Mustafá Ali Kanso
De acordo com as pesquisas de uma equipe de astrônomos das
universidades de Portsmouth e Munique a energia escura, prevista em 1998
como sendo a força responsável pela aceleração da expansão do
universo, tem sua existência confirmada com 99,996% de certeza.
“A energia escura é um dos maiores mistérios científicos do nosso
tempo, por isso não surpreende que muitos pesquisadores questionem sua
existência,” comentou Bob Nichol, membro da equipe.
“Mas, com nosso trabalho, estamos mais confiantes do que nunca que
esse exótico componente do universo é real – ainda que nós continuemos
sem saber do que ela é feita,” acrescentou.
A hipótese da energia escura foi levantada em 1998, tendo sido
agraciada com o Nobel de Física de 2011 como resultado do estudo de um
grupo chamado Supernova Cosmology Project.
Nesse estudo fundamentado na observação da supernova
SN 1997ap, o grupo de pesquisadores encabeçado pelos astrônomos norte
americanos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess ressuscitou a
constante cosmológica, abandonada por Einstein e mostrou que nosso
universo está em expansão acelerada.
O trabalho trazia evidências que indicavam valores positivos para a
constante cosmológica e para a densidade de energia do universo (valor
ômega-lambda), mostrando que a matéria e a energia ordinárias com as
quais interagimos corriqueiramente respondem por apenas uma pequena
fração da densidade do universo.
Ao entender as implicações revolucionárias do estudo o astrônomo
Michael Turner cunhou, na época, o termo “energia escura”, um termo
amplo, porém capaz de descrever o gigantesco componente de energia que
deveria existir para explicar o universo.
Além de apresentar a evidência de um universo com uma massa muito
menor do que se acreditava até então, com as observações e refinamentos
posteriores, a teoria cosmológica atual assume que a matéria da qual
somos feitos, denominada matéria bariônica, responde por apenas 4% da
massa do nosso universo, sendo 74%, energia escura e os restantes 22%,
matéria escura.
Até hoje os cientistas não conseguiram uma explicação para o que ela
seria, mas calculam que a energia escura funciona como uma espécie de
“gravidade repulsiva”, mais do que apenas contrabalançar o efeito da
gravidade da matéria comum (bariônica) e da matéria escura, a energia
escura proporciona um saldo positivo capaz de aumentar a velocidade com
que as galáxias estão se afastando uma das outras.
“A confirmação da existência da energia escura acena para possíveis
modificações à Teoria da Relatividade Geral de Einstein,” afirmou
Tommaso Giannantonio, que coordenou os estudos recentes.
“A próxima geração de rastreios de galáxias e da radiação cósmica de
fundo deverá fornecer uma medição definitiva, ou confirmando a
relatividade geral, incluindo a energia escura, ou, de forma ainda mais
intrigante, exigindo um entendimento completamente novo de como a
gravidade funciona”, concluiu.
Sem dúvida essa é uma das maiores descobertas da história da
astronomia, que teve seu início em 1998 e que há quase três lustros vem
ainda suscitando muito mais perguntas que respostas.
Fonte: http://hypescience.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário