sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

10 gênios clássicos extremamente excêntricos

Como já sabemos, as pessoas criativas são muito estranhas. Muitas delas têm personalidades esquizotípicas, resultando em experiências perceptivas incomuns, uma preferência por atividades solitárias, paranoia leve, etc.

Nem todas as pessoas criativas ou gênios têm transtornos de personalidade, é claro. Mas essa, definitivamente, é uma peça do quebra-cabeça de por que tantos intelectuais e artistas tendem a ser excêntricos.

Confira 10 gênios clássicos especialmente bizarros:

10. Demóstenes (384 a 322 aC)


O estadista ateniense Demóstenes, considerado o maior orador grego, usou seus dons para se opor aos tiranos Filipe da Macedônia e Alexandre, o Grande. Plutarco, em seu livro Vidas Paralelas, conta que Demóstenes se inspirou no advogado Calistrato para se tornar um orador, quando percebeu a forma brilhante com que ele tinha feito um apelo em nome de um cliente. Mas Demóstenes tinha alguns obstáculos intimidantes para superar. Plutarco descreve que ele tinha “uma certa fraqueza de voz, e indistinção de expressão e falta de ar, o que perturbava o sentido do que ele dizia, separando as suas sentenças”. Seus primeiros discursos em público foram recebidos com risos, e Demóstenes resolveu superar suas dificuldades com medidas como praticar falar com a boca cheia de pedrinhas. Mais do que isso, ele se disciplinou a não se distrair. Para isso, construiu um local de estudo subterrâneo onde trabalhava sua voz por dois ou três meses de cada vez. Para lutar contra a tentação de passear e fazer outras coisas em outros lugares, ele raspou metade de sua cabeça. Como o penteado o deixava muito envergonhado de mostrar-se em público, ele permanecia em sua câmara subterrânea praticando.

9. James Joyce (1882-1941)


O escritor James Joyce era quase cego. Com apenas seis anos de idade, ele recebeu seu primeiro par de óculos. Aos 25, ele foi diagnosticado com irite, uma inflamação dolorosa e potencialmente cegante da íris. Durante toda a vida, Joyce teve que passar por várias operações mal sucedidas para reparar um ou outro olho. Seus estranhos hábitos de escrita eram, portanto, por necessidade e não caprichos pessoais.

A irmã de Joyce, Eileen, conta que ele ia para a cama à noite escrever deitado de barriga para baixo, vestindo um casaco branco. Eileen percebeu mais tarde que o casaco era usado para refletir a luz sobre o papel, ajudando os olhos com deficiência de Joyce. “Finnegans Wake” foi escrito assim, com um grande lápis azul. Joyce não usava máquina de escrever porque favorecia a qualidade da escrita em detrimento da velocidade. Ele chegava a passar um dia todo trabalhando para formular apenas duas frases. Joyce dizia: “Eu já tenho as palavras. O que eu estou procurando é a perfeita ordem das palavras em uma frase”.

8. Bobby Fischer (1943-2008)

O jogador de xadrez americano Bobby Fischer cativou sua geração, tornando-se o mais jovem Grande Mestre aos 14 anos. Ele acabou com o domínio soviético do jogo ao vencer o Campeonato Mundial de Xadrez em 1972 contra Boris Spassky. Sempre paranoico sobre “trapaças soviéticas”, dizem que ele mandou remover obturações de seus dentes para evitar que os russos transmitissem mensagens secretas.

O comportamento estranho de Fischer mostrou-se ao mundo todo neste campeonato. Ele reclamava constantemente da sua cadeira, iluminação e câmeras de TV. A disputa sobre as câmeras e o cronômetro de jogo fez Fischer recusar-se a jogar o segundo jogo. Esta não foi a primeira vez que a petulância de Fischer custou-lhe uma vitória. Em sua partida contra Samuel Reshevsky, o jogo foi reiniciado na manhã seguinte porque Reshevsky era judeu ortodoxo, e não jogava no sábado. Alegando que não jogava de manhã, Fischer abandonou a partida. Ironicamente, o próprio Fischer mais tarde passou a abdicar-se de jogos aos sábados, o que resultou em sua saída de um torneio de 1967, mesmo estando na liderança.

Quando ganhou o campeonato, Fischer imediatamente deu 90 mil dólares (mais de R$ 180 mil) do prêmio para a Igreja Mundial de Deus, um culto baseado em Pasadena (EUA) que ele havia se juntado. Como o resto da igreja, ele acreditava nas previsões de seu líder, Herbert W. Armstrong, de que Jesus voltaria em 1975, após uma guerra nuclear. Fischer morou em Pasadena durante os próximos anos e acabou preso por engano por roubar um banco, fato que o levou a escrever um panfleto intitulado “Fui torturado na cadeia de Pasadena”.

Em 1992, Fischer desafiou as sanções da ONU contra a Iugoslávia, jogando uma revanche lá contra Spassky. Acusado pelo governo dos EUA, Fischer passou seus anos restantes no exílio. Logo após os ataques de 11 de setembro de 2001, Fischer disse a partir das Filipinas: “Isso é uma notícia maravilhosa”.

