Professor Vince Gaffney no Warren Field
Arqueólogos da Universidade de Birmingham (Reino Unido) acreditam ter
descoberto o mais antigo calendário lunar do mundo em Aberdeenshire.
As escavações de um campo no Castelo de Crathes revelaram uma série
de 12 poços que parecem imitar as fases da lua e acompanhar os meses
lunares, datando de 8.000 aC.
A base do calendário lunar é o movimento da lua em torno da Terra, isto é, o mês lunar sinódico, que é o intervalo de tempo entre duas conjunções da lua e do sol. Como a sua duração é de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,8 segundos, o ano lunar (cuja denominação é imprópria) de 12 meses abrangerá 254 dias, 8 horas, 48 minutos e 36 segundos. Os anos lunares têm que ser regulados periodicamente, para que o início do ano corresponda sempre a uma lua nova. Na antiguidade, e mesmo depois, houve frequentes erros de observação desse início.
Os pesquisadores sugerem que o antigo monumento foi criado por caçadores-coletores cerca de 10.000 anos atrás.
O alinhamento do poço, em Warren Field, foi escavado pela primeira
vez em 2004. Os especialistas que analisaram os poços disseram que ele
pode ter contido um poste de madeira.
O “calendário” Mesolítico é milhares de anos mais velho do que os
primeiros monumentos de medição do tempo conhecidos até então, criados
na Mesopotâmia.
O alinhamento dos poços também é ajustado ao nascer do sol do
Solstício de Inverno para prover uma “correção astronômica anual”, de
forma que os caçadores-coletores podiam melhor acompanhar a passagem do
tempo e a mudança das estações.
“A evidência sugere que as sociedades de caçadores-coletores na
Escócia tinham tanto a necessidade quanto a sofisticação de controlar o
tempo para corrigir o desvio sazonal do ano lunar, e que isso ocorreu
cerca de 5.000 anos antes dos primeiros calendários formais conhecidos
no Oriente Próximo”, disse Vince Gaffney, professor de arqueologia em
Birmingham e principal autor da pesquisa. “Isso ilustra um passo
importante na construção formal do tempo e, portanto, da própria
história”.
A capacidade de medir o tempo está entre as mais importantes
realizações humanas e a questão de quando o tempo foi “criado” pela
humanidade é fundamental na compreensão de como a sociedade se
desenvolveu.
As universidades de St Andrews, Leicester e Bradford também estavam
envolvidas no estudo. Dr. Richard Bates, da Universidade de St Andrews,
disse que a descoberta fornece uma “nova prova emocionante” do início do
período Mesolítico na Escócia.
“Este é o primeiro exemplo de uma estrutura do tipo. Não há local
comparável conhecido na Grã-Bretanha ou na Europa por vários milhares de
anos”, afirma Bates.
Fonte: http://hypescience.com/
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