Chaminés, fornos e tubos de escape de carros são algumas fontes que
liberam dióxido de carbono para o ar. Parte desse dióxido acaba
dissolvido na água do mar, como ácido carbônico.
Como o dióxido de carbono na atmosfera hoje em dia chega a 380 partes
por milhão (ppm), enquanto os últimos milhões de anos viram oscilações
entre cerca de 180 e 280 ppm, não é nenhuma surpresa que a água do mar
esteja mais ácida do que durante este período recente da história da
Terra.
Como sempre, não é só a dimensão dessa mudança que é importante, mas sua velocidade.
Um novo estudo tentou medir a taxa atual dessa mudança, contra o que
aconteceu em épocas pré-industriais, mas ficou dependente de modelos de
computador para fornecer estimativas históricas.
Apesar dessa ressalva, os números da pesquisa são surpreendentes,
sugerindo que a atual taxa de acidificação é duas ordens de magnitude
maior do que o que aconteceu no final da última Era Glacial.
Será que animais marinhos, plantas e ecossistemas podem viver com
isso? Como os oceanos ficarão no futuro? Será que ainda vão ser capazes
de nos fornecer os alimentos que precisamos?
Alguns experimentos em laboratório sugerem problemas. Por exemplo, na
semana passada, uma equipe de pesquisadores australianos descobriu que
níveis aumentados de CO2 na água do mar afetam a química do cérebro de
peixes alterando seu comportamente.
Algumas pessoas podem dizer que o que está acontecendo não é um
aumento da acidez, e sim uma queda na alcalinidade, portanto, não se
pode chamar isso de acidificação.
De uma certa forma, isso está correto. Com o pH de 8,1 e caindo, a água do mar está a caminho de alcalina para neutra.
Mas isso é irrelevante. Os organismos e ecossistemas se adaptam a
qualquer acidez ou alcalinidade que encontram, mas precisam de tempo
para fazê-lo e, em alguns casos, por exemplo, para animais que precisam
formar conchas, essa adaptação pode ser impossível.
De qualquer forma, há uma riqueza de evidências de que a acidificação
dos oceanos é motivo de preocupação – talvez até mais do que os efeitos
climáticos das emissões de CO2.
Algumas convenções climáticas já mencionam os problemas da
acidificação. A Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável) oferece uma maneira de colocar a questão
sobre as mesas de presidentes e primeiros-ministros, e é um movimento a
ser ativamente prosseguido.
A Comissão Oceanográfica Internacional da Unesco é um dos organismos
das Nações Unidas dedicado a falar sobre a acidificação na agenda Rio.
Tal como acontece com os impactos do clima, há uma agenda preocupada
com lidar com os impactos da acidificação, bem como uma agenda
preocupada com a redução da tendência em si.
Alguns anos atrás, por exemplo, os cientistas mostraram que manter a
população de peixes equilibrada e saudável em um recife oferece proteção
contra impactos de temperatura e acidez.
Uma solução pode ser encontrada, mas o problema precisa ser reconhecido.
Fonte: http://hypescience.com/
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