Esta cena aconteceu em algum lugar da Inglaterra: uma menina,
adolescente, está na cozinha usando uma torradeira pela primeira vez.
Ela pega as fatias de pão, olha indecisa para a torradeira por alguns
momentos, e pergunta ao pai: “É para colocar a fatia em retrato ou
paisagem”? Esta história, descrita por uma jornalista britânica, mostra
certo grau de influência da rotina computadorizada na vida das pessoas.
Esta jornalista, Susan Greenfield, sustenta a tese da
“adaptabilidade” dos computadores. Segundo ela, quando passamos muito
tempo em frente ao monitor, nossas ações vão se adaptando gradualmente
ao modo de vida computadorizado. Até chegar ao ponto, por exemplo, de
imaginar que a torradeira funciona como uma impressora.
Susan defende que nosso cérebro é altamente suscetível. Ela explica
que a tecnologia, depois de tanta evolução, ganhou um status de
capacidade e indispensabilidade, que inverte uma ordem básica. O usuário
da tecnologia não se sente mais dominador dos meios que usa. Ao invés
disso, se deixa conduzir pelos computadores, depositam sua confiança
nele quanto à resolução de problemas. E isso tira parte de nossa
autonomia em outros fatores da vida.
Os efeitos mais nocivos dessa transformação, de acordo com Susan, são
verificados em crianças. Ela cita um estudo da Universidade Xidian, na
China, que aponta a chance de haver danos cerebrais notáveis em jovens
que se tornam viciados em internet. Um único estudo, como explica a
jornalista, não é suficiente para provar nada, mas ela pede que
cientistas ampliem sua atenção para esse problema.
Mudanças de hábito, no entanto, são necessidades que Susan enxerga
como urgentes. Não se pode, segundo ela, esperar 10 ou 20 anos para
saber se as crianças viciadas em computador hoje terão realmente algum
prejuízo psiquiátrico. Há estudos, nos EUA, para mostrar que a vida em
frente ao monitor distorce a empatia e as habilidades sociais do
adolescente.
Para ilustrar isso, Susan cita um caso horripilante. Recentemente, na
Inglaterra, um jovem de 16 anos matou sua namorada, uma menina de 15,
batendo nela com um pedaço de pedra. Tudo porque fez uma aposta com um
amigo que prometeu pagar um café da manhã se ele matasse a garota.
Depois de matar, o rapaz entrou no Facebook e escreveu que estava
“relaxando” com os amigos.
A mãe da menina, depois da tragédia, contou que o namorado da filha
já estava dando sinais de que pretendia matar a garota através do MSN
Messenger, onde ele e os amigos combinaram a aposta da refeição por um
assassinato. Segundo ela, o adolescente tratou tudo como se fosse um
jogo eletrônico de computador. Ele agora foi condenado à prisão
perpétua, mas teve tempo de usar o Facebook mais uma vez para dizer que
será solto assim como Amanda Knox (americana que protagonizou um
assassinato em 2007 e hoje está livre).
Diante desse panorama, Susan enxerga necessidade de medidas urgentes
na relação entre jovens e computadores. Segundo ela, a ideia de que os
jovens transferem sua vida virtual para a vida real (desde uma
torradeira até um assassinato) não é uma possibilidade, mas um fato.
Combater o problema, de acordo com a jornalista, requer medidas
drásticas de controle sobre o uso de computadores.
Fonte: http://hypescience.com/
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