Parece filme de terror ou um episódio de magia negra típico da Idade
Média, mas é pura ciência. Pilhas de feno, carvão, toras de madeira,
algodão e até mesmo papel às vezes realmente pegam fogo espontaneamente.
E essa combustão não acontece porque os materiais estão muito secos,
mas justamente porque eles foram acomodados juntos quando estavam muito
molhados.
A combustão espontânea, ou uma erupção súbita de fogo, soa muito mais
misteriosa do que na verdade é. O fenômeno nos dá a impressão de ser um
evento quase sobrenatural, que não pode ser antevisto nem previnido por
nós, pobres seres humanos. Porém, esses episódios de incêndio
espontâneo são tão comuns que muitas indústrias se esforçam para impedir
que isso aconteça o tempo todo. Os lugares que correm mais riscos são
celeiros, campos de feno e florestas.
E a grande culpada disso tudo é a água. A água faz com que os processos biológicos sejam possíveis. Por sua vez, os processos biológicos podem gerar uma grande quantidade de calor.
Tudo começa com a respiração. As células vegetais podem levar algum
tempo para morrer, e se há uma grande quantidade de água dentro de uma
planta – se ela for muito verde – a planta respira, colocando para fora
calor e água. Em seguida, as bactérias e os fungos assumem o controle.
Se eles estiverem em um ambiente quente e úmido, eles vão romper a
matéria vegetal ao seu redor, gerando ainda mais calor, e se reproduzir.
A água ainda desempenha um papel na difusão do calor, aquecendo a área
em torno do centro da pilha do material prestes a pegar fogo
espontaneamente.
Eventualmente, a temperatura atinge um ponto crítico e começa a
arder, mas ainda sem chamas. O mais assustador é que o amontoado de
material pode aquecer o quanto quiser, mas sem exposição ao oxigênio não
pode efetivamente começar a queimar. Isso até que alguém exponha o
material superaquecido ao ar. Em seguida, ele explode em chamas de
dentro para fora.
Até mesmo um metal pode ajudar a água a transformar um monte de
matéria vegetal em um inferno. Alguns metais, como o cobre, reduzem de
forma eficaz a temperatura de combustão do material em torno deles. Eles
agem como catalisadores, retêm o oxigênio do ar e o liberam para o
material, facilitando sua combustão.
Já houve relato de uma pilha de madeira de duas toneladas explodindo
sozinha. Isso ocorreu porque a água foi liberada de dentro das toras de
madeira, que haviam sido cobertas por acetona antes de terem sido
agrupadas. Sais de ferro do material se aqueceram o suficiente para
acionar a acetona, e toda essa combinação resultou na combustão de toda a
pilha.
Como se vê, às vezes a água é exatamente o que você precisa para começar um incêndio.
Humanos também podem queimar “do nada”?
A combustão espontânea em humanos
é um suposto fenômeno bem mais complicado de ser explicado. Apesar de
nunca ter sido testemunhado em toda a história da medicina, centenas de
mortes já foram atribuídas à combustão humana espontânea.
Em todos os casos, coincide o relato de que objetos próximos da
vítima como móveis e até mesmo a cama onde ela estava, por mais que
fossem inflamáveis, não pegaram fogo. Assim como no caso da combustão de
materiais, a humana parece começar de dentro para fora, uma vez que as
vítimas que teriam falecido dessa forma muitas vezes apresentavam as
extremidades praticamente intactas.
Em 2011, o investigador irlandês Kieram McLoughlin atribuiu a morte de um homem de 76 anos à combustão humana espontânea(veja aqui),
no primeiro destes casos em seus 25 anos de experiência. É muito comum
estes casos ocorrerem com idosos próximos de uma lareira ou cigarros que
podem morrer de causas naturais e/ou ficarem incapacitados para
combaterem uma chama nas próprias roupas.
No entanto, médicos e cientistas reafirmam que a possibilidade de que
um corpo humano entre em combustão de forma espontânea é remota, uma
vez que é formado principalmente de água. Apesar de conter metano e
gordura em sua composição, um corpo é muito difícil de ser queimado – a
cremação, por exemplo, requer temperaturas próximas aos 900°C.
Fonte: http://io9.com/
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