7. Jack Kerouac (1922-1969)

 

Em 1951, o romancista e poeta americano Jack Kerouac, depois de acumular muitas anotações em seus diários, resolveu botar tudo para fora em uma explosão febril de criatividade, resultando em sua obra mais famosa, “Pé na Estrada”. Kerouac não queria parar para reposicionar a máquina de escrever em cada linha da página, com medo de que isso interrompesse seu fluxo criativo. Assim, ele escreveu em diversas páginas em branco juntas, em uma rolagem contínua, em um ritmo rápido. Muito previsivelmente, o seu editor, Robert Giroux, ficou chocado quando viu o manuscrito. “Jack, você sabe que temos que cortar isso”, disse. “Tem que ser editado”. Kerouac saiu da sala bravo. Somente seis anos depois o livro foi publicado. O original foi posteriormente exibido para multidões na cidade natal de Kerouac, Lowell, em Massachusetts.

6. Victor Hugo (1802-1885)

Enquanto Demóstenes superou as distrações cortando metade de seu cabelo, o renomado romancista francês Victor Hugo abandonou suas roupas. O autor de clássicos como “Os Miseráveis” arquitetou esse plano infalível para obrigar-se a cumprir o prazo de entrega (fevereiro de 1831) da obra “O Corcunda de Notre Dame”. Hugo ordenou que seus servos levassem todas as suas roupas formais e não lhe dessem nenhuma até que ele terminasse o romance. Em seguida, trancou-se em seu quarto.

Vale notar que a história de que ele escreveu completamente nu é um mito. Hugo usava um grande xale cinza que ele havia comprado especialmente para a ocasião. Ia até os dedos dos pés e foi seu único vestuário durante sua prisão autoimposta. A técnica funcionou, e Victor Hugo foi capaz de terminar o livro semanas antes do prazo.

5. Marcel Duchamp (1887-1968)

O francês surrealista Marcel Duchamp já tinha muitas inclinações estranhas como artista (por exemplo, a exibição de objetos cotidianos como arte, como um urinol que ele comprou). Mas em seus vinte e tantos anos, Duchamp passou por uma transformação. Em meio a uma carreira de sucesso, ele abandonou a arte para jogar xadrez. Para avaliar o impacto dessa atitude, é como se o Lula tivesse desistido da política antes de sua reeleição para a presidência para se tornar um estilista, por exemplo.

Duchamp ficou tão obcecado com xadrez que seus dias eram gastos em jogos intermináveis, ou estudando sem parar problemas do jogo. Seus amigos ficaram chocados. O próprio Duchamp afirmou que nada mais lhe interessava. Em Paris, quando ele não estava jogando contra um adversário, trabalhava em problemas de xadrez durante toda a noite, fazendo uma pequena pausa à meia-noite para ovos mexidos no Café Dome, e depois voltando para o seu quarto para estudar novamente até cerca de quatro horas da manhã. “Tudo ao meu redor toma a forma do cavalo ou da rainha”, disse Duchamp, “e o mundo exterior não tem outro interesse para mim que não seja a sua transformação em posições vitoriosas ou perdedoras”. Mesmo o casamento com a jovem herdeira Lydia Sarazin-Lavassor não distraiu o ex-artista. Em sua lua de mel, ele não fez nada durante toda a semana a não ser estudar problemas de xadrez. A esposa negligenciada colou todas as peças de xadrez ao tabuleiro, em um ato de vingança. Três meses depois, ela e Marcel se divorciaram.

4. Salvador Dalí (1904-1989)


O pintor surrealista espanhol Salvador Dalí é famoso por ter ostentado sua personalidade excêntrica para todo o mundo. Mesmo quando ainda era estudante em Madrid, ele chamava a atenção para si mesmo deixando o cabelo comprido, usando meias e calções esportivos, etc. Mais tarde na vida, a assinatura do pintor se tornaria seu bigode ultrajantemente longo, encerado, e apontado para cima. Conforme ele explicou: “Como eu não fumo, decidi deixar crescer o bigode. É melhor para a saúde. No entanto, eu sempre carregava uma caixa de cigarro cravejada de pedras preciosas, na qual, em vez de tabaco, foram cuidadosamente colocados vários bigodes, estilo Adolphe Menjou. Eu os oferecia educadamente para os meus amigos: ‘Bigode? Bigode? Bigode?’. Ninguém se atreveu a tocá-los. Este foi o meu teste em relação ao aspecto sagrado de bigodes”.

Às vezes, Dalí andava com um pequeno sino de prata, que ele tocava para chamar a atenção das pessoas para seu bigode. Junto com esse glorioso ícone, Dalí apareceu muitas vezes em público com uma capa – ainda mundana em comparação com sua aparência em um baile realizado em sua honra. Nele, Dalí usou uma caixa de vidro com um sutiã por cima. Ele participou de um outro evento, a Exposição Surrealista Internacional de Londres, em um traje de mergulho carregando um taco de bilhar e acompanhado por dois cães galgos. Dali disse que seu traje era uma forma de mostrar que ele estava “mergulhando nas profundezas” da mente humana.

