Em muitos animais, o cérebro está localizado em uma estrutura
específica, como a cabeça, juntamente com os órgãos sensoriais. Muitas
vezes, também está em conjunto com a boca.
No
entanto, há animais mais primitivos que têm um sistema nervoso, mas
nenhum cérebro, como anêmonas e corais. Será que esse sistema nervoso
fica em uma extremidade que seria considerada a “cabeça” de animais
superiores?
Em um novo estudo da Universidade de Viena (Áustria), a anêmona-do-mar (Nematostella vectensis) foi usada para descobrir se uma das suas extremidades correspondia à cabeça de animais superiores.
Para tanto, pesquisadores estudaram a função dos genes que controlam o
desenvolvimento da cabeça nos animais superiores durante o
desenvolvimento embrionário da anêmona-do-mar.
“Apesar
de terem aparências completamente diferentes, nas últimas décadas
tornou-se claro que todos os animais têm um repertório semelhante de
genes, incluindo aqueles exigidos para desenvolver a cabeça em animais
superiores”, disse um dos autores do estudo, Ulrich Technau da
Universidade de Viena.
Quando
anêmonas-do-mar estão em fase larval, elas nadam e procuram um local
adequado para assentar-se e metamorfosear-se em um pólipo. Durante esta
metamorfose, é a extremidade dianteira da larva que detecta o meio
ambiente e se liga a terra, enquanto a outra extremidade se transforma
no lado oral dos animais, com boca e tentáculos.
Contrária
à expectativa dos cientistas, eles descobriram que esse lado anterior,
da boca da larva da anêmona, é governado por uma hierarquia de genes
controlada pelo gene principal Six3/6. Notavelmente, este gene, assim
como seus genes dependentes, também desempenha um papel crucial na
formação do cérebro de moscas, peixes e homens.
Por
conseguinte, nesse animal, a função dos genes da “cabeça” está
localizada na extremidade que corresponde ao “pé” dos animais adultos.
Como o final anterior da larva carrega seu órgão de sentido principal,
nesta fase, parece que essa pode ser a sua cabeça. Os “genes da cabeça”
funcionam neste lado dos animais, mas não são (ainda) usados para formar
um cérebro completo.
“Com base na aparência dos animais adultos, a extremidade anterior
destes animais [anêmonas-do-mar] tem sido tradicionalmente chamada de pé
e a extremidade superior de cabeça, ao passo que, de fato, está
basicamente virada de cabeça para baixo”, explica Technau. “Ou nós
estamos…”.
Anêmonas-do-mar
e todos os animais superiores, incluindo seres humanos, compartilham um
ancestral comum sem cérebro, que viveu entre 600 e 700 milhões de anos
atrás. Ao revelar a função dos “genes da cabeça” em Nematostella,
os pesquisadores acreditam que compreendem melhor como e de onde a
cabeça e o cérebro de animais superiores evoluíram: definitivamente, a
rede de genes que formou um centro sensorial evoluiu nesse ancestral
comum.
Fonte: http://www.science20.com/
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