A Via Láctea e Andrômeda são irmãs: duas grandes espirais que dominam
nosso grupo local de galáxias. Elas têm quase a mesma massa total e até
hoje tinham conseguido nos passar a perna, fazendo com que
acreditássemos que fossem quase gêmeas.
Mas a farsa acabou. “Conforme olhamos mais detalhadamente, observamos
que elas são bem diferentes”, afirma o astrofísico Alan McConnachie, do
Instituto Herzberg de Astrofísica, em Vitória, no Canadá.
Andrômeda é a filha preferida. É mais brilhante, com um disco mais
amplo de estrelas. O buraco negro localizado em seu coração é cem vezes
maior que o nosso e, enquanto nossa galáxia é coberta por
aproximadamente 150 dos mais brilhantes cúmulos globulares (coleção
esférica de estrelas que orbita o núcleo galáctico tal qual um
satélite), Andrômeda exibe mais de 400.
E agora o leitor deve se perguntar se Andrômeda seria então um
espécime exemplar de galáxia. Ao que parece, não. Em 2007, o astrofísico
François Hammer e seus colegas, do Observatório de Paris, na França,
compararam Andrômeda e nossa galáxia com amostras de galáxias mais
distantes.
Eles descobriram que, enquanto Andrômeda é uma espiral bem simétrica e
ajustada, a Via Láctea é excêntrica e esquisita: mais escura e
sossegada do que todas as outras galáxias, com exceção de umas poucas
colegas.
Isso provavelmente acontece porque espirais típicas, como Andrômeda,
são transformadas por colisões com outras galáxias durante seu tempo de
vida. Esses eventos violentos balançam os gases da galáxia e formam
novas estrelas e cúmulos globulares, que agitam o disco de maneira que
se espalhe mais, enviando alguns gases e estrelas que mergulham no
coração da galáxia para alimentar um buraco negro central mais poderoso.
Ao contrário, a Via Láctea vive relativamente sem maiores
perturbações. Se não fossem alguns poucos encontros com algumas poucas
galáxias, como a Anã de Sagitário, a qual a Via Láctea está devorando
lentamente, não veríamos muita ação por aproximadamente 10 bilhões de
anos.
Talvez por esse mesmo fator, o de vivermos em uma região estável, é
que temos a possibilidade de notar a diferença. Espirais mais
perturbadas sofrem mais explosões de supernovas – explosões poderosas
por expulsar para o espaço até 90% da matéria de uma estrela –, o que as
tornam nada propícias para habitar tipos de vida complexa.
Fonte: http://www.newscientist.com/
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