quarta-feira, 6 de março de 2013

Novo planeta encontrado orbitando estrela vizinha. Devemos visitá-lo?

Alfa Centauri é o sistema estelar mais próximo ao nosso. É um sistema triplo, com as estrelas Alfa Centauri A e Alfa Centauri B girando em torno de um centro comum em um sistema estelar binário.

Essas duas estrelas brilhantes, uma bem parecida com o nosso sol, compartilham uma órbita binária relativamente próxima, e estão no nosso “quintal cósmico”, a cerca de 4,3 anos-luz de distância de nós. 

Essa proximidade e possível semelhança conosco tornou o sistema bastante interessante aos cientistas, que queriam explorar sua capacidade de habitar planetas.

Depois de anos de pesquisa, os astrônomos finalmente avistaram um planeta com a mesma massa da Terra em Alfa Centauri. Embora o planeta orbite muito perto de sua estrela-mãe para hospedar vida, sua descoberta abre a possibilidade de o sistema hospedar mais mundos, talvez mais hospitaleiros.

Segundo Xavier Dumusque, do Observatório de Genebra, na Suíça, encontrar tais mundos será um desafio, no entanto.
Até agora, os “caçadores de planetas” descartaram a presença de gigantes gasosos semelhantes a Júpiter em Alfa Centauri. 

Enquanto isso, encontrar planetas menores com os métodos disponíveis exigiu paciência. Usando o Observatório La Silla, no Chile, Dumusque e colegas passaram quatro anos tentando detectar o planeta em torno de Alfa Centauri B, a menor das duas estrelas. O meticuloso processo incluiu cerca de 450 observações da pequena oscilação gravitacional que o planeta induz em Alfa Centauri B conforme a orbita.

A equipe calcula que o novo planeta tem cerca de 1,13 vezes a massa da Terra, o que significa que é provável que tenha uma composição rochosa, como a nossa. No entanto, um “ano” no planeta equivale a pouco mais de três dias da Terra – ou seja, ele não deve ser tão parecido conosco assim.

“A temperatura da superfície deve ser de centenas – milhares – de graus. Há talvez lava flutuando no planeta”, especulou Dumusque. 

Ainda assim, planetas tendem a não ser solitários, de modo que o sistema deve ter outros mundos, provavelmente rochosos também. Há uma chance de algum ser detectado na zona habitável, a região em torno da estrela mais propensa a abrigar a vida como a conhecemos (nesse caso, um pouco mais longe de Alfa Centauri B).

Essa é uma boa notícia, certo? É só mandarmos uma missão para o sistema estelar mais próximo ao nosso, e ver se tem vida lá, não é mesmo?

Não. Para visitar nossos vizinhos, precisaríamos levar algumas bibliotecas para viagem. Mesmo com a nave espacial mais rápida do mundo atualmente, a sonda Helios-2, o trajeto a Alfa Centauri levaria 19.000 anos, assumindo que viajássemos em alta velocidade o tempo todo, o que é improvável.

Por enquanto, nada indica que teremos tecnologia suficiente para chegar lá mais rápido muito cedo. A mídia tem desafiado o empresário espacial Elon Musk, fundador da SpaceX, a se envolver em um projeto rumo a Alfa Centauri, mas, a não ser que ele ou outros milionários resolvam investir em novas ideias para criar uma nave mais rápida, isso não deve acontecer em breve.

Se alguém aceitar o desafio, poderia recorrer a projetos como o do físico Freeman Dyson, que em 1968 sugeriu que alguém enviasse sua espaçonave idealizada Orion para o sistema de estrelas Alfa Centauri. Ele a imaginou sendo alimentada por ondas de choque de uma série de explosões nucleares. Viajando em pouco mais de 3% da velocidade da luz, ela chegaria no sistema em apenas 133 anos, por um custo igual a apenas 10% do PIB dos EUA.

Mesmo que pudéssemos chegar até, digamos, o novo planeta descoberto em Alfa Centauri B, seria muito difícil que sobrevivêssemos, afinal, ele é quente demais para nós (sem contar a provável lava flutuante).

Supondo que até lá já tenhamos um traje especial contra tamanho calor e já tivéssemos superado qualquer outra dificuldade, quando colocássemos nossos pés no planeta e olhássemos para cima, o céu noturno não seria muito diferente do da Terra, já que ele está tão próximo de nós (veríamos a mesma parte do universo que vemos daqui).

A maior diferença estaria na constelação de Cassiopéia. Quando vista da Terra, ela parece cinco estrelas em forma de W, mas de Alfa Centauri adquiriria uma sexta estrela – o nosso próprio sol.

E se os astronautas, enquanto observassem nosso sol como uma estrela no céu de Alfa Centauri sentissem saudades de casa e tivessem uma antena extremamente sensível, poderiam sintonizar nossa TV – mas só conseguiriam assistir repetecos.

Isso porque as transmissões de rádio e TV viajam a partir da Terra à velocidade da luz. Agora, Alfa Centauri está pegando nossas transmissões de cerca de quatro anos e quatro meses atrás. 

Isso significa que qualquer habitante daquele sistema estelar está agora acompanhando o final da quarta temporada de Lost e, em poucos meses, verão Barack Obama ser eleito presidente dos EUA – pela primeira vez, é claro.

Qual é o nome do novo planeta? Tradicionalmente, exoplanetas herdam o nome de sua estrela-mãe, e o primeiro planeta descoberto do sistema é denominado “b”, o próximo “c” e assim por diante. 

O sistema Alfa Centauri é binário. O novo planeta orbita Alfa Centauri B. Seu nome oficial, portanto, é Alfa Centauri B b.
Chato, não? Não podemos pensar em um nome melhor?

Bem da verdade, ao longo dos anos, já pensamos em vários nomes para os “ficcionais” planetas de Alfa Centauri.

O sistema é famoso e bastante popular em filmes e tramas sci-fi. Embora os planetas “de mentirinha” de Alfa Centauri orbitem mais frequentemente a estrela maior do par, nunca foram nomeados simplesmente por uma letra do alfabeto ocidental.

Em sua série Foundation, Isaac Asimov concedeu o nome “Alfa” para um mundo orbitando Alfa Centauri A. Arthur C. Clarke apelidou seu mundo de “Pasadena” no livro The Songs of Distant Earth (As Canções da Terra Distante). O filme Avatar se passa em Pandora, uma lua que orbita o gigante de gás Polifemo (nome tirado de um ciclope da mitologia grega) em torno de Alfa Centauri A, enquanto os jogadores do game Sid Meier’s Alpha Centauri são desafiados a colonizar um planeta fictício chamado Chiron.

Com 19.000 anos para chegar lá, tenho certeza que teremos tempo de inventar nomes ainda melhores.

Fonte: http://www.newscientist.com/

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