Os restos da supernova SN 1006, que explodiu
há 1 mil anos. Segundo estudo, uma supernova 4D pode ter dado origem ao
nosso universo
Foto: ESO / Divulgação
No início, tudo era uno, pequeno e muito denso. Após um
evento cósmico, ocorrido há 13 bilhões de anos, essa energia concentrada
começou a se expandir rapidamente, dando origem ao universo como o
conhecemos hoje. Essa teoria da criação do universo, chamada de Big
Bang, costuma ser bem aceita no meio acadêmico. Mas uma pesquisa
canadense, publicada em setembro, sugere um início diferente para a
história.
Cosmologistas do Instituto Perimeter de Física Teórica,
da Universidade de Waterloo, no Canadá, especularam que nosso universo
pode ter se formado a partir da explosão de uma estrela de quatro
dimensões espaciais (4D), originando um buraco negro. Após essa
supernova, os restos de matéria podem ter formado uma membrana em 3D,
que está em constante expansão – ou seja, o nosso universo.
Em um primeiro momento, pode-se pensar que a grande
novidade seria a possibilidade de nosso universo ser apenas uma pequena
camada de algo muito maior. Mas, até aí, não há nada que confronte o Big
Bang, que apenas explica a expansão do universo, e não o que há antes e
além dele. O ponto central é a origem dessa expansão. Enquanto a nova
teoria defende que o início foi a explosão da estrela 4D, a teoria que
conhecemos hoje diz que tudo começou a partir de um ponto infinitamente
denso – o conceito de singularidade – que começou a se expandir.
Segundo o astrofísico Niayesh Afshordi, do Instituto
Perimeter de Física Teórica, o ponto de partida da pesquisa não foi a
supernova, mas sim a possibilidade de pertencermos a uma fatia de um
universo 4D, como propunha um trabalho publicado em 2000 por físicos da
Universidade Ludwig Maximilians, de Munique. “A origem da pesquisa foi
verificar se a ideia de vivermos em uma membrana de uma dimensão maior
poderia lançar luz à natureza do Big Bang”, explica. A partir daí,
chegou-se a um novo cenário. “Começamos com a hipótese de que nosso
universo é uma membrana 3D em volta de um buraco negro 4D, mas fomos
levados à possibilidade de que essa membrana tenha emergido a partir do
colapso de uma estrela 4D, como uma supernova”.
Assim como em um universo 3D existem objetos
bidimensionais, no horizonte de eventos de um buraco negro 4D pode haver
objetos tridimensionais – hiperesferas. Tendo em vista isso, a equipe
de Afshordi se deu conta de que esse buraco negro poderia se originar a
partir da explosão de uma estrela 4D. O passo seguinte foi simular esse
colapso, e o resultado foi que o material ejetado formou a membrana 3D
na qual supostamente vivemos. A membrana é um conceito da Teoria-M – que
foi pensada a partir da Teoria das Cordas –, na qual o universo possui
11 dimensões - não apenas as quatro que conhecemos -, e tudo é formado
por membranas.
Além de ter realmente lançado luz à gênese do universo
em expansão, como a ideia que motivou o estudo propunha, a teoria de
Afshordi e seus colegas também pode ajudar a responder outra questão
controversa do Big Bang. Hoje, nosso universo tem uma temperatura
relativamente uniforme, o que alguns cientistas consideram
contraditório, considerando que ele começou a partir de uma caótica
explosão. Segundo eles, não teria havido tempo suficiente para que todas
as partes desse universo tivessem equilibrado suas temperaturas.
A maioria dos cosmologistas defende que essa expansão
não começou a partir de uma grande explosão, e sim de uma desconhecida
forma de energia que fez com que a matéria, densa e homogênea, inflasse
em uma velocidade superior à da luz. Sendo o universo uma membrana
surgida a partir de uma estrela 4D, de acordo com Afshordi, dela foi
herdada a condição homogênea. “A temperatura uniforme poderia existir
porque a estrela, antes do colapso, teve um longo tempo para alcançar o
equilíbrio”, pontua.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/espaco
Colaboração: Antonio Carlos Oliveira
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