O continente da Antártida, que se expande por 14 milhões de
quilômetros quadrados cobertos de gelo no Pólo Sul, ainda esconde
mistérios fascinantes. Na história, poucos achados intrigaram tanto os
geógrafos quanto a Cordilheira subglacial de Gamburtsev, situada abaixo
da superfície de gelo.
Descoberta por exploradores soviéticos nos anos 1950, a Cordilheira
de Gamburtsev é exatamente isso: uma cadeia de gigantescas montanhas que
se estende por um comprimento de 800 quilômetros, o que a torna
comparável aos Alpes, na Europa. Não se pode vê-la, na Antártida, porque
está soterrada por uma camada de 4 mil metros de neve.
Ao observar todo o gelo que há na superfície, nem todo mundo
lembra-se disso, mas a Antártida é uma área primariamente feita de terra
firme. E a riqueza geológica desse continente chamou a atenção de um
grupo internacional de pesquisadores, que decidiram mapear exatamente o
relevo que há por baixo de tanta neve.
Munidos de potentes radares cujo sinal penetra no gelo, os cientistas
puderam mapear exatamente qual o desenho geográfico do chamado
“continente branco”. E o resultado, que aparece ilustrado por computação
gráfica, é uma maciça sequência de montanhas, lagos e geleiras, muito
mais complexas do que se imaginava.
Essa complexidade, segundo os cientistas, tem muito a contar sobre a
história geológica da Terra. Essa narrativa começa há cerca de 1,1
bilhão de anos, quando grandes porções de terra do planeta se uniram
para formar um ex-supercontinente, chamado Rodínia. O que aconteceu a
seguir foi uma série de dobramentos geológicos, nos quais o pico das
montanhas erodia, mas a base das cordilheiras permanecia firme.
Esse processo se repetiu ainda algumas vezes. A cada novo dobramento,
o ponto mais alto da Antártida (que hoje é a Cordilheira de Gamburtsev)
ia ficando um pouco mais elevado. A configuração atual, que teria sido
originada há cerca de apenas 35 milhões de anos, surgiu com a criação de
geleiras, que soterraram paulatinamente a cadeia de montanhas nascida
ali.
Esse foi o grande mistério solucionado: até antes dessa pesquisa, não
se sabia o motivo de haver montanhas “jovens” instaladas no coração da
Antártida. Isso ainda está apenas no campo da teoria, mas as
providências para comprová-la já foram tomadas: os cientistas planejam
um projeto para retirar amostras de rocha de Gamburtsev.
Um mapeamento mais detalhado da região, conforme explicam os
pesquisadores, pode fornecer respostas geológicas que a ciência ainda
desconhece. Para obter essas informações, um batalhão de cientistas está
instalado em Gamburtsev, equipado com o melhor que a tecnologia tem a
oferecer.
Fonte: http://hypescience.com/
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