segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Nossos antigos ancestrais bípedes eram muito diferentes dos macacos de hoje?

Uma equipe de paleoantropólogos da Universidade de Stony Brook (EUA) analisou o fêmur de um dos mais antigos ancestrais humanos, o Orrorin tugenensis, de seis milhões de anos de idade, e descobriu que o hominídeo bípede que vivia em árvores não se parecia com um macaco atual.

O pesquisador Sergio Almécija e seus coautores esclareceram e contextualizaram o lugar do Orrorin tugenensis na evolução humana. Através de análises de morfometria geométrica 3D sobre a forma e as características do fêmur de Orrorin, eles revelaram que sua morfologia era “intermediária” entre fósseis de macacos antigos e ancestrais humanos posteriores.

Os resultados abrem um novo caminho em pesquisas sobre a evolução bípede, já que ilustram que hominídeos e macacos vivos evoluíram em direções diferentes de macacos fósseis do Mioceno (23 a 5 milhões de anos atrás).

Não éramos chipanzés

Orrorin tugenensis é um fóssil do leste da África considerado uma das melhores espécies candidatas a ser consideradas parte dos primeiros hominídeos. No entanto, seu status de hominídeo tem sido questionado por alguns cientistas.

Macacos do Mioceno são parentes fósseis da linhagem macaco-humana, com formas corporais em algum lugar entre os macacos e símios vivos. A maioria dos macacos do Mioceno se locomovia sobre quatro patas em árvores, em vez de suspender-se nos ramos.

Os pesquisadores analisaram o fêmur do Orrorin com instrumentos de ponta, e o compararam não só com outros fósseis hominídeos disponíveis, mas também com grandes macacos, gibões e, mais importante, com macacos fósseis que viveram no Mioceno. A análise incluiu mais de 400 espécimes.

“Nós descobrimos que o fêmur de Orrorin é surpreendentemente ‘intermediário’ na idade e anatomia entre macacos do Mioceno quadrúpedes e ancestrais humanos bípedes”, disse o Dr. Almécija. “Nosso estudo salienta a necessidade de incorporar os macacos fósseis em análises e discussões que tratam da evolução do bipedalismo humano, uma investigação que deve deixar de considerar os chipanzés como padrão/ponto de partida para modelos futuros”.

O Dr. Almécija explica que, porque os chipanzés são nossos parentes mais próximos, em termos de dados moleculares, a maioria dos paleoantropólogos presume que o último ancestral comum de chimpanzés e humanos se pareciam exatamente com um chimpanzé. Por essa razão, os macacos do Mioceno tem sido largamente ignorados na literatura científica sobre as origens humanas.

Embora os chipanzés e outros grandes macacos ainda possam representar bons modelos ancestrais de outras regiões anatômicas, este novo estudo prova que não é o caso do fêmur proximal.

Com base na morfometria geométrica 3D, os pesquisadores chegaram a conclusão de que o fêmur do Orrorin é mais semelhante com o do macaco do Mioceno Proconsul nyanzae, e também intimamente ligado ao Australopithecus afarensis (espécie do famoso fóssil nomeado Lucy).

No geral, os pesquisadores apontam que o Orrorin não tinha uma aparência intermediaria entre humanos modernos e grandes macacos existentes, mas sim intermediária entre macacos plesiomórficos e hominídeos do Pleistoceno.

A reconstrução e os resultados da equipe também revelam que alguns macacos do Mioceno podem representar um modelo mais adequado para o ancestral morfológico de hominídeos evoluídos do que grandes símios, em particular o chipanzé de hoje.

“Macacos vivos têm histórias evolutivas longas e independentes da nossa, e suas anatomias modernas não devem ser assumidas para representar a condição ancestral da nossa linhagem humana”, explicou um dos autores do estudo, Dr. William Jungers. “Precisamos de uma melhor compreensão do paleobiologia de macacos do Mioceno, a fim de nos informar corretamente a respeito de como e quando andar sobre duas pernas tornou-se parte de nossa herança”.

Fonte: http://www.sciencedaily.com/

Um comentário: