“Lisa, aqui nesta casa nós respeitamos as Leis da Termodinâmica!”,
exclamou Homer, incomodado porque sua filha havia inventado uma máquina
de movimento perpétuo (que “criava” sua própria energia, assim, poderia
funcionar indefinidamente).
Com humor inteligente, Os Simpsons estavam se referindo a uma lei
física segundo a qual não se pode simplesmente criar energia “do nada”.
Até aqui, tudo bem. Quando passamos da física convencional para a
quântica, porém, as coisas começam a complicar – e chegam a soar um
tanto absurdas.
De acordo com o Princípio da Incerteza de Heisenberg (um dos pilares
da física quântica), não é possível saber, com precisão, a velocidade e a
posição de uma partícula. Quando você mede uma, a outra muda. É tão
exótico que, desde que foi proposto (em 1927), muitos cientistas ainda
quebram a cabeça com ele – Einstein, inclusive, ficava “incomodado”.
Para (tentar) facilitar as coisas, as pesquisadoras Stephanie Wehner e
Esther Hänggi, da Universidade Nacional de Cingapura, fizeram uma
analogia usando linguagem da informação. Elas propõem que, da mesma
forma que você não consegue saber a localização e a velocidade de uma
partícula, você não é capaz de decodificar ao mesmo tempo duas mensagens
em uma mesma linha.
Ao decodificar uma, você dificulta a leitura da outra. Se o Princípio
da Incerteza não existisse, você poderia ler ambas simultaneamente. É
como gastar determinada quantidade de energia e conseguir o dobro de
resultado. Resultado que aparece “do nada” – como na máquina de
movimento perpétuo montada por Lisa.
“A Segunda Lei da Termodinâmica é algo que vemos em toda parte e que
ninguém questiona”, diz o físico teórico Mario Berta, do Instuto Federal
de Tecnologia da Suíça. “Agora sabemos que, sem o Princípio da
Incerteza, seríamos capazes de quebrar a Segunda Lei”.
Assim, o Princípio continua estranho mas, se não existisse, as coisas seriam ainda mais estranhas.
Fonte: http://www.newscientist.com/
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