que podemos
adicionar a um corpo. Se ultrapassássemos a Temperatura de Planck, é
possível que um buraco negro se formasse – um buraco negro formado a
partir de energia, inclusive, tem um nome especial: Kugoblitz.
Para encerrar, uma pequena curiosidade física: embora o sol emita uma
grande quantidade de energia, não é tanta, levando em conta sua massa
total. Proporcionalmente, um ser humano emite mais calor do que o sol
(lembre-se disso quando estiver com frio).
Fonte: http://gizmodo.com/
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