Os últimos dias estão sendo agitados no campo da astrofísica. A empolgação geral com a comprovação da existência do bóson de Higgs praticamente encobriu outra descoberta fascinante: a matéria escura foi identificada diretamente pela primeira vez.
Pesquisadores do Observatório da Universidade de Munique, na
Alemanha, detectaram uma gigantesca cadeia de matéria escura entre dois
super-aglomerados de galáxias, Abell 222 e Abell 223. Astrônomos já
haviam pressuposto que o espaço entre as galáxias era composto por
matéria escura e fria, mas ela nunca havia sido detectada diretamente.
Essa descoberta ajudará os cientistas a entender a evolução do universo.
O universo é preenchido com filamentos de matéria escura, uma
misteriosa substância que não pode ser vista. Cientistas sabem que essa obscura estrutura existe
porque ela pode ser detectada através de sua atração gravitacional.
Calcula-se que a matéria escura componha cerca de 83% da massa de nosso
universo.
Alguns cientistas eram céticos com a possibilidade de detectar
filamentos de matéria escura atualmente, acreditando que seria
necessário esperar por telescópios mais avançados. Mas graças à
geometria espacial rara desses dois aglomerados de galáxias, os
cientistas alemães conseguiram detectar sinais do que é conhecido como lente gravitacional
fraca. O efeito dessa lente gravitacional faz com que a luz de um
objeto, como uma galáxia, apareça com sua imagem inclinada na Terra
quando passa perto de um aglomerado massivo.
A estrutura de matéria escura encontrada aparece justaposta com a
distribuição de matéria comum, o que permite uma comparação sem
precedentes entre as duas fontes de gravidade. A matéria escura pode ser
detectada porque a forte gravidade do filamento que une os dois
aglomerados de galáxias – que ficam a 2,7 bilhões de anos-luz de
distância da Terra – funciona como uma lente para a luz que vem de
galáxias mais distantes em direção ao nosso planeta. Astrônomos usaram
essa luz para calcular a massa e o formato do filamento.
A partir de raios-X emitidos pelo gás quente de matéria comum,
cientistas descobriram que essa matéria compõe apenas 9% da massa do
filamento. Outros 10% podem ser atribuídos às estrelas e galáxias
visíveis. E o restante? A famosa matéria escura, que conecta aglomerados
de galáxias pelo universo.
Entender a relação entre a matéria comum e a matéria escura pode
ajudar os cientistas a entenderem como a matéria escura é formada, e
consequentemente, entender a estrutura do universo. No futuro – não tão
distante, esperamos – poderá ser possível descobrir o que compõe a
obscura e misteriosa matéria escura.
Fonte: http://hypescience.com/
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