quarta-feira, 25 de maio de 2011

Hubble encontra estrelas raras 'Nômades Azuis' no centro da Via Láctea

Tradução: João Alexandre
Revisão: Antônio Carlos de Oliveira


                 Credit: NASA, ESA, W. Clarkson (Indiana University and UCLA), and K. Sahu (STScl) 

O telescópio espacial Hubble encontrou uma classe rara de estrelas excêntricas chamadas 'Nômades Azuis', tradução livre, no centro da nossa Via Láctea, as primeiras detectadas no bojo da nossa galáxia.

'Nômades Azuis' são assim chamadas porque aparentemente ocorrem atrasos ​​no processo de envelhecimento, parecendo mais jovem do que na população da qual se formaram. Embora tenham sido detectados em muitos aglomerados de estrelas distantes, e entre as estrelas próximas, eles nunca foram vistos no interior do núcleo da nossa galáxia.

Não está claro como são formados as 'Nômades Azuis'. Uma teoria comum é que eles surgem a partir de pares binários. Como a estrela mais massiva evolui e se expande, a estrela menor ganha material do seu companheiro. Isso atiça o combustível de hidrogênio e faz com que a estrela crescente submeta-se a uma fusão nuclear a um ritmo mais rápido. Ela queima mais quente e mais azul, como uma estrela massiva jovem.

Os resultados apóiam a idéia de que o bojo central da Via Láctea, deixou de fazer estrelas
bilhões de anos atrás. Ele agora é o lar de envelhecimento de estrelas como o sol - anãs vermelhas. Estrelas gigantes azuis que lá viviam há muito que explodiram como supernovas.

Os resultados foram aceitos para publicação na próxima edição do Astrophysical Journal. O principal autor Will Clarkson da Universidade de Bloomington em Indiana, irá discuti-los hoje(25) na reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Boston.

"Embora o bojo da Via Láctea é, de longe o bojo da galáxia mais próxima, vários aspectos fundamentais de sua formação e evolução subsequente permanecem pouco compreendidos", disse Clarkson. "Muitos detalhes de sua história de formação estelar permanecem controversos. A extensão da população das 'Nômades Azuis' detectadas,  oferecem duas novas restrições para os modelos da história da formação estelar do bojo."

A descoberta seguiu um estudo de sete dias, em 2006, chamado de Sagittarius Window Eclipsing Extrasolar Planet Search (SWEEPS). O Hubble olhou para 180.000 estrelas no aglomerado central da nossa galáxia, há 26.000 anos-luz de distância. A pesquisa foi destinado para encontrar planetas da classe de Júpiter, quentes e que orbitam muito perto de suas estrelas. Ao fazer isso, a equipe SWEEPS também descobriu 42 estrelas
excêntricas azuis, com brilho e temperaturas típicas de estrelas muito mais jovens do que as estrelas habituais do bojo.

As observações indicam claramente que, se há uma população jovem estrela no bojo, ela é muito pequena. Isso não foi detectado no programa SWEEPS. Suspeita-se há muito tempo que as estrelas
'Nômades Azuis' estejam "vivendo" no bojo, mas não tinham sido ainda observadas porque as estrelas mais  "jovens", no disco da  galaxia, estão situadas  na linha de visão até o nucleo, confundindo e contaminando o quadro.

Os astrônomos usaram o Hubble para distinguir o movimento da população do núcleo de estrelas de primeiro plano da Via Láctea. O bojo das estrelas orbitam o centro galáctico a uma velocidade diferente do que as estrelas de primeiro plano. Traçando seu movimento necessário para retornar para a região do objetivo do SWEEPS com o Hubble, dois anos após que as primeiras observações foram feitas. As 'Nômades Azuis' foram identificadas como se movendo junto com as outras estrelas no bojo.

"O tamanho do campo de visão do céu é mais ou menos do que a espessura de uma unha humana, e dentro desta região, o Hubble vê cerca de um quarto de milhão de estrelas na direção do bojo", disse Clarkson. "Somente a excelente qualidade de imagem e estabilidade do Hubble permitiu fazer essa medição em um campo tão cheio."

Dos 42 candidatos a 'Nômades Azuis', os investigadores estimam que de 18 a 37, provavelmente são verdadeiras. O restante pode ser uma mistura de objetos em primeiro plano e, no máximo, uma pequena população de estrelas genuinamente jovens.

"O programa SWEEPS foi desenhado para detectar planetas em trânsito através de pequenas variações de luz", disse Kailash Sahu, principal pesquisador do programa. "Portanto, o programa pode facilmente detectar a variabilidade dos pares binários, o que foi crucial para confirmar se estes são, na verdade 'Nômades Azuis'."

O Hubble é um projeto de cooperação internacional entre a NASA e a Agência Espacial Europeia. NASA's Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Maryland, que gerencia o telescópio. O Space Telescope Science Institute (STScI) conduz operações científicas do Hubble. O STScI é operado para a NASA pela Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia, em Washington.

Cheryl Gundy, STSCI

Fonte: http://www.nasa.gov/mission_pages/hubble/

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