quarta-feira, 6 de março de 2013

Imagem mais profunda já feita do universo mostra que erramos a contagem das galáxias em, ao menos, 75 bilhões

Na astronomia, lidamos com objetos muito mais tênues do que a vista humana consegue captar, às vezes tão tênues que mesmo um olho artificial, como uma câmera fotográfica, tem que ficar aberto durante horas para registrar o objeto: é a chamada fotografia de longa exposição.

O Telescópio Espacial Hubble é capaz de fazer fotografias de longa exposição, mas de um tipo que não poderia ser feito aqui na Terra. 

Para tanto, o telescópio seleciona uma pequena região do céu onde aparentemente não há nada, um trecho completamente escuro. Em seguida, seu sensor aponta para aquela região por 11 dias. O resultado final é incrível, e já gerou imagens belas, como as do Campo Ultra Profundo Hubble (HUDF).

Na imagem abaixo, cada ponto de luz é uma galáxia: são cerca de 10.000 somente naquele pequeno trecho do céu.


Fazendo uma extrapolação para o céu inteiro, que é 10 milhões de vezes maior que o trecho fotografado pelo Hubble, os astrônomos chegaram a um número incrível: o nosso universo deveria ter no mínimo 100 bilhões de galáxias.

Mas este não é o fim da história. Existem galáxias que tem o brilho mais fraco ainda, que 11 dias de observação do Hubble não são suficientes para captar. E existem também galáxias que tem sua luz desviada para o vermelho além da faixa captada pelos filtros vermelhos do Hubble. Quantas galáxias não apareceriam a mais se os astrônomos tivessem um pouco mais de paciência?

Foi o que fizeram. Repetiram o mesmo processo, só que durante um período de 23 dias, espalhados pelo período de uma década, mais do que o dobro do tempo do Campo Ultra Profundo, e em uma região ainda menor.

O resultado é o Campo Extremamente Profundo do Hubble (XDF).


A imagem parece familiar porque uma uma parte do campo ultra profundo foi escolhida para ser fotografada ainda mais profundamente.

E, sem surpresas, ainda mais galáxias apareceram na mesma região do espaço. A imagem abaixo serve de comparação: trata-se da mesma região do espaço, tanto no HUDF (esquerda) quanto no XDF (direita):


Bastante impressionante, não? O XDF tem talvez 75% mais galáxias por trecho de céu que o HUDF! Aplicando este resultado para o céu inteiro, o número de galáxias do universo passam de no mínimo 100 bilhões para no mínimo 175 bilhões de galáxias.

Novamente, a aplicação deste resultado é feita multiplicando o número de galáxias encontradas pelo XDF – 5.500 -, pelo número de vezes que cabe o XDF no céu inteiro – cerca de 32 milhões. Veja a comparação do XDF com o tamanho da lua, em um quadrado que cobre um ângulo de 1°.


Mas este ainda não é o fim da história. Ainda há um novo capítulo a ser escrito. O XDF foi feito para captar mais galáxias que estão a uma distância entre 5 e 9 bilhões de anos-luz, fracas demais para serem captadas pelo HUDF. Mas ele encontrou a maioria das novas galáxias na região além dos 9 bilhões de anos-luz.

Só que esta região, além dos 9 bilhões de anos-luz, é uma região em que as galáxias estão com o redshift (desvio para o vermelho) além da sensibilidade do Hubble. Para captar a imagem de mais galáxias, precisamos de um telescópio tão poderoso quanto o Hubble, mas que trabalhe na região do infravermelho.

O Telescópio Espacial James Webb (JWST) será este telescópio. Quantas galáxias veremos com este telescópio que vai trabalhar apenas na faixa do infravermelho? Alguns estimam que o número mínimo de galáxias passe da casa do trilhão.

Enquanto o JWST não fica pronto, lembramos do Hubble, e de que quanto mais olhamos, mais e mais galáxias encontramos.


Fonte: http://blogs.discovermagazine.com/crux/

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