Mesmo entre os estudiosos da física quântica, a Interpretação dos Múltiplos Mundos (ou, como também é conhecida, “Teoria dos Universos Paralelos“)
tem poucos defensores (18% dos participantes de uma enquete recente
feita pela Universidade de Viena, Áustria). Contudo, ela não deixou de
intrigar centenas de pesquisadores desde sua publicação, em 1957.
Mundo quântico
De acordo com os princípios da mecânica quântica, a matéria em nível
molecular se comporta de maneira “curiosa” (pelo menos em comparação com
os modelos da física clássica): não é possível ter certeza sobre a
posição de uma partícula no espaço, e o mero ato de observá-la interfere
em seu comportamento. Nessa escala, o universo é imprevisível.
Na década de 1950, o estudante de física Hugh Everett III entrou em
contato com a mecânica quântica, lendo a respeito de cientistas como
Niels Bohr, Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger. Anos mais tarde,
publicou sua tese de doutorado, “Quantum Mechanics by the Method of the
Universal Wave Function” (“Mecânica Quântica pelo Método da Função de
Onda Universal”), na qual defendeu, basicamente, que os princípios da
mecânica quântica não afetam a matéria apenas em nível molecular, mas em
escala macroscópica também.
Para ele, não se podia separar essas duas realidades, já que um universo ordenado não poderia conter elementos indeterminados.
O Postulado de Everett
De acordo com os princípios da mecânica quântica, o ato de observar
um objeto quântico faz com que ele deixe o estado de incerteza e passe a
existir em um único ponto – como ocorre no famoso caso do gato de Schrödinger.
Everett defendia que isso ocorria em nível macro e, ainda, que a
observação não fazia com que as outras possibilidades deixassem de
existir: elas ocorreriam, mas em realidades alternativas.
O universo, nesse caso, seria composto por intermináveis linhas do
tempo em que “todas as possibilidades” ocorreriam de alguma maneira –
contanto que não contrariassem as leis da física. Como estaríamos
“isolados” em uma dessas linhas, teríamos a impressão de que apenas ela
existe.
Objeções
A interpretação de Everett não foi bem recebida por seus colegas (e
nem pelo público em geral), e ele acabou largando a pesquisa em física e
se tornando consultor.
Uma das principais objeções é a de que viola o princípio da
conservação da energia (de onde viria a energia necessária para que os
infinitos “mundos” existissem?). Além disso, seus parâmetros foram
considerados muito vagos, e a teoria daria margem a conclusões absurdas –
a cada vez em que você faz uma aposta, pelo menos uma “versão” sua vai
ganhar, por exemplo.
Outro questionamentos são: o surgimento de novas linhas inclui
mudanças intelectuais e emocionais? Existe uma linha em que Richard
Dawkins é religioso e o papa é ateu? Existe uma linha em que o técnico
do Corinthians é torcedor fanático do Palmeiras?
O principal problema é que a interpretação de Everett não pode, a
princípio, ser testada, uma vez que as diversas realidades estariam
isoladas umas das outras.
Fontes: http://io9.com/
http://arxiv.org/abs/
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