domingo, 9 de setembro de 2012

Partícula exótica em crise de identidade é observada pela primeira vez

Depois de tantos anos, a tão procurada partícula de Majorana finalmente foi encontrada. O feito é dos cientistas da Universidade Tecnológica de Delft, na Holanda, e da Fundação para Pesquisa Fundamental da Matéria, também nos países baixos.

Na década de 1930, o físico italiano Ettore Majorana deduziu da teoria quântica a possibilidade de uma partícula bastante especial existir: a partícula que é sua própria antipartícula. Essa seria o férmion de Majorana, que estaria bem na fronteira entre a matéria e a antimatéria.

Os resultados da pesquisa – financiada também pela Microsoft – foram publicados na revista “Science”, sob a liderança do físico Leo Kouwenhoven.

O férmion de Majorana é bastante interessante não só porque sua descoberta abre novas possibilidades para a física fundamental, mas também por ter um papel na cosmologia.

Uma teoria proposta há alguns anos defende que a matéria escura, que forma grande parte do universo, é composta pelos férmions de Majorana. 

Além disso, os cientistas acreditam que essas partículas possam ser fundamentais para a computação quântica. Tudo isso ainda é apenas especulação científica, mas, segundo os pesquisadores, computadores quânticos que utilizassem esses férmions seriam excepcionalmente estáveis e quase imunes a influências externas.

O grupo de pesquisadores conseguiu criar um dispositivo eletrônico em escala nano, no qual um par desses férmions “apareceram”.
 
Os especialistas fizeram isso combinando um fio nano, portanto extremamente pequeno, feito por colegas da Universidade Tecnológica de Eindhoven, na Holanda, com materiais supercondutores e com um campo magnético bastante forte.

“As medições da partícula não podem ser explicadas por outra razão que não seja a presença de um par de férmions de Majorana”, explica Kouwenhoven.

Embora o Grande Colisor de Hádrons não pareça ser tão sensível quanto necessário para detectar esses férmions, existe outra possibilidade: eles podem aparecer em nanoestruturas.

“A magia na mecânica quântica é que a partícula de Majorana criada dessa maneira é similar a outras observadas em um acelerador de partículas, embora sejam difíceis de compreender”, diz Kouwenhoven.

A vida de Ettore Majorana foi tão misteriosa quanto sua partícula. Em 1938, ele retirou todo o seu dinheiro do banco e desapareceu durante uma viagem de Palermo para Nápoles. Se ele se suicidou, se foi assassinado ou se viveu com uma identidade diferente, ainda é fato desconhecido. Certo é que nenhum traço de Majorana jamais foi encontrado. 

Fonte: http://www.sciencedaily.com/

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