Físicos encontraram uma partícula ultrarrara no seu famoso ato de “reaparecer”.
Pela terceira vez, os cientistas detectaram partículas elementares
chamadas neutrinos no ato de mudar de um tipo, chamado de múon, para
outro, chamado tau, durante uma viagem de quilômetros entre dois
laboratórios.
“Isso prova que os neutrinos são uma espécie de Super-Homem: eles
entram em uma cabine de telefone em algum lugar e se transformam em
outra coisa”, brincou Pauline Gagnon, física de partículas da
Universidade de Indiana (EUA).
A nova descoberta reforça a teoria de que os neutrinos oscilam de um
tipo para outro, e é por isso que os físicos detectam menos dessas
partículas provenientes do sol do que o previsto.
Neutrinos e seus tipos ou “sabores”
Partícula elementar da matéria, o neutrino é incrivelmente difícil de
detectar, por mais que sua presença seja muito maior no universo do que
quaisquer dos constituintes do átomo. Isso porque é desprovido de carga
elétrica, o que lhe permite atravessar paredes.
Os neutrinos vêm do sol. A reação nuclear que alimenta o nosso astro
também produz um enorme número dessas partículas minúsculas e não
carregadas, que atingem a Terra e passam praticamente despercebidas
através da matéria comum.
“Cada centímetro quadrado de seu corpo é tocado a cada segundo por 60
bilhões de neutrinos do sol”, disse Antonio Ereditato, físico da
Universidade de Berna na Suíça e um dos autores do estudo.
Nas duas últimas décadas, no entanto, os cientistas detectaram menos neutrinos do sol do que seria esperado.
A explicação dominante para esta escassez de neutrino, proposta em
1957 pelo físico italiano Bruno Pontecorvo, é de que os neutrinos
oscilam entre três tipos ou “sabores”: elétron, múon e tau. Como
resultado, eles parecem desaparecer, porque os detectores tentam
medi-los em um tipo quando eles já oscilaram para outro.
Em estudos, pesquisadores já haviam pegado os neutrinos no ato de
desaparecer diversas vezes. Mas detectar os neutrinos conforme eles
reaparecem tem sido muito mais difícil – desde 2010, apenas dois
neutrinos do tipo tau foram identificados.
Para encontrar estes eventos raros, os físicos dispararam um feixe de
neutrinos múon do laboratório de física CERN, na Suíça, por 730
quilômetros através da crosta da Terra para o Laboratório de Gran Sasso,
enterrado debaixo de uma montanha na Itália.
Durante a viagem, uma fração muito pequena de neutrinos naturalmente
mudou de sabor, sendo que, quando chegaram ao laboratório, alguns foram
detectados transformando-se em uma partícula de sabor semelhante e em
seguida se deteriorando.
O recém-descoberto neutrino tau reforça a noção de que a descoberta de dois outros, em 2010 e 2012, foi real.
Esta detecção é estatisticamente muito forte: a chance de que os pesquisadores estão errados é de uma em um milhão.
E as descobertas podem fornecer pistas sobre as partículas misteriosas. “Neutrinos têm uma massa e medir essa massa é muito difícil, porque ela é extremamente pequena”, afirmou Gagnon.
Mas como essa massa determina a rapidez com que oscilam, e por sua
vez a frequência com que devem ser detectados, encontrar neutrinos tau
poderia ajudar os físicos a determinar a massa dessas partículas
elusivas.
Fonte: http://hypescience.com/
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