Sua excentricidade também transbordou para a televisão. Dalí dava entrevistas referindo-se a si mesmo na terceira pessoa, como durante uma conversa com Mike Wallace em “60 minutes”. Questionado sobre quais pintores contemporâneos ele mais admirava, ele disse: “Em primeiro lugar, Dalí. Depois de Dalí, Picasso. Depois disso, nenhum outro”.

3. Henry Cavendish (1731-1810)

O químico e físico inglês Henry Cavendish descobriu o hidrogênio, descreveu a composição da água e mediu com precisão a densidade da Terra. Ele também foi descrito como alguém que sofria de timidez em um grau “beirando a doença”. Ele era tão extremamente introvertido que preferia creditar suas observações a outros cientistas do que publicá-las ele mesmo. Cavendish ficava tão desconfortável em torno de pessoas que literalmente fugia quando alguém o abordava ou cumprimentava. Durante os jantares na Sociedade Real, que eram as únicas funções sociais das quais Cavendish participava, os convidados eram aconselhados a não se aproximar ou até mesmo olhar para ele, em deferência à sua timidez.

Companhia feminina em particular lhe causava “sofrimento extremo”. Sem surpresa, ele nunca se casou. Teve apenas uma empregada para manter sua casa, com a qual ele não gostava de ter qualquer contato. Todas as suas comunicações tomavam a forma de notas escritas. Para reduzir ainda mais as chances de se encontrar com outros membros da espécie humana, Cavendish construiu escadarias secretas em sua casa para não ter que usar corredores e outros espaços comuns de sua moradia.

2. Alexander Graham Bell (1847-1922)


Quer ele tenha ou não inventado o telefone, o nascido escocês Alexander Graham Bell ainda era um gênio de muitas maneiras. O telefone foi realmente o ponto culminante de sua experimentação com diferentes dispositivos, todos os quais Bell estudou para ajudar sua mãe e esposa, que eram ambas surdas.

Desde criança, o avô de Bell o tinha impressionado com seu discurso da importância da fala como uma característica definidora dos seres humanos. Bell ficou particularmente intrigado com um autômato capaz de falar, que seu avô lhe mostrou. A máquina conseguia dizer um distinto “Mama”. Logo, o estudioso pensou que, se sons vocálicos podiam ser produzidos por meios elétricos, consoantes e a fala articulada também poderiam. Bell tentou replicar o funcionamento do autômato em uma cobaia viva, seu cão. Primeiro, ele ensinou o animal a rosnar continuamente. Em seguida, passou a manipular manualmente os seus lábios e cordas vocais. Este método produziu sons crus, que encantavam os convidados da família. Bell finalmente conseguiu que seu cão “falasse”, perguntando: “Ow ah oo ga ma ma”, que as mentes suficientemente imaginativas poderiam interpretar como: “How are you, grandmama?”, ou, em português, “Como você está, vovó?”.

1. Richard Wagner (1813-1883)


O compositor alemão Richard Wagner, famoso no mundo da ópera, fez contribuições revolucionárias para o desenvolvimento da harmonia e do drama musical. Sua obra mais imponente foi “Der Ring des Nibelungen” (“O Anel de Nibelungo”), um remake épico da mitologia germânica em quatro óperas monumentais.

Wagner apreciava a tranquilidade doméstica na companhia de seus cães, que eram seu orgulho e alegria. Dois deles, Russ e Koss, o acompanhavam em caminhadas diárias. Russ acabou sendo enterrado aos pés de Wagner em seu túmulo. Mas seu cachorro mais amado foi, talvez, um cavalier king charles spaniel chamado Pep. Pep respondia naturalmente a mudança do tom de seu mestre com saltos ou latidos, mas Wagner descobriu algo mais – que Pep era sensível ao tom emocional da música. Wagner notou que o cão respondia diferentemente a certas melodias e frases musicais. Por exemplo, certas passagens em Mi bemol provocavam calma em Pep, enquanto Mi maior o levava a levantar-se em excitação.

Através das reações consistentes de Pep, Wagner associou teclas musicais específicas a determinados estados de espírito e emoções. Assim, redigiu suas próximas duas óperas, Tannhauser e Lohengrin, em coautoria com Pep. O cão tinha seu próprio banquinho ao lado do piano de Wagner, e sempre que o compositor tinha dificuldade com uma passagem, olhava a reação de Pep e reescrevia a peça de acordo com as instruções do cão. Assim, Wagner foi capaz de alcançar o efeito, em Tannhauser, de transmitir o clima do amor santo e da salvação, bem como do amor sensual e da devassidão. Em Lohengrin, caráteres individuais foram associados, com a ajuda de Pep, não só a determinadas teclas musicais, mas também a instrumentos e temas musicais específicos.

Fonte: http://listverse.com/

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