Pela primeira vez, astrônomos observam uma galáxia durante sua agonia
cósmica final. A galáxia anã, chamada de IC 3418, fica perto da Via
Láctea e parece estar perdendo seu gás e expulsando bolas de fogo pelo
universo.
A “morte” da galáxia não é o seu fim, no entanto. Segundo os
pesquisadores, ela parece estar se movendo de uma fase da evolução de
galáxias para outra.
“Achamos que estamos testemunhando uma fase crítica na transformação
de galáxia anã irregular rica em gás a uma galáxia anã elíptica pobre em
gás – o esgotamento de sua alma”, explica o principal autor do estudo,
Jeffrey Kenney, da Universidade Yale (EUA).
IC 3418 está localizada a 54 milhões anos-luz de distância no
aglomerado de Virgem, um grupo de cerca de 1.000 galáxias e o aglomerado
mais próximo da Via Láctea entre o Grupo Local de Galáxias.
Os cientistas pensam que a IC 3418 parou de fazer novas estrelas
cerca de 200 a 300 milhões de anos atrás, tornando-se efetivamente
infértil.
“Estrelas, planetas e vida só podem se formar se uma galáxia tem gás
para criá-los”, conta Kenney. No entanto, o gás dentro de IC 3418 está
sendo forçado para fora da galáxia pela pressão de outras galáxias no
aglomerado.
Já a “cauda” de bolas de fogo da galáxia ainda mostra sinais de
formação de novas estrelas. Essas bolhas brilhantes de gás iluminadas
por estrelas provavelmente foram formadas nos últimos milhões de anos.
IC3418 provavelmente está passando por um processo conhecido como
“pressão de arraste”, quando uma galáxia é despojada de seus gases por
“ventos” que são mais poderosos do que sua força gravitacional.
“Se você segurar pipoca e grãos de milho não estourados em sua mão e
colocá-los para fora da janela do carro enquanto você dirige, o vento
causado pelo movimento do carro vai soprar a pipoca, mas deixar os grãos
não estourados, mais densos, na sua mão”, afirma Kenney. “Isto é igual
às nuvens de gás sendo sopradas para fora da galáxia pelo vento do
aglomerado, enquanto as estrelas mais densas ficam para trás”.
De acordo com esse processo de pressão de arraste, enquanto as
estrelas existentes permanecem intactas, o gás interior da galáxia é
varrido, e essa é a chave de sua “morte”: uma galáxia desprovida de
gases é uma galáxia que está, efetivamente, morta, já que não pode
formar mais corpos celestes.
O estudo é muito importante, porque observar esta galáxia elíptica
anã – uma subespécie do tipo mais comum de galáxias no universo –
poderia dar aos astrônomos uma ideia melhor de como elas evoluem. “É
gratificante encontrar um exemplo claro de um processo importante na
evolução da galáxia”, diz Kenney.
O trabalho dos cientistas, com base em imageamento óptico e
espectroscopia (dos telescópios WIYN no Arizona, e Keck, no Havaí, ambos
nos EUA), evidencia pela primeira vez que uma galáxia está enfrentando
pressão de arraste – ou seja, mostra ineditamente um caso explícito de
uma galáxia próxima da morte.
Fontes: http://www.livescience.com/
http://www.theatlantic.com/technology/
http://newswatch.nationalgeographic.com/